CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina

Foto de Paulo Burnay

Poemas extraídos desde libro inédito “Corteza oceánica”

Reflejos de agua

Me imagino debajo del agua, mientras la estación sigue despidiendo sus visitas, como un sol pulsa dentro de nosotros. Copulamos hasta que el instinto nombra objetos puros y ya no existen intenciones de la sangre, bebo del agua y se vierte el líquido dentro de vasos. El amor se muestra palpitante como un trozo de piel. Continuar a ler “CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina”

POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO

Arte de Carlos Saramago

o quanto a gente é caroço da gente
se sofre por não conseguir semear   rebrotar
o que seríamos sem a nossa casca?
tem gente que não cai nem de maduro
tem gente que tá lá no solo
livre da haste mas não do poder das formigas

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços

o tempo vai modificando a areia
os grãos vão migrando para perto e longe
de si

a gente é o caroço da gente
bagos na escádea    picinguaba na árvore azul

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços
e a gente é o caroço da gente Continuar a ler “POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO”

RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez

 

Desenho de João Francisco Baptista

Pegarei emprestadas as forças contigo até conseguir reencontra-las em mim.

Enquanto isso a transição da terra faz a travessia em águas profundas da universalidade, imersa pela “natureza” e pela natureza humana… na terceira margem introspectivo, extraída no processo civilizatório invencionático, tangencial aos sentidos sistémicos “naturais”, mergulho. Continuar a ler “RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez”

A CASA DO CORAÇÃO – por Jaime Vaz Brasil

A Casa do Coração

Na casa do coração
convivem dois inimigos

presos na árida corda
das horas, por seus umbigos.

Na casa do coração
(quem a visita pressente)

um deles pulando corda
e o outro rangendo os dentes.

Na casa do coração
um deles constrói seu nada

enquanto o outro levita
e põe flores na sacada.

Um deles grita e se arranha
e do que pode, reclama

enquanto o outro se enflora
e troca os lençóis da cama.

Um amarra seus legados
em cordames ressentidos.

O outro planta gerânios
e vai ao livros não lidos.

Um deles em cada porta
impõe trancas e cancelas

enquanto aos poucos o outro
pinta de branco as janelas.

Se o próprio Deus tem três faces
porque o homem haveria

de guardar um só conviva
em seu dentro, a cada dia?

 

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

POEMAS de Januário Esteves

 William Turner: The Fighting Temeraire tugged to her Last Berth to be broken up, 1838, 1839 (detail)

Mãos devagar te levam

Mãos devagar te levam
E tu não dás por nada
Como dum cinzel purificador
A sombra é-te retratada
Para os Céus ergueste as crenças
Sem elas eras olvido
Num pranto com luz ao meio
No escuro quarto retido. Continuar a ler “POEMAS de Januário Esteves”

POEMAS DE MADALENA MEDEIROS

TUDO OU NADA! AOS “CARVALHOS”…

Pró ” Carvalho” vai tudo!
Tudo!Tudo, ou nada!
Há tamanhos e formas,
curtos, compridos e espessos!…

Pró “Carvalho, não vai nada?
Nada! Que bem lhe fica a gravata!
Por onde passa tudo esgravata,
e dos tombos cai na mocada…

Há quem diga!
Pernas são canelas,
merda pra quem olha pra elas…
Por outro! Há quem diga!
Carvalhos, são caralhos,
merda pra quem tem alhos! Continuar a ler “POEMAS DE MADALENA MEDEIROS”

POEMAS DE MICHELIN DOS ROUSSES – por Ricardo Echávarri

 

http://chezstyve.centerblog.net/rub-Mes-poemes.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAYASOS TRABAJANDO

Filoso retoca el marfilino brillo de la luna
Es noche y se oye el frufrú lejano

Sombrita, con su serrucho, delinea la silueta del mar
Eso de hacer olas es un buen ejercicio

Tilichito viste de frac un elefante
Pide a su utilero:
“¿podría traerme por favor un espejo más grande?” Continuar a ler “POEMAS DE MICHELIN DOS ROUSSES – por Ricardo Echávarri”

Jannowitzbrücke – por Viviane Santana Paulo

começo com este nada de hoje vibrando mediocridade 

latente e late

pulsando o sangue gelado e cinza   das coisas cansativas

que me cingem        quase dípteros reverberantes  

as folhas das árvores nas calçadas estão manchadas de fungo

passo indiferente como sempre faço

a indiferença é uma estratégia   escudo e arma  

às vezes asfixia  pode-se matar ou morrer de indiferença   

ela furta a vida e também a usamos para sobreviver   

enquanto vou descobrindo Continuar a ler “Jannowitzbrücke – por Viviane Santana Paulo”

TEXTOS DE “MATÉRIA DESNUDA”, de Carlos Barbarito

  Desenho: Victor Chab

Finalmente tengo más de un rostro.

Georges Bataille, Sobre Nietszche. Voluntad de suerte, V.

