198 ANOS DO NASCIMENTO DE BAUDELAIRE A 9 DE ABRIL DE 1821
“Je suis comme le roi d´un pays pluvieux, Riche, mais impuissant, jeune et pourtant très vieux”
Ampliou-se há 198 anos em Paris na rue Hautefeuille, 13,
Rutilâncias em breves liceus,
Em vidas dissolutas, nos absurdos de ameaças sangue, sonhos em borboleta, inegável a estadia dos deuses,
Em 1839 amou em para-brisas Jeanne Duval, de vícios contados e maturados, Continuar a ler “A POESIA DE Cecília Barreira”
Queria voar.
Poeira, persianas, vassoura de palha, vôos razantes pela casa,
cabelos de palha e vento, vassoura no canto da sala calada, varrida.
Quatro panelas no fogo, boiando no espaço
cansaço.
Quatro panos de prato, quatro panelas que amofinam
quatro panos pra lavar.
Queria voar.
Aunque no sienta tu amor
y tus lágrimas se sequen
en mi ineludible olvido,
con el aflojo de una flor
que recién arrancada desconoce
su fatal sino, moriría si así averiguara
cuánto me has querido. Continuar a ler “VERSOS IBÉRICOS de Juan Carlos García Hoyuelos”
rios de água cadente enclausuram olhares provocadores
… …
tempestades a coberto de ousadias
… …
filmes absurdos de diálogos silenciados
pelo sino da memória cansada
… …
desafios gotejantes emolduram
discursos correntes sem novidades
… …
a matemática prossegue a sua análise do ontem
depois do fracasso de amanhã ter esquecido o hoje Continuar a ler “POEMAS DE José Luís Outono”
Vou-me vestindo de palavras.
Palavras à solta,
De rédeas curtas.
Recuso as esporas, as farpas,
Os trajes de luzes e os ferretes.
Leio-me nos versos soltos, sem edição,
Sem filtros ou construção.
Não conheço regras, nem métricas.
Vou-me despindo com palavras,
Em possíveis poemas
Na dobra da onda
que sacode a praia
trazendo avalanche
de água e de sal;
ali pesco o sonho
de vida sereia,
castelo na areia,
o mar meu quintal.
Na sombra forjada
do olho cerrado
chamando a visita
do Lorde Morfeus;
ali teço sonhos
de vida sonhada,
à qual pago nada,
e crio outros eus.
Desperto, acordado,
vigiando ou sonado,
atraio os dormires
à vida vivida
e tenho então sempre
um sonho pescado
andando ao meu lado:
união dividida.
♦♦♦
Marcos Fernando Kirst é jornalista e escritor, residente na cidade de Caxias do Sul (RS). É colunista do jornal “Pioneiro”, onde publica crônicas semanais literárias. Foi Patrono da Feira do Livro de Caxias do Sul em 2010. Em 2011, ganhou o Concurso Anual Literário Municipal de Caxias do Sul com a obra poética “Em Silêncios”. Integra a Academia Caxiense de Letras desde 2012, onde ocupa a cadeira número 11. Ganhador do Prêmio Açorianos de Criação Literária 2014 com a novela “A Sombra de Clara”, também laureada com o Prêmio Vivita Cartier, em Caxias do Sul, em 2016. Já lançou 21 livros.
Encerrado sem céu na métrica do tecto. Sinto-me na cadeira. Quem inventou as paredes achou o mundo demasiado grande. Há solenidade no gesto de fechar uma janela, traindo as luzes, traduzindo a poeira. Na sala humedece-se a tarde, nada mexe, e a música no aparelho é surda. Continuar a ler “3 PROSOPOEMAS de Bernardino Guimarães”
“Comment interroger ce qui nous échappe aussitôt?” Bernard Noel
A António Ramos Rosa
Toda a presença vence os limites do corpo
tudo está por dentro, por detrás de quem olha.
Minucioso trabalho o da construção do poema foi o
que me transmitiste, lâmpada que se acende ao ritmo
do corpo das mãos como asas num vislumbre
que queima. Lá onde estás, não me perguntes se
escrevo e se me invento. Continuar a ler “POEMAS DE – Gisela G. Ramos Rosa”
Procura submissa
Voz, sândalo e maresia.
Tu perguntas, eu respondo.
Nada sabes.
E guardas
Esse querer, não quero agora.
Feridas no ocaso
E poema Continuar a ler “POEMAS DE Lígia Casinhas”
Caminhei sobre tapetes, depois sobre o chão envernizado, em que quase andava em pontas e finalmente, o rebordo de pedra a dar para o jardim onde enterrei, logo, o pé direito na lama. Continuar a ler “ROMANCE – por Luís Bento”
Esta cidade existe num desejo que se encadeia
sobre a síntese dos lábios.
Nela mergulham o som exacto, a manhã,
o arco da noite navegante,
a luz sem fim.
Este tempo invernoso omite
claridades nos teus olhos vivos:
palavras que rebentam nas bolhas
que raiam dos anéis das íris.
Não precisas, pois, de suster
a respiração nesse augúrio:
a mensagem vem de Mercúrio,
segue já na corrente, a ver
as margens e o mar ao longe:
aguarelas ternas que flambam
o verbo calado, em suspenso,
sem vontade de se debruçar
da tua boca que consente
salitre nos lábios e bruma
do dia em que fomos navio
e vela, e mastro, e terra una.
