EDITORIAL por Hilton Fortuna Daniel

Em 1918, terminada a I Guerra Mundial, iniciava-se a Gripe Espanhola.

Esse ciclo pandémico, tendo matado milhões de pessoas, terminava em 1920. Em cada fim de história, há sempre um início de história. Nesse ano, para a música e para a literatura, nasciam Amália Rodrigues e Clarice Lispector. A primeira solfejava poemas dentro de notas bem pautadas. A segunda, com a portentosa pena por que é hoje conhecida, empreendia A Descoberta do Mundo, título de uma das suas obras-primas. Continuar a ler “EDITORIAL por Hilton Fortuna Daniel”

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TEXTOS DE “MATÉRIA DESNUDA”, de Carlos Barbarito

  Desenho: Victor Chab

Finalmente tengo más de un rostro.

Georges Bataille, Sobre Nietszche. Voluntad de suerte, V.

África I

No hay viento, ni rumor de agua, y está oscuro. Quien se extraviara allí jamás saldría o saldría desnudo y loco. Es una selva silenciosa, pero no una selva de plantas y frutos, de enormes y pequeños animales. No, nada de eso. Allí, en perfecta metamorfosis con la oscuridad y el silencio, habitan erráticas sombras, inmóviles furores, una angustia sin medida ni centro, un espasmo que arde con llama fría. Nunca estuve en ese lugar, pero con frecuencia lo veo en sueños. Continuar a ler “TEXTOS DE “MATÉRIA DESNUDA”, de Carlos Barbarito”

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MULHERES NAS RUAS DO PORTO -XIII – por César Santos Silva

Berta Alves de Sousa(Rua de)
Início: Beneditina (Rua da)
Fim: Cul‑de‑Sac 
Designação desde 2000
Freguesia de Foz do Douro
Berta Alves de Souza e Guilhermina Suggia – Conservatório de Música- (Espólio de Berta Alves de Sousa)

Cândida Berta Alves de Sousa nasceu na Bélgica (Limoges), em 1906. Veio viver para a cidade do Porto e aqui vai desenvolver toda a sua vida ligada à música e à pedagogia. Aluna no Conservatório de Música do Porto, recolheu os ensinamentos de professores como Cláudio Carneiro, Moreira de Sá, Moreira de Sá e Luís Costa genro de Moreira de Sá e pai de Helena Sá Costa e Madalena Sá Costa. Continuar a ler “MULHERES NAS RUAS DO PORTO -XIII – por César Santos Silva”

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AO ESTILO JULIÁN MURGUÍA – por Claudio B. Carlos

© Emmanuel Zamor

Havia uns negrinhos, que barrigudos e descalços, na frente das casas toscas, chupavam o ranho que escorria do nariz. Um deles, com cara de sem-vergonha, sempre piscava o olho pra mim quando passávamos a cavalo. Os guaipecas magricelas saíam de atrás de nós importunando as montarias, que assoleadas, espumavam nos beiços, mascando o freio e coleando as moscas. Continuar a ler “AO ESTILO JULIÁN MURGUÍA – por Claudio B. Carlos”

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TEXTOSTERONA – PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS- por Danyel Guerra

MULHERES VS HOMENS     

“Na vida eu fui vítima de dois graves acidentesO primeiro foi o choque de um tranvia com o autobus em que eu viajava. O outro foi o Diego….”

Frida Kahlo

Qual dos dois acidentes foi pior, querida Magdalena Carmen? Não precisa responder. Nós já estamos adivinhando.

o-o-o-o-o

De la femme vient la lumière

Louis Aragon

Merci beaucouo, Aragon. Finalmente, fico elucidado do motivo porque a conta, a fatura da luz é sempre tão elevada. Continuar a ler “TEXTOSTERONA – PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS- por Danyel Guerra”

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ANATOMÍA DAS ESQUECIDAS – Eva Méndez Doroxo

                                                                                                              © Mariam Sitchinava

Falas de min dende o silencio,

agochada no murmurar do tempo.