África I

No hay viento, ni rumor de agua, y está oscuro. Quien se extraviara allí jamás saldría o saldría desnudo y loco. Es una selva silenciosa, pero no una selva de plantas y frutos, de enormes y pequeños animales. No, nada de eso. Allí, en perfecta metamorfosis con la oscuridad y el silencio, habitan erráticas sombras, inmóviles furores, una angustia sin medida ni centro, un espasmo que arde con llama fría. Nunca estuve en ese lugar, pero con frecuencia lo veo en sueños. Continuar a ler “TEXTOS DE “MATÉRIA DESNUDA”, de Carlos Barbarito”

ANATOMÍA DAS ESQUECIDAS – Eva Méndez Doroxo

                                                                                                              © Mariam Sitchinava

Falas de min dende o silencio,

agochada no murmurar do tempo.

♣♣♣

A PRIMEIRA VEZ

Engadín a intención toda de liberdade nesta túa anatomía.
Cada perna, pé e man para moverte na firmeza do corpo,
a lingua para lamber as verbas e berralas ao ar,
os dentes, como feroces defensores do teu.

Arrolo a esperanza no meu interior,
soño con días de risos nos que o teu cabelo enrede coa chuvia
e podas enlamarte sen perder a identidade. Continuar a ler “ANATOMÍA DAS ESQUECIDAS – Eva Méndez Doroxo”

TEXTOS POÉTICOS DE FINEZA PINTO

“Lovers” by Picasso

O diálogo

Seus corpos dialogavam num diálogo incomum, que não se lê e não se entende, apenas se sente. Numa linguagem ausente de sinais e de palavras, onde as reticências traziam à baila o ponto do amor, que não era o final. Os seus corpos ora exclamavam ora interrogavam. Numa tentativa de antever o ritmo do amor, faziam dois pontos anunciando os passos que o momento sugeria e deixavam-se mover a passos dançantes, que só o amor sabia dar. A dança não era nem salsa nem valsa, era uma dança desprovida de movimentos próprios, cujos contornos só os pés que amam eram capazes de desenhar. Continuar a ler “TEXTOS POÉTICOS DE FINEZA PINTO”

POEMAS DE Rosa Sampaio Torres

Ós

Sós estamos nós
cascas de noz
a tantos nós.

♣♣♣

Requiem 

 Foste embora, foste embora
companheiro meu…

enciumada estou se a mim
tua esposa, preferiste a morte
como companhia

Foste embora, foste embora

companheiro meu
ficou tua lembrança
como sombra minha.
Foste embora, foste embora
companheiro meu
e nas altas horas da noite
insone ainda
a poesia.

♣♣♣

Tateando

Poeta aguça teus sentidos
olfato, vista.
Ouve com atenção
os mais estranhos sons
enquanto tateia
o  Desconhecido Rosto.

♣♣♣

Para Olga Savary

Sua poesia

 água

fallus

 fogo

paixões.

  A minha

filha sua,

mares

línguas

ondas

também

tensões.

♣♣♣

 Mar

Marula o mar,
estronda a onda.
Embala, acalma
a minha alma.

♦♦♦

Rosa Maria Sampaio Torres – pesquisadora em História (PUC-Rio), é também graduada em Estudos Sociais e pós-graduada em Ciências Políticas. Aluna do filósofo brasileiro Carlos Henrique Escobar acabou por desenvolver, também, seus dotes artísticos – especialmente como poeta, autora do livro “Bendita Palavra”. Já reconhecida como ensaísta, é autora de inúmeros artigos históricos sobre a família Cavalcanti, da qual descende, e agora sobre o poeta Guido Cavalcanti.

POEMAS DE Valda Fogaça

GESTOS DE CONSCIÊNCIA

Julgas que sou par de asas
Impedidas,  cortadas…
Sem bandeiras nem casas,
Fragatas ancoradas?

Sedutora, carente,
Sensual, feminina,
Paixão fogo ardente,
Eis a mulher felina!

Nos mares vejo adentrar
Saltitando nas ondas
Grande barco  afundar,
A explosão estronda.

Lua, sol vestes do tempo.
Como quem troca às vestes
Num penoso lamento,
Dia, noite, astros celestes.

Despindo do sol, da lua
Envelhece o tempo,
Dia a dia, a angustia sua
É a canção do vento.

As vidas se repetem
Trocando de existências
Peitos arfam, padecem,
Gestos de consciências.

♣♣♣

ALAMEDAS TRISTONHAS

Ah essas RUAS! Outrora entupidas de gente, O ar que por elas, hoje, circula beneficia: Baratas e pombos somente… Um tal COVID espalha terror, e ninguém está a salvo, Estão todos, trancafiados em seus lares, padecentes. Lembras-te oh Alamedas risonhas… E, hoje as vejo solitárias tristonhas. Olha! Vejo uma ratazana, fugindo do horror do COVID! Ela sumiu, como toda gente. Fique aí, Contemplando seus fantasmas, enquanto Esperas por uma dose milagrosa! Eu? Ah! Fico aqui te olhando da janela…

♣♣♣

A ARTE O FIO QUE LIGA OS CINCO CONTINENTES

A POESIA é o fio de ouro que liga de um poeta
Ao outro e de um continente ao outro e esta ligação
Tem atravessado o tempo numa perspectiva de
Eternidade se não por algo parecido.