Ao dizer que a criação deve brotar alheia a toda preocupação estética ou moral, André Breton (1896-1966) deixou ao sol a má interpretação que seus acólitos acabaram por ver no Surrealismo uma ausência de moral e estética.Os fundamentos do Surrealismo dizem respeito ao imperativo de uma liberdade total na criação, o que inclui a não filiação alguma a quaisquer ordens. No entanto havia uma ordem por trás dessa cortina, cuja raiz era a própria razão de ser do movimento. Daí que o desafio maior de Breton tenha sido o de encontrar um equilíbrio entre essa aparente dicotomia. Continuar a ler “ANDRÉ BRETON – FRANÇA (1896-1966)”
Valentine Penrose (1898-1978) alcançou imenso reconhecimento graças a uma narrativa impactante dedicada à vida de Elizabeth Bathory, a condessa húngara do século XVI que se mantivera sempre jovem graças a seus banhos com sangue de virgens capturadas e mantidas no calabouço de seu castelo. A narrativa, saudada por Georges Bataille, inspirou vários filmes. Valentine escreveu outras narrativas, marcadas quase sempre por um cenário de lesbianismo, além de poemas, desenhos e colagens. Continuar a ler “VALENTINE PENROSE – FRANÇA (1898-1978)”
O peruano César Moro (1903-1956) é uma das mais singulares vozes poéticas do Surrealismo. Poeta bilíngue, ele deixou a maior parte de sua obra escrita em francês. Poeta e pintor, em 1935 organiza em seu país a primeira exposição internacional do Surrealismo na América Latina. Posteriormente, em 1940, já residindo no México, Moro organiza, ao lado de Breton e Wolfgang Paalen, a 4ª Exposição Internacional do Surrealismo. Continuar a ler “CÉSAR MORO – Peru – (1903-1956)”
A biografia de Alice Rahon (1904-1987) está repleta de registros inovadores. Nos primeiros anos 1930, então casada com Wolfgang Paalen, descobre o Surrealismo, que será determinante em toda sua vida. E abre-se também um mundo de viagens, dentre os quais o período que passou na Índia juntamente com Valentine Penrose. A partir daí as viagens se multiplicam e conhece Alasca, Canadá, Estados Unidos, Líbano e México. No México estreitou relações com Frida Kahlo e teve influente presença no surgimento de uma arte abstrata naquele país. Continuar a ler “ALICE RAHON – FRANÇA – (1904-1987)”
Duas grandes poetas inglesas ligadas ao Surrealismo foram Emmy Bridgwater (1906-1999) e Edith Rimmington (1902-1986). Poetas e artistas plásticas, as duas se conheceram quando Emmy passa a integrar o grupo surrealista de Londres, do qual já fazia parte Edith. Amigos de Emmy, o artista Conroy Maddox e o crítico Robert Melville, trataram de apresentá-la a Roland Penrose. Logo em seguida, 1942, Emmy contribuiu para a uma revista surrealista chamada Arson, que tinha na direção Toni del Renzio. Continuar a ler “EMMY BRIDGWATER – Reino Unido – (1906-1999)”
O argentino Enrique Molina (1910-1997) é uma das vozes mais singulares e inovadoras do surrealismo em língua espanhola. Com uma vida marcada pela aventura das viagens marítimas, esteve no Caribe, na Europa e em diversos países latino-americanos. Ao lado de Aldo Pellegrini fundou, em 1952, a revista A partir de cero, destacada publicação dedicada ao Surrealismo. Sua criação envolve poesia, pintura, colagem e sua defesa incondicional do Surrealismo a encontramos em pequenos artigos e entrevistas. Continuar a ler “ENRIQUE MOLINA – ARGENTINA – (1910-1997)”
A intensidade erótica da poesia de Matsi Chatzilazarou (1914-1987) tem por base a descoberta de um louco amor ao lado do também poeta Andreas Embirikos (1901-1975). Com o espírito ferido por duas baixas afetivas, a morte dos pais e dois casamentos fracassados, Matsi busca um mínimo de equilíbrio na psicanálise, passando a ser tratada justamente por Embirikos. Continuar a ler “MATSI CHATZILAZAROU – GRÉCIA – (1914-1987)”
Para melhor situar a presença do Surrealismo no Japão cabe referir a chamada era Taisho, que ocupa o período 1912-1926, logo após uma repressiva era Meiji que lhe antecede. Taisho abre espaço para uma expansão experimental tanto na política quanto nas artes. Um de seus resultados mais expressivos é o surgimento do Surrealismo no Japão. Continuar a ler “KANSUKE YAMAMOTO – JAPÃO – (1914-1987)”
Maya Deren (1917-1961) não publicou livros de poesia. Seus poemas se encontram em algumas edições póstumas e no arquivo aberto em seu nome no Howard Gotlieb Archival – Centro de Pesquisa da Universidade de Boston, Estados Unidos. O acervo se encontra inconcluso, desde a morte do curador Robert Steele. Continuar a ler “MAYA DEREN – UCRÂNIA – (1917-1961)”
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