SONIA DELAUNAY: CÍRCULOS ENIGMÁTICOS por José António Barreiros

No panorama da pintura europeia, o casal Delaunay é um nome de referência. A sua biografia tem a ver com Portugal. Aqui viveram momentos fundamentais da sua vida artística. Foi no nosso país e por via da luminosidade invulgar do mesmo, que o cromatismo típico da sua linguagem pictórica ganhou individualidade e intensidade. Mas foi aqui que se viram envolvidos numa história de espionagem, precisamente por causa da sua invulgar pintura. Um dia talvez a história dê livro. Assim eu tenha tempo.

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SOLICITAÇÃO DE AMIZADE DE LOURDES BALLET – por Fernando Corona

 

Olavo entrou em seu apartamento e parou no meio da pequena sala para respirar profundamente, já que tinha por hábito não usar o elevador. Estava ofegante por ter subido dois lances de escada e também respirava fundo porque ao entrar sentira que das janelas escancaradas vinham uns ares de outono já com cara de inverno e isto para ele era sempre um cerrar de olhos, um transportar-se para tantos e tantos portos de sua larga vida que agora completava setenta anos.

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QUE LIÇÕES DA LIÇÃO DE ROLAND BARTHES! – por Hilton Fortuna Daniel

Mais difícil que entender Roland Barthes é falar dele, quer dizer, falar da complexidade da sua vasta obra. Pelas suas posições filosóficas, convicções, controvérsias, complexidade textual e até contradições (pois ele próprio admitia que as tinha), Barthes é um autor com, muitas vezes, as ideias vincadas e inflexíveis. É uma tarefa que se torna cada vez mais difícil quando vamos conhecendo com maior profundidade o seu augusto repertório bibliográfico.

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RECENSÃO CRÍTICA AO ROMANCE ESPADA DE SANTA MARIA, DE CÉSAR ALEXANDRE AFONSO por Marisa Luciana Alves

Afonso, César Alexandre (2014). Espada de Santa Maria, Lisboa, Chiado Editora

Espada de Santa Maria, da autoria de César Alexandre Afonso (Psicólogo na Polícia Judiciária), é um romance publicado pela Chiado Editora, que, a meu ver, deixa um legado indelével na literatura portuguesa, no que respeita aos romances históricos. Continuar a ler “RECENSÃO CRÍTICA AO ROMANCE ESPADA DE SANTA MARIA, DE CÉSAR ALEXANDRE AFONSO por Marisa Luciana Alves”

SINHÁ, A DAMA DO SAMBA – por Thais Matarazzo

Dona Sinhá é um dos expoentes femininos na história do samba da Pauliceia. Trouxe o samba no DNA: o pai era sambista de Pirapora e a mãe foliona e entusiasta do carnaval. Continuar a ler “SINHÁ, A DAMA DO SAMBA – por Thais Matarazzo”

ATHENA – Mito & Cultura – por Paulo Ferreira da Cunha

Desenho de Athena@ Paulo Ferreira da Cunha

O Mito é o nada que é tudo

Fernando Pessoa, Mensagem

1.Um Projeto Cultural

Não haverá certamente melhor nome para uma revista de cultura que o de Athena. Para mais uma revista eletrónica, em que o pensamento e a arte se associam naturalmente, indissoluvelmente, à ciência e à técnica. Assim como Athena simboliza a aliança perfeita das mãos e do espírito[i]. Continuar a ler “ATHENA – Mito & Cultura – por Paulo Ferreira da Cunha”

A ESTÉTICA DO CANIVETE SUÍÇO por Ana Almeida Santos

Não me julgues por este coração sedimentado

Nem pelo silêncio que me assiste

(não é por falta de palavras que

se possam entender com as tuas)

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LA RAGAZZA DAS CASTANHAS ASSADAS – por Danyel Guerra

“Cá fora é o vento e são as ruas varridas de pânico,

é o jornal sujo embrulhando fatos, homens e comida guardada”

Carlos Drummond de Andrade

A vez primeira que provei castanhas assadas aconteceu na convicta cidade do Porto, numa tarde outonal, céu forrado de tons plúmbleos, um sábado pejado de humor ranzinza, carrancudo, receando chuva iminente e copiosa. Eu descia a Rua de Passos Manuel, saído de “uma matinê no Cinema Olympia, no Cinema Olympia” onde vira um western spaghetti rodado em…Espanha. Mas não era C’era una volta il West, do Sergio Leone. Chegando à Rua de Santa Catarina, em frente do Café Majestic, quase esbarrei num carrinho, parecido com aqueles de algodão doce e de pipocas. Continuar a ler “LA RAGAZZA DAS CASTANHAS ASSADAS – por Danyel Guerra”

DE FREUD A JUNG, ERA UMA VEZ DANTE ALIGHIERI – por Marilene Cahon

No Monte Olimpo, Zeus, observando a curva geodésica, decidira alterar a lei das três unidades, retirando do Conhecimento as noções de ação, tempo e lugar. Desaparecidas essas realidades, o movimento passou a ser atemporal, permitindo a interação das relações humanas em todos os espaços possíveis.