O que me agrada é esta certeza de que estamos entrelaçados
Por esse fio que é do metal mais nobre e não por um
Insignificante fio de náilon. Olho para os cinco continentes e vejo
Esperança no olhar de uns e de outros derramar-se em pranto.

E a paz na casa de uns tantos? Ah! É como meus versos
Despidos de métricas e rimas. E se não fosse a arte
Esse fio de ouro que liga de um continente ao outro?
O que disseram os Profetas e ou os Reis de outras datas
Que estenderam seu olhar aos cinco continentes?

Aos seus ouvidos chegavam clamores  de uns tantos
E júbilos de uns poucos. Ainda bem que a Poesia liga
Um poeta ao outro e um continente ao outro!

Levantes oh pequeno caído e digas  quem és tu!
Afaga-lhe o peito a ufania do nada e quem a ti traz a Salvação?
És tu que estás chorando oh continentes infelizes!
Mas o poeta também chora ao olhar a tua desgraça.

Vi meus avós meus pais falarem sobre:
Tempos bons virão! A paz reina nos sonhos de todos.
Acabou que não vi o tempo passar nem os cinco
Continentes viram. Entretanto as luas são incontáveis.

Aqui estou viva. E minha alegria não se descreve
Com a alegria das borboletas da minha idade.
É essa ligação entre os poetas dos cinco continentes
Que tem atravessado o tempo numa perspectiva de eternidade…

É consoladora  apesar dos conflitos esta certeza de que
Estamos entrelaçados…
É porque nos versos do poeta leia-se a liberdade
A do bater de asas da borboleta recém-saída do casulo.

Nos dias atuais o que reina é o imediatismo frenético.
Raros os que a tentam-se ao mundo em sua volta
Não é de se admirar que sejam muitos os que vivem a olhar
Em direção aos próprios pés com um olhar febril
Para o deslumbre da efemeridade das imagens.

Eu como poeta que sou procuro olhar além do papel
Sobre a minha escrivaninha por essa razão ouso
Atravessar fronteiras para levar o meu pensamento
Que de certo modo é coletivo.

Quando ouso atravessar fronteiras deixo de ser apenas
Um poeta assumo o papel de uma nação que através da
Poesia leva aonde for a sua cultura  certa de que serei
Recepcionada com festividade e que trarei na bagagem
Outras tantas lições culturais para agregarem à minha.

♦♦♦

Valda Fogaça é Poeta, trovadora, cordelista, cronista, romancista e compositora. Estudou Filosofia, Letras e História. Vive em Brasília/DF Brasil.  É colunista do Site Internacional O Segredo e da Revista Sttato. Escreve para três portais: UOL Pensador, Recanto das letras, LinkedIn e para três bloggers. É membro da Associação Nacional de Escritores (ANE). É membro do movimento internacional de Poetas Del Mundo, membro correspondente da Academia Capixaba de Letras e Arte de Poetas e Trovadores, ACLPTCTC.   Instagram: valdafogacaescritora.

POESIA DE Ana Oliveira

©  Bogdan Zwir

O rodopio do tempo

Cruzam-se os espelhos na deformidade anunciada
Quebram-se os cristais voando na multiplicidade das velocidades
Pelos truques de ilusão claustrofóbica e parada
Onde as bestas rastejantes trocam papéis
E saltam nas prateleiras da ostentação das pedras Continuar a ler “POESIA DE Ana Oliveira”

POESIA DE Claudia Vila Molina

Les amants, 1960, by Pablo Picasso.

Dilatación

Esta noche los muebles tienen una mirada extraña, sueño con quienes se aparean en la oscuridad y a lo lejos dispersan nuestro propio sudor.   Ondas accidentales entran en las tiendas, robos de papeles causan la verdadera conjuración de astros. Alguien late fuera de sí, de su misterio. Nosotros escuchamos el viento sobre los árboles, como una imagen encarcelada se detiene el aullido, pero otra señal mueve mi boca. Te busco en las paredes, un departamento rompe los sobres de cartas desaparecidas, un cartel, tu foto enviada de pronto hacia la mansedumbre, una fecha velada en las manos de los familiares. El viento sobre los techos nos previene sobre esa forma de existir, blancos lavatorios espuman mi niñez, ahora te poseo, ahora estás detenido entre imágenes que mueren. Mamá está dormida, sus ojos miran hacia los patios y ese fragmento nos invade, rejas donde hubo cementerios, espacios extensos para quedarse fuera del límite. Mientras otros dejan sus papeles sobre las mesas, ellos llaman a sus madres para recordar, pero el miedo es un bulto que nos divide, nos colocan signos, nos niegan las verdaderas razones.

(Texto inédito Visiones Oníricas) Continuar a ler “POESIA DE Claudia Vila Molina”