O SONHO DO SARGENTO PIMENTA – por Danyel Guerra

  

John Lennon e Yoko Ono (Foto: AP)

 

“I dreamed about  you last night and I fell out the bed twice”

                                           Morrisey, citando Shelagh Delaney           

A noite passada, o Sargento Pimenta sonhou  com  Nara e caiu da cama duas vezes. A sério, podem crer. Alerto porém que esta Nara não é, esclareça-se, a cidade dourada que no século VIII foi içada a primeira capital do Japão. Embora ela, a cidade, se tenha, antes de tudo, singularizado pela zen serenidade de seus templos budistas e pelos parques povoados  de cervos prenhes de meiguice. Continuar a ler “O SONHO DO SARGENTO PIMENTA – por Danyel Guerra”

APROPIACIONISMO Y RE-SIGNIFICACIÓN – Ender Rodríguez

Imagem de Ender Rodriguez

Apropiacionismo y re-significación

El tema del apropiacionismo plantea delicadas situaciones y temerarios debates que rondan entre la “autoría asumida como algo extremo”, el des-mitificar ciertos poderes de la imagen-fuente y la necesidad de trastocar los significados con nuevas formulaciones estéticas de hibridación; de allí que se hable de re-significar y re-interpretar para lograr intervenir, cambiar, borrar, des-figurar o simplemente hacer mutar una pieza en otra “nueva”.  Richard Pettibone por ejemplo se apropió de las apropiaciones de Andy Warhol dentro del denominado Pop Art.  Toda apropiación per se no es mega interesante o una gran cosa solo por ser apropiación así no más, como si se tratase de vanaglorias o nuevos mitos. Continuar a ler “APROPIACIONISMO Y RE-SIGNIFICACIÓN – Ender Rodríguez”

TEXTOSTERONA-PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – V- por Danyel Guerra

Ralph Waldo Emerson

 ‘DA VIDA DOS ESCRITORES’

“A própria vida se converte numa citação”

      Ralph Waldo Emerson, citado por Jorge Luis Borges

Caro El tigre, sem ousar desacatar este prensamento de Emerson, eu prefiro que a própria vida se converta numa excitação.  

 o-o-o-o-o             

”No seu entender qual é o papel do escritor brasileiro hoje em dia?”

Entrevistador da TV Cultura (1977)

“É o de falar o menos possível!”

 Clarice Lispector Continuar a ler “TEXTOSTERONA-PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – V- por Danyel Guerra”

MAX RICHTER—NOVEMBER (Music Video 2020) – por Eric Ponty

 

A Música  Existencial

 

1—O estado musical

O estado musical não é uma ilusão, porque nenhuma ilusão pode dar uma certeza de tal amplitude, nem uma sensação orgânica de absoluto, de incomparável vivência significativa por si só e expressiva em sua essência.

Nesses instantes em que ressoamos no espaço e o espaço ressoa em nós, nesses momentos de torrente sonora, de posse integral do mundo, só posso me perguntar por que não serei eu todo este mundo. Ninguém experimentou com intensidade, com uma louca e incomparável intensidade, o sentimento musical da existência, a menos que tenha tido o desejo dessa absoluta exclusividade, a menos que tenha sido possuído de um irremediável imperialismo metafísico, quando desejara a ruptura de todas as fronteiras que separam o mundo do eu. Continuar a ler “MAX RICHTER—NOVEMBER (Music Video 2020) – por Eric Ponty”

SERVENTIA – por Jaime Vaz Brasil

Navio de carga Galant Lady

Uma grande rebelião
sem causa e também sem lema
não leva ninguém a nada.
  Mas serve para o poema.

Um tombo dentro da alma
no arranha-céu dos dilemas
aos outros, talvez não sirva.
  Mas serve para o poema.

Um roteiro que tropece
na escadaria do tema
talvez não sirva ao aplauso.
  Mas serve para o poema

Um barco em pleno deserto
que o braço-em-gesso não rema
não vai ao cais nem às ondas.
  Mas serve para o poema.

Uma andorinha sem asas
leva no corpo um corpo um problema
e não traz verão no bico.
  Mas serve para o poema

Tudo o que dorme esquecido
bilhete, foto ou emblema,
a muitos não tem prestança.
  Mas serve para o poema.

Cada tristeza, cada riso
o sofrimento com seus escudos
a correnteza,
o silêncio, o impreciso:
Ao poema serve tudo.