♣♣♣

A PRIMEIRA VEZ

Engadín a intención toda de liberdade nesta túa anatomía.
Cada perna, pé e man para moverte na firmeza do corpo,
a lingua para lamber as verbas e berralas ao ar,
os dentes, como feroces defensores do teu.

Arrolo a esperanza no meu interior,
soño con días de risos nos que o teu cabelo enrede coa chuvia
e podas enlamarte sen perder a identidade. Continuar a ler “ANATOMÍA DAS ESQUECIDAS – Eva Méndez Doroxo”

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A CULTURA COMO PRODUÇÃO DE SI E DO OUTRO (1ª PARTE) – por Francisco Traverso Fuchs

                                                     Cueva de las Manos (Argentina)
  1. O bárbaro como barbarófono

Com um didatismo pouco comum em obras do gênero, o dicionário Le Grand Robert de la langue française (2001) adverte seus leitores de que um dos sentidos da palavra “bárbaro” (homem “incapaz de apreciar as belezas da arte”, grosseiro, bruto, ignorante) “envelheceu por causa da evolução dos juízos referentes a sociedades e culturas diferentes”. Mas se atentarmos às rubricas utilizadas nas diversas acepções do verbete barbare (“envelhecido”, “histórico”, “arcaísmo”), veremos que as marcas de caducidade estão presentes em praticamente todos os sentidos do vocábulo. Continuar a ler “A CULTURA COMO PRODUÇÃO DE SI E DO OUTRO (1ª PARTE) – por Francisco Traverso Fuchs”

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TEXTOS POÉTICOS DE FINEZA PINTO

“Lovers” by Picasso

O diálogo

Seus corpos dialogavam num diálogo incomum, que não se lê e não se entende, apenas se sente. Numa linguagem ausente de sinais e de palavras, onde as reticências traziam à baila o ponto do amor, que não era o final. Os seus corpos ora exclamavam ora interrogavam. Numa tentativa de antever o ritmo do amor, faziam dois pontos anunciando os passos que o momento sugeria e deixavam-se mover a passos dançantes, que só o amor sabia dar. A dança não era nem salsa nem valsa, era uma dança desprovida de movimentos próprios, cujos contornos só os pés que amam eram capazes de desenhar. Continuar a ler “TEXTOS POÉTICOS DE FINEZA PINTO”

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DEMOCRACIAS AFRICANAS – Germano Rangel Chio Correia

Bases das democracias africanas em análise: o caso angolano em perspectiva comparada

  1. Introdução

Ao longo dos tempos, o termo “democracia” tem acarretado diversos pendores, conceitos e interpretações conforme a geografia e o contexto, no entanto, falaremos sobre as bases de uma democracia típica africana diferente da ocidental, entendida, esta última, como sendo uma democracia plena, republicana, nacional e que observa o primado pelas autarquias e referendos. Contudo, por serem diferentes entre os países africanos, registam avanços e recuos na comparação com o modelo europeu e tradicional africano, respectivamente. Continuar a ler “DEMOCRACIAS AFRICANAS – Germano Rangel Chio Correia”

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O CICLO MÍTICO DE ÉDIPO – por Jaime Vaz Brasil

  “Aceitar a idéia do Complexo de Édipo sem compreender o mito e a peça de onde  Freud tirou seu nome é uma forma de aceitar a psicanálise sem tentar alcançar o seu mais profundo significado[1][1]”.      

Bruno Bettelheim

I. De Tântalo até Laio

A história do ciclo mítico de Édipo marca seu início com Tântalo[2][2], filho de Júpiter e da ninfa Plota, e considerado um amigo dos deuses. Conta a mitologia que, para testar-lhes a ubiqüidade, matou o próprio filho (Pélope[3][3]) e serviu-o em um banquete, com  grandes requintes, onde os deuses foram os convidados especiais[4][4]. A intenção, desta forma, seria ver se realmente os deuses possuíam clarividência plena, sabiam de tudo e estavam em todos os lugares ao mesmo tempo. O preço deste “teste” é bastante alto: o assassinato do próprio filho e a possibilidade de ser descoberto e punido. Continuar a ler “O CICLO MÍTICO DE ÉDIPO – por Jaime Vaz Brasil”

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UM ISOLAMENTO SOCIAL FILOSÓFICO – por Luiz Henrique Santana

O que é filosofia?

