nasci para aprender a ser árvore/ crescente desde o coração da terra/ voadora pelos ramos e asas / espraiando-me entre cumes e desertos, / montanhas mágicas serras áridas / e mornas planícies morenas dos suis. até desarvorar – fidelíssima e de vez – / no amoroso corpo envolvente do meu devoto amor , o mar.
Veio um tempo de paz Veio um tempo de guerra Os comboios não paravam nas estações As geografias não coincidiam com os mapas Os meses eram anos E os anos eram séculos Veio um tempo de paz Veio um tempo de guerra E os soldados não tinham pátria E as munições eram do mundo inteiro Os países alargavam-se nas fronteiras As geografias não coincidiam com os mapas O amor, uma saudade uma impossibilidade Os homens e as mulheres já não choravam As lágrimas secas de tanta pólvora E as bocas quietas Sem palavras Sem gritos Sem sons Porque os dias eram cinzentos E os segundos já não cabiam nos relógios Um tempo de paz Um tempo de guerraContinuar a ler “DOIS POEMAS DE Cecília Barreira”
Is it raining yet? Is there a chance of rain? Has it rained? Is that smoke I see coming out of the chimney across the street? Is this a picture? Am I looking at something that isn’t moving outside my window? Is that rain? Is that the sound of dragons, dungeons, wildlife, air purifiers, birds, fate? What was the illness I didn’t know by name that made the man’s left eye open incompletely (the one who was begging paradoxically, using a plastic brochure stand as his lectern, like a preacher)? What was his soul affliction? (What’s mine?)Continuar a ler “PROSE AND POEMS – by Susan Pensak”
Há perfeita sintonia
Entre as folhas e meu canto.
É o espanto que me guia
Na palidez outonal
Como o rio, me despeço
Deste enorme matagal
De Bacus. À vida cedo
E ao Douro me confesso
Por impostura o condena aberración o inocencia pobreza o abatimiento no quiero ver una mujer llorar
Que se derrumben las catedrales mausoleos y grandes torres Que se calcinen los lechos jardines profanados cocinas ensangrentadas aposentos y oficinas donde se hayan hundido sus lágrimas
As ruas da cidade são inundadas de luzes indiscretas e vozes esparsas que falam com as cassiopeias. A noite é imensa e as luzes têm a solidão dos velhos. Os passos são cadenciados ao ritmo de um poema, escrito por amor, que acabou por não ter destino. Um bêbado encosta-se ao candeeiro da esquina e um carro pára perto da prostituta que mastiga chiclete e puxa a meia calça já rota de tantas noites. Uma e outra janela mostram a insónia de quem já não dorme e um faminto revolve os sacos deixados com sobras de nada. Já não há corpos diáfanos nem Primaveras férteis.Continuar a ler “A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado”
Uma grande rebelião sem causa e também sem lema não leva ninguém a nada. Mas serve para o poema.
Um tombo dentro da alma no arranha-céu dos dilemas aos outros, talvez não sirva. Mas serve para o poema.
Um roteiro que tropece na escadaria do tema talvez não sirva ao aplauso. Mas serve para o poema
Um barco em pleno deserto que o braço-em-gesso não rema não vai ao cais nem às ondas. Mas serve para o poema.
Uma andorinha sem asas leva no corpo um corpo um problema e não traz verão no bico. Mas serve para o poema
Tudo o que dorme esquecido bilhete, foto ou emblema, a muitos não tem prestança. Mas serve para o poema.
Cada tristeza, cada riso o sofrimento com seus escudos a correnteza, o silêncio, o impreciso: Ao poema serve tudo.
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Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.
Era nas noites de trovoadas, quando o relâmpago Ao sul se descarregava no esqueleto das árvores E em transe percutíamos a glande do mistério Vinham os animais despojar a crença do nosso sacrifício E logo reflectíamos a posse da atmosfera circundante De intemporal solenidade, de prosaico pragmatismo Convertendo as relações em dependências familiares Na consanguinidade dos gestos e das partilhas Mordidas na mesma carne que nos sustenta Cultivando a emancipação dos costumes À luz da morte que nos iluminou.Continuar a ler “VENTOZELO – por Januário Esteves”
He buscado en mi camino una mujer feliz con nombre de rosa con risa de espumas donde las horas del sufrimiento no muestren las sangrantes espadas
Una mujer feliz a secas una bandera blanca de palomas junto a campanarios de oro y sábanas de seda como si un canto infantil la entretuviera como si un aliento de niña escapara de sus sueños
Poemas extraídos desde libro inédito “Corteza oceánica”
Reflejos de agua
Me imagino debajo del agua, mientras la estación sigue despidiendo sus visitas, como un sol pulsa dentro de nosotros. Copulamos hasta que el instinto nombra objetos puros y ya no existen intenciones de la sangre, bebo del agua y se vierte el líquido dentro de vasos. El amor se muestra palpitante como un trozo de piel. Continuar a ler “CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina”
o quanto a gente é caroço da gente
se sofre por não conseguir semear rebrotar
o que seríamos sem a nossa casca?
tem gente que não cai nem de maduro
tem gente que tá lá no solo
livre da haste mas não do poder das formigas
as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços
o tempo vai modificando a areia
os grãos vão migrando para perto e longe
de si
a gente é o caroço da gente
bagos na escádea picinguaba na árvore azul
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