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

VENTOZELO – por Januário Esteves

Ventozelo

Era nas noites de trovoadas, quando o relâmpago
Ao sul se descarregava no esqueleto das árvores
E em transe percutíamos a glande do mistério
Vinham os animais despojar a crença do nosso sacrifício
E logo reflectíamos a posse da atmosfera circundante
De intemporal solenidade, de prosaico pragmatismo
Convertendo as relações em dependências familiares
Na consanguinidade dos gestos e das partilhas
Mordidas na mesma carne que nos sustenta
Cultivando a emancipação dos costumes
À luz da morte que nos iluminou. Continuar a ler “VENTOZELO – por Januário Esteves”

POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)

 

“Mulher e pássaro”, by Di Cavalcanti 1973

UNA MUJER FELIZ

He buscado en mi camino una mujer feliz
con nombre de rosa
con risa de espumas
donde las horas del sufrimiento no muestren
las sangrantes espadas

Una mujer feliz a secas
una bandera blanca de palomas
junto a campanarios de oro y sábanas de seda
como si un canto infantil la entretuviera
como si un aliento de niña escapara de sus sueños

Una mujer feliz no se parece a las culebras
no tiene vena en las espinas
ni está enterrada en la tristeza de una ventana vacía Continuar a ler “POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)”

RESEÑA A LIBRO “PIÉLAGO”, DE PEDRO MIRAVIA- por Claudia Vila Molina Molina

 

El rescate del símbolo como eje poético

Reseña a libro poético Piélago de Pedro Miravia

Observo árboles redondos, pequeños árboles  enredados en las alturas.  Quizá todo sea un gran árbol de palabras, la raíz que se adentra por los nudos y en esta migración vamos conociendo los lugares que nos enseña el poeta.   Estos sitios dentro de lo natural: agua, vientos, territorios amplios e interminables, son espacios vacíos donde la soledad habita inexpugnablemente y es el lugar ideal para el encuentro con su voz, la cual posee una fuerza primigenia que se  desarrolla a medida que el libro avanza. Continuar a ler “RESEÑA A LIBRO “PIÉLAGO”, DE PEDRO MIRAVIA- por Claudia Vila Molina Molina”

EDITORIAL- BORGES TINHA RAZÃO, MAS ….- por Danyel Guerra

Jorge Luís Borges

    Creio que os jornais fazem-se para o esquecimento,
                        enquanto os livros são para a memória”(1)

Jorge Luís Borges        

BORGES TINHA RAZÃO
MAS NÃO FOI RAZOÁVEL

1- O ano de 1946 decorria politicamente atribulado na República Argentina. Após ser solto da prisão e se ter casado com Eva Duarte, Juan Domingo Perón ganhava nas urnas, a 24 de fevereiro,  o direito a residir, como presidente, na Casa Rosada. Uns meses depois, o funcionário Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo foi remanejado do seu lugar numa biblioteca municipal da Grande Buenos Aires, sendo mandado inspecionar aves e coelhos nos mercados da capital.

Os motivos são notoriamentre políticos. O portenho de 47 anos, festejado inventor de Ficciones, havia assinado pronunciamentos de intelectuais contra o general Perón. Um saneamento em coerência com os novos tempos que sopravam nas margens do rio de la Plata.

Ignoro de todo se, em tão tumultuada época, o proscrito já sustentava a controversa opinião expressa na epígrafe deste texto.  Se já a defendia, será caso para se dizer que o caudillo justicialista “escreveu direito por linhas tortas”. Nessa conformidade, terá sido, outrossim, uma demissão com justa causa. Continuar a ler “EDITORIAL- BORGES TINHA RAZÃO, MAS ….- por Danyel Guerra”

CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina

Foto de Paulo Burnay

Poemas extraídos desde libro inédito “Corteza oceánica”

Reflejos de agua

Me imagino debajo del agua, mientras la estación sigue despidiendo sus visitas, como un sol pulsa dentro de nosotros. Copulamos hasta que el instinto nombra objetos puros y ya no existen intenciones de la sangre, bebo del agua y se vierte el líquido dentro de vasos. El amor se muestra palpitante como un trozo de piel. Continuar a ler “CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina”

QUEM TEM OLHOS VAI A ROMA CITTÀ APERTA – por Danyel Guerra

Ingrid Bergman e Roberto Rosselini

“Sou uma amadora e faço questão de continuar sendo. E faço questão de não ser uma profissional, para manter a minha liberdade”.

Clarice Lispector

Complimenti, buon compleanno, Roberto!