Eu, minha consciência, meu eu lírico, meu alter ego, meu ser, corresponde a um tempo, a atualidade da minha existência. Nesse momento, o mundo  se encontra em um estado antifilosófico, anti-pensamento, anti-intelectualismo. O pensamento de caráter (indagativo) e questionador-reflexivo referente às estruturas nas quais a sociedade se sustenta é quase nulo, em pouco as pessoas são instigadas em construir um pensamento crítico, consistente e relevante sobre o sistema político-social-econômico-histórico-cultural e étnico vigente. Nunca a filosofia foi tão importante quanto hoje, em um tempo no qual as pessoas estão habituadas com o pensamento pronto e com os discursos rasos. Continuar a ler “UM ISOLAMENTO SOCIAL FILOSÓFICO – por Luiz Henrique Santana”

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“falar é morder uma epidemia” de Luís Serguilha (recensão de Ana Oliveira)

SERGUILHA, Luís – falar é morder uma epidemia. Edição BUSÍLIS. Tropelias & Companhia – Associação Cultural, 1ª Edição – Maio de 2019, Portugal.

♣♣♣

Luís Serguilha como escritor, ensaísta e poeta, é perentório na sua postura de insubmissão, como criador de conjunturas. Desloca-se pela literatura como manobrador de potências em mudança, onde a desinquietação é uma constante, destacando-se uma pronúncia de certo modo inacessível. Como poeta, distancia-se da pessoalidade incorporando o mundo, percecionando díspares acústicas e visões em alvoroço sempre fora de si mesmo. Continuar a ler ““falar é morder uma epidemia” de Luís Serguilha (recensão de Ana Oliveira)”

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POEMAS DE Rosa Sampaio Torres

Ós

Sós estamos nós
cascas de noz
a tantos nós.

♣♣♣

Requiem 

 Foste embora, foste embora
companheiro meu…

enciumada estou se a mim
tua esposa, preferiste a morte
como companhia

Foste embora, foste embora

companheiro meu
ficou tua lembrança
como sombra minha.
Foste embora, foste embora
companheiro meu
e nas altas horas da noite
insone ainda
a poesia.

♣♣♣

Tateando

Poeta aguça teus sentidos
olfato, vista.
Ouve com atenção
os mais estranhos sons
enquanto tateia
o  Desconhecido Rosto.

♣♣♣

Para Olga Savary

Sua poesia

 água

fallus

 fogo

paixões.

  A minha

filha sua,

mares

línguas

ondas

também

tensões.

♣♣♣

 Mar

Marula o mar,
estronda a onda.
Embala, acalma
a minha alma.

♦♦♦

Rosa Maria Sampaio Torres – pesquisadora em História (PUC-Rio), é também graduada em Estudos Sociais e pós-graduada em Ciências Políticas. Aluna do filósofo brasileiro Carlos Henrique Escobar acabou por desenvolver, também, seus dotes artísticos – especialmente como poeta, autora do livro “Bendita Palavra”. Já reconhecida como ensaísta, é autora de inúmeros artigos históricos sobre a família Cavalcanti, da qual descende, e agora sobre o poeta Guido Cavalcanti.

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POEMAS DE Valda Fogaça

GESTOS DE CONSCIÊNCIA

Julgas que sou par de asas
Impedidas,  cortadas…
Sem bandeiras nem casas,
Fragatas ancoradas?

Sedutora, carente,
Sensual, feminina,
Paixão fogo ardente,
Eis a mulher felina!

Nos mares vejo adentrar
Saltitando nas ondas
Grande barco  afundar,
A explosão estronda.

Lua, sol vestes do tempo.
Como quem troca às vestes
Num penoso lamento,
Dia, noite, astros celestes.

Despindo do sol, da lua
Envelhece o tempo,
Dia a dia, a angustia sua
É a canção do vento.

As vidas se repetem
Trocando de existências
Peitos arfam, padecem,
Gestos de consciências.