‘Wuthering Heights’. À introvertida e melancólica Emily Brontë foi suficiente publicar, nos seus 30 anos de vida,  um solitário romance, sob o pseudônimo Ellis Bell, para ter lugar cativo no panteão dos imortais da arte literária. De semelhante privilégio se poderá orgulhar a posteridade de Roberto Rossellini. Embora tenha sido imensamente mais prolífero na obra e longevo na idade, ele teria pleno direito de figurar na galeria dos intemporais da sétima arte, mesmo que só tivesse assinado um único filme. Um filme único, enfatize-se. Continuar a ler “QUEM TEM OLHOS VAI A ROMA CITTÀ APERTA – por Danyel Guerra”

A POTENTE VOZ DE LESYA UKRAINKA – por Evelina Tkachuk

 

Lesya Ukrainka é uma das figuras mais destacadas e influentes da literatura ucraniana. O seu vasto conhecimento e as lutas pela liberdade e direitos do povo, fizeram com que tivesse importância não só como uma figura literária, mas também, reconhecida pelo seu lado patriota, ao ponto de ser honrada e estudada no seu país (faz parte do programa de estudo nas escolas e universidades). Ainda, Lesaya Ukrainka é homenageada internacionalmente, como exemplo disso, a poetisa foi reconhecida pela Unesco, como aquela que promoveu os valores de paz, tolerância, igualdade de gênero e etnias. Também é glorificada com marcas comemorativas. Continuar a ler “A POTENTE VOZ DE LESYA UKRAINKA – por Evelina Tkachuk”

A JERUSALÉM LIBERTADA DA TOPBOOKS – por Eric Ponty

 Um leitor que abre Jerusalém Libertada (Gerusalemme liberata) ao ler as primeiras estrofes irá ter várias pistas divergentes para que o poema lhe apresenta. As estrofes de abertura afirmam ser um poema épico, colocando-o em uma tradição que se remonta pelo menos à de Eneida de Virgílio cujas estrofes iniciais, “Braços e o homem que canto…’, que ecoam em nós. Continuar a ler “A JERUSALÉM LIBERTADA DA TOPBOOKS – por Eric Ponty”

OS AÇORES E AS FESTAS DO ESPIRITO SANTO – por Fernando Martinho Guimarães

Tradição significa «passar adiante», «entregar». Neste sentido, a tradição, costumes, símbolos, memórias, hábitos, cerimónias, festas, é aquilo que passa de geração em geração.

O conjunto dos bens culturais que constituem a tradição de um grupo, de um povo, assegura a sua permanência, a continuidade de uma identidade social e cultural. Continuar a ler “OS AÇORES E AS FESTAS DO ESPIRITO SANTO – por Fernando Martinho Guimarães”

IVERMECTINA – A DROGA ASSASSINADA- por Francis Khan

A DROGA ASSASSINADA

A ivermectina na narrativa da Folha de São Paulo

  1. Introdução

O uso da ivermectina no tratamento e prevenção da Covid-19 é um dos capítulos mais controversos na história da pandemia causada pelo vírus Sars-Cov-2. Adotada em alguns países, inclusive na Europa, e rejeitada por muitos outros, prescrita por vários médicos e proscrita por inúmeros outros, objeto de dezenas de pesquisas clínicas consideradas inconclusivas por importantes órgãos públicos de saúde, a ivermectina tem provocado debates acirrados e ações judiciais em várias partes do mundo. O objetivo deste artigo não é oferecer uma resposta a essa polêmica. Tal resposta só pode ser fornecida pela ciência, ou seja, por meio da realização de estudos clínicos, de preferência randomizados e duplo-cegos (ensaios clínicos em dupla ocultação), e de meta-análises realizadas a partir desses e de outros estudos. O propósito deste artigo é outro: (a) analisar a narrativa a respeito do medicamento ivermectina em algumas reportagens publicadas em um importante veículo de imprensa brasileiro, o jornal Folha de São Paulo[i] e (b) verificar, a partir dessa análise, se a referida narrativa fundamenta-se no estado da arte da discussão científica. Continuar a ler “IVERMECTINA – A DROGA ASSASSINADA- por Francis Khan”

HARATINES EP7 – Jonuel Gonçalves

Nota prévia do autor:

“Haratines” é romance em preparação, baseado em contextos e lugares reais, mas os personagens e situações são imaginados por mim. Uma exceção é o texto com sub título “235” – que aqui envio. É acontecimento verídico até nos personagens.