♣♣♣

ALAMEDAS TRISTONHAS

Ah essas RUAS! Outrora entupidas de gente, O ar que por elas, hoje, circula beneficia: Baratas e pombos somente… Um tal COVID espalha terror, e ninguém está a salvo, Estão todos, trancafiados em seus lares, padecentes. Lembras-te oh Alamedas risonhas… E, hoje as vejo solitárias tristonhas. Olha! Vejo uma ratazana, fugindo do horror do COVID! Ela sumiu, como toda gente. Fique aí, Contemplando seus fantasmas, enquanto Esperas por uma dose milagrosa! Eu? Ah! Fico aqui te olhando da janela…

♣♣♣

A ARTE O FIO QUE LIGA OS CINCO CONTINENTES

A POESIA é o fio de ouro que liga de um poeta
Ao outro e de um continente ao outro e esta ligação
Tem atravessado o tempo numa perspectiva de
Eternidade se não por algo parecido.

O que me agrada é esta certeza de que estamos entrelaçados
Por esse fio que é do metal mais nobre e não por um
Insignificante fio de náilon. Olho para os cinco continentes e vejo
Esperança no olhar de uns e de outros derramar-se em pranto.

E a paz na casa de uns tantos? Ah! É como meus versos
Despidos de métricas e rimas. E se não fosse a arte
Esse fio de ouro que liga de um continente ao outro?
O que disseram os Profetas e ou os Reis de outras datas
Que estenderam seu olhar aos cinco continentes?

Aos seus ouvidos chegavam clamores  de uns tantos
E júbilos de uns poucos. Ainda bem que a Poesia liga
Um poeta ao outro e um continente ao outro!

Levantes oh pequeno caído e digas  quem és tu!
Afaga-lhe o peito a ufania do nada e quem a ti traz a Salvação?
És tu que estás chorando oh continentes infelizes!
Mas o poeta também chora ao olhar a tua desgraça.

Vi meus avós meus pais falarem sobre:
Tempos bons virão! A paz reina nos sonhos de todos.
Acabou que não vi o tempo passar nem os cinco
Continentes viram. Entretanto as luas são incontáveis.

Aqui estou viva. E minha alegria não se descreve
Com a alegria das borboletas da minha idade.
É essa ligação entre os poetas dos cinco continentes
Que tem atravessado o tempo numa perspectiva de eternidade…

É consoladora  apesar dos conflitos esta certeza de que
Estamos entrelaçados…
É porque nos versos do poeta leia-se a liberdade
A do bater de asas da borboleta recém-saída do casulo.

Nos dias atuais o que reina é o imediatismo frenético.
Raros os que a tentam-se ao mundo em sua volta
Não é de se admirar que sejam muitos os que vivem a olhar
Em direção aos próprios pés com um olhar febril
Para o deslumbre da efemeridade das imagens.

Eu como poeta que sou procuro olhar além do papel
Sobre a minha escrivaninha por essa razão ouso
Atravessar fronteiras para levar o meu pensamento
Que de certo modo é coletivo.

Quando ouso atravessar fronteiras deixo de ser apenas
Um poeta assumo o papel de uma nação que através da
Poesia leva aonde for a sua cultura  certa de que serei
Recepcionada com festividade e que trarei na bagagem
Outras tantas lições culturais para agregarem à minha.

♦♦♦

Valda Fogaça é Poeta, trovadora, cordelista, cronista, romancista e compositora. Estudou Filosofia, Letras e História. Vive em Brasília/DF Brasil.  É colunista do Site Internacional O Segredo e da Revista Sttato. Escreve para três portais: UOL Pensador, Recanto das letras, LinkedIn e para três bloggers. É membro da Associação Nacional de Escritores (ANE). É membro do movimento internacional de Poetas Del Mundo, membro correspondente da Academia Capixaba de Letras e Arte de Poetas e Trovadores, ACLPTCTC.   Instagram: valdafogacaescritora.

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Editorial por David Paiva Fernandes

Na viragem do séc. XIX, o grande polímato francês Henri Poincaré inventou a topologia algébrica. Este ramo da matemática adiciona aos, à época estabelecidos, conceitos de compacidade, conexidade e separabilidade da topologia geral os de homotopia e homologia, matéria que apresentou no seu livro de 1895 “Analysis Situs” [1] que se pode traduzir como análise do sítio, do lugar, condizente com a etimologia grega da palavra topologia, λόγος τόπος, estudo do lugar.

São os estudos realizados neste ramo da matemática que permitem conhecer características únicas da forma de um objeto e que, por exemplo, nos demonstram que uma esfera é um objeto essencialmente distinto de um toro (um donut) e ambos de um pretzel (um doce de origem alemã com a forma aproximada de um 8).

São também da topologia as ferramentas que permitem conhecer características de “espaços” em forma de rede, como a de estradas que ligam aldeias, vilas e cidades do mundo, e também das propriedades das redes de relacionamento, as tão modernas e em voga redes sociais.

É ainda da topologia a capacidade absolutamente libertadora de abstração dimensional, a qual permite conceptualizar objetos de 4, 5, 29 ou quantas dimensões se queiram. Sem os conceitos da topologia estaríamos condenados a ser uma formiga que caminha sobre a superfície de uma esfera (um objeto tridimensional) ao qual não pode senão ser alheia e para quem o mundo é apenas um plano (um objeto bidimensional).

Em talvez poucos períodos como o deste trimestre, o conhecimento do lugar onde vivemos confinados, as redes de relações que nos vimos obrigados a interromper, os horizontes repentinamente cerrados, em suma, a compacidade, ligação e separabilidade que Poincaré ajudou a cimentar há 120 anos, estiveram tão no centro da nossa atenção e no cerne da nossa vida.

Se a topologia ajuda a conhecer e a melhor caracterizar, não apenas o que existe e se vê, mas também a conceber o que, por deficiência fundamental, estamos impossibilitados de representar, como um cubo de 4 dimensões ou um pretzel hepta-dimensional, a arte, só a arte, consegue esse portento de nos fazer levantar os olhos de formiga, furar confinamentos, ultrapassar barreiras tantas vezes auto-impostas e tomar contacto com uma superior dimensão da nossa existência.

Nascidas neste período de hipersensibilidade topológica, as mais de 18000 células e 111000 moléculas do corpo desta 12ª edição da Athena não poderiam senão refletir essa condição.

  • Cecília Barreira faz uma retrospectiva sobre as várias pandemias na história da humanidade, reflectindo sobre a origem, causas e consequências.
  • Um diálogo entre colagens de Sergio Bozon e poemas de Carlos Barbarito.
  • Jaime Vaz Brasil serve-nos a saudade em populares e amadas redondilhas, insinuando uma melodia, dois passos.
  • Claudio B. Carlos traz-nos uma trilogia que cabe num só Homem que é Sapo e é também Comum.
  • Paulo Ferreira da Cunha, alheado do mundo, regressa-nos à salvação dos livros e, à conta de uma autobiografia potencialmente inventada, entre várias reencarnações, lembra que a prudência nunca foi demasiada, quando enfrentamos o desconhecido.
  • Teresa Escoval parte de epígrafe de Fernando Pessoa acerca do que se sente e não se expressa e percorre palavras como isolamento, partilha, memória, comunicação, compromisso.
  • A poesia de Alda Fontes traz-nos caminhos e caminhadas na procura do que somos: nesta edição  o ADN ilustrado porAldina Santos.
  • A propósito do aniversário de nascimento a 16 de Maio de Mario Monicelli (Viareggio, 16 de Maio de 1915 — Roma, 29 de Novembro de 2010), Danyel Guerra disserta sobre a vida e obra do grande argumentista e director de cinema italiano.
  • No momento da despedida, o fotojornalista Venezuelano Nelson González Leal homenageia São Paulo, dedicando este texto, poema e sobretudo as IMAGENS a esta cidade que o acolheu .
  • Em três poemas de Correia Machado a mulher, a noite, o ficar e o ir.
  • Na comemoração dos vinte anos da “Nona Geração” no Brasil, contamos com o prefácio e tradução de Floriano Martins, com textos dos surrealistas Fernando Cuertas e Carlos Barbarito.
  • A poesia de Hilton Daniel Fortuna a surpreender de originalidade e inovação ente “um dia macabro” e outros poemas
  • Na poesia da Ana Oliveira a desolação lá fora, o tempo em redor que distorce o norte e o que se é no que se carrega.
  • Paulo Puciarelli dedica um poema, no qual afugenta o medo da morte, resolvido no silêncio, na certeza das pequenas coisas e na memória.
  • De Luiz Henrique Santana, uma reflexão metaliterária inspirada em inquietações levantadas pela obra “Ideias para adiar o fim do mundo” de Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro.
  • César Santos Silva dá continuidade à série MULHERES NAS RUAS DO PORTO, sendo que este número XII cabe à cantora Cidália Meireles.
  • No Noroeste do Paquistão, Ana Tomás funde-se com a natureza, numa tentativa de traduzir e dar voz ao invisível.
  • Rosa Sampaio Torres chama a atenção do leitor para a precursora actuação republicana do intelectual e conspirador florentino Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, tendo como pano de fundo o Chateau du Grand Perron.
  • O surrealismo da poeta chilena Claudia Isabel Vila Molina.
  • E as fotografias de Luiz Guerra e Paz a unir todas estas moléculas, como pontes que ligam margens que se fazem próximas.