Ultimo trip (desta vez) a Ouidah, Uidá ou Ajudá

João Baptista saiu do hotel em Cotonou e entrou no carro com o professor Da Cruz novamente a caminho de Uidá, às vezes distraído ou traído pelo sub-consciente dizia Ajudá e o professor sempre dizia pensativo “quem sabe não seria preferível a cidade ter dois nomes, como acontece com Anvers-Antwerpen na Bélgica” e lá foram apenas para uma conversa relax com a diretora do museu no velho forte português que Salazar mandou incendiar em 1961 e cujo nome, agora ele sabe, passou para ele próprio João Baptista. Sem nenhuma razão a cabeça de João Baptista enquanto ganhava paz na paisagem litoral beninense  lembrou-se da reportagem no “Libération” sobre  Henri Lopes intitulada “SIF (sem Identidade Fixa)” à mistura com passagens do livro de Dan Franck “Paris ocupada”. Passagens mais ou menos assim: “Roman Kacew, nascido em Vilnus [Estónia] trocou a França pela Argélia em junho de 1940. Continuar a ler “HARATINES EP7 – Jonuel Gonçalves”

CARTOGRAFÍAS Y ABISMOS DE RONALDO CAGIANO – por José Pérez

 

CARTOGRAFÍAS Y ABISMOS DE RONALDO CAGIANO

-I-

MAPAS Y EXTRAVÍOS O LOS LABERINTOS DEL SER

Si tuviéramos que trazar una línea sobre algún mapa de la tierra para sentarnos a esperar la poesía de Ronaldo Cagiano, habría que pintar un círculo en el vacío y esperarlo dentro. Tal vez la tarde, el tiempo todo, no bastarían para el encuentro. Tendríamos que remontarnos a una estación de trenes de París, la Denfert-Rochereau, bajo un laberinto de huesos, o más allá, en el camposanto Père-Lachaise, de la Rue du Repos, durante el otoño de 2018, mientras busca los enigmas del suicidio del escritor persa  Sadegh Hedayat, ocurrido en 1951; o antes, en febrero de 2013, en Nuremberg, para confesarle a T. S. Eliot que el siglo veinte es el más asqueroso de los siglos, por sus matemáticas salvajes (en cuya cuenta caben horrores, bombas nucleares, guerras, muertes, hambrunas, náuseas, escándalos, naufragios, hegemonías, oscuridad, vacíos, esquematismos, vértigos y abismos); o en Barcelona, España, donde se le adviene en patadas en la frente las manzanas de Apple y la bíblica de Adán y Eva, como signos de las contrariedades e incertidumbres; o  incluso, más atrás, enero de 2011, en Lisboa, náufrago en el tedio de existir; poseído por lo que él llama una soledad atlántica, que lo remite a la infancia, donde seguramente lo hallaremos un día de 1961 —el 15 de abril, hace exactamente 60 años—, saliendo del útero materno, en su pequeño pueblo de Cataguases, frente al valle de Paraiba do Sul, del estado de Minas Gerais, y las sierras y colinas de Mantiqueira, Onça, Neblina y Santa Bárbara, en el sudeste de Brasil; en cuyos pies el río Pomba—que arrastra en su discurrir los riachuelos Meia Petaca, Romualdinho y Lava-Pés— le abre un libro acuático para que navegue la dura senda de la vida. Así lo establece, de manera ácida y árida, quejumbrosa y sentida, sentenciosa y epigramática, en su poema “OUTRAS LIÇÕES DO ABISMO”, en el que el río y el pueblo — Pomba y Catahuases—, discurren por igual en la suma del dolor y el destierro. Continuar a ler “CARTOGRAFÍAS Y ABISMOS DE RONALDO CAGIANO – por José Pérez”

A LIBERDADE – por Manuel Igreja

“Gaivota”, por Clarice Lispector.

Por razões de circunstância que somente terão a ver com coincidência, nas últimas quase cinco décadas, em Portugal a palavra Liberdade surge-nos quase geminada com a palavra Primavera.

Apetece-me dizer ainda bem, pois uma e outra dizem-nos daquilo que mais belo existe na vida de uma pessoa. Há muitas outras mais, mal de nós se as não houver, mas esta duas provocam-nos um brilhozinho nos olhos e um encher d’alma. Continuar a ler “A LIBERDADE – por Manuel Igreja”

CONTOS CURTOS DE Olinda Gil

Foto de Paulo Burnay

A arma debaixo da almofada.

Detestava armas. Ela, que fora ativista contra o armamento via-se agora obrigada a pegar numa arma. Toda a gente deixara de ser o que era. A fome obrigara-a a deixar de ser vegetariana e a matar animais para comer.

A primeira coisa que fazia quando chegava ao esconderijo era largar a arma. Sabia que não o devia fazer, que toda a gente dormia com uma arma debaixo da almofada. Escondia-se ali havia vinte anos. O excesso de confiança e o horror às armas levavam-na a larga-las mal se sentia à vontade. Continuar a ler “CONTOS CURTOS DE Olinda Gil”