DAVID PAIVA FERNANDES

 

[1] http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k4337198/f7.image

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POESIA DE Ana Oliveira

©  Bogdan Zwir

O rodopio do tempo

Cruzam-se os espelhos na deformidade anunciada
Quebram-se os cristais voando na multiplicidade das velocidades
Pelos truques de ilusão claustrofóbica e parada
Onde as bestas rastejantes trocam papéis
E saltam nas prateleiras da ostentação das pedras Continuar a ler “POESIA DE Ana Oliveira”

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SÉANCES: DISCURSO SOBRE O INVISÍVEL – Ana Tomás

NO VALE DO SWAT,

NOROESTE DO PAQUISTÃO (i)

Paisagem Noturna I, vale do Swat, Paquistão, 2013.

Hora do silêncio, do luar e dos fantasmas, da profunda e absoluta Identidade…

Através do meu ser, mais vago do que o éter, gravitam as estrelas e os sonhos, palpitam brancas asas de Anjos, negras asas de Demónios, nublosas formas transparentes, que são árvores, flores, criaturas na sua ancestral quimera! Continuar a ler “SÉANCES: DISCURSO SOBRE O INVISÍVEL – Ana Tomás”

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REFLEXÕES EM TORNO DAS PANDEMIAS – por Cecília Barreira

La fin du monde | Gao Xingjian, 2006

Há muitos anos, séculos e séculos, que se referem as pandemias, os fins do mundo, o apocalipse.

Por exemplo na obra de Peter Brannen Os Fins do Mundo de 2017 (Bizâncio, 2019) referenciam-se quase todos os apocalipses da História. A derradeira extinção daqui a supostamente 800 milhões de anos terá de ver com a impossibilidade da fotossíntese e temperaturas muito altas. A hipótese de algum cometa colidir com a Terra. Continuar a ler “REFLEXÕES EM TORNO DAS PANDEMIAS – por Cecília Barreira”

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MULHERES NAS RUAS DO PORTO -XII- por César Santos Silva

Cidália Meireles (Rua de) 
Início: Morgado Mateus (Rua do)
Fim: Santo Ildefonso (Rua de)
Designação desde 1974

Anteriores designações: Viela do Preto, Rua do Castanheiro
Freguesia: Bonfim
Cidália Meireles

Cidália Meireles nasceu no Porto em 1925, na rua que hoje ostenta o seu nome.

Cidália e as suas irmãs, Rosária e Milita eram alunas do Conservatório Nacional e foram in­centivadas a entrar para o mundo da música por Fernanda de Castro, mulher de António Ferro. Estava a nascer o trio «Irmãs Meireles», que começou a fazer sucesso sob a direcção do maestro Tavares Belo. Não se fizeram esperar os convites para cantar por todo o país, Espanha, e América do Sul. Continuar a ler “MULHERES NAS RUAS DO PORTO -XII- por César Santos Silva”

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