Divertia-se com as confusões que eram geradas. Seu riso ecoava pelo universo. Quem estava apreensivo e nem um pouco feliz era Khronos. Ao contrário, Kairôs sentia-se cada vez melhor. Aion, por sua vez, chocou-se e emudeceu. Continuar a ler “DE FREUD A JUNG, ERA UMA VEZ DANTE ALIGHIERI – por Marilene Cahon”

SEIS POEMAS – por Fernando Martinho Guimarães

 Fotos: de Lourdes Ximenes

Do Enfado

Enfadado o bastante para escrever,

Dou por mim escrevendo

Sobre o enfado que é escrever Continuar a ler “SEIS POEMAS – por Fernando Martinho Guimarães”

A PEQUENA DOS CHOCOLATES – por Cristina Nobre Soares

(Conto inspirado no poema “Tabacaria” de Álvaro de Campos.)

Bizarro. Murmuro enquanto olho para a biqueira dos sapatos. Finjo que não o vejo enquanto como os chocolates que compro todas as sextas-feiras na Tabacaria. Quantos são? São dois,  respondo e o dono da Tabacaria coloca-os dentro de um cartucho de papel pardo. Continuar a ler “A PEQUENA DOS CHOCOLATES – por Cristina Nobre Soares”

VITREA CASA – por Marília Miranda Lopes

                       Imagem @ José Boldt

Servia para dormir, para comer, para conviver, para amar, para sonhar, mas havia nela um monstro que tinha um olho esquisito no meio da testa. Este ser sobrenatural estava destinado a habitar a casa, à qual se apoderara por configuração de terrenos. Continuar a ler “VITREA CASA – por Marília Miranda Lopes”

MULHERES NAS RUAS DO PORTO – I – César Santos Silva

Bernarda Ferreira de Lacerda (Praceta de)

Início: Dr. Eduardo Santos Silva. João de Azevedo (Ruas) Continuar a ler “MULHERES NAS RUAS DO PORTO – I – César Santos Silva”

DEZ POEMAS – por Pedro López Adorno

Imán

Cuán creíble todo en la imperfección; cuán

decisivo su desliz. Continuar a ler “DEZ POEMAS – por Pedro López Adorno”

O RELÂMPAGO DA SOMBRA, DE CARLOS BARBARITO – Floriano Martins

(PRÓLOGO DE RADIACIÓN DE FONDO, DE CARLOS BARBARITO)

O poeta Carlos Barbarito assim inicia seu livro La orilla desierta (2003): “Esta es mi vida, parece decir la hoja / que cae desde la rama / o la piedra que rueda por la ladera”. E há aqui um deslocamento estratégico que faz com que o poema salte de uma esfera a outra. Continuar a ler “O RELÂMPAGO DA SOMBRA, DE CARLOS BARBARITO – Floriano Martins”

ALGUNS POEMAS de Sidney Rudá

Imagem @ Lourdes Ximenes

CAIS

Que silêncio dissonante ecoa ao som da noite,

Quando ao breu a luz flameja

E ao olhar a prata impera. Continuar a ler “ALGUNS POEMAS de Sidney Rudá”

SOMBRINHA VERMELHA – por Fernando Corona

Imagem: Desenho de Lourdes Ximenes

Nagô acompanhou com o olhar as mucamas deixando a praia rumo à Casa Grande. Tiveram de ir acudir à Sinhá Flora que havia começado com as dores antes do tempo. Continuar a ler “SOMBRINHA VERMELHA – por Fernando Corona”

DIÁLOGO ENTRE PINTURA Y NARRATIVA EN PAISAJE CON ÁNGEL CAÍDO, DE GABRIEL JIMÉNEZ EMÁN – José Gregorio Noroño

En la pintura hay que buscar más la sugestión que la descripción…

Paul Gauguin

El propósito de este ensayo es señalar cómo una imagen pictórica desencadena la construcción de un texto literario, tomando como ejemplo la novela de Gabriel Jiménez Emán, Paisaje con ángel caído, publicada en 2004. Continuar a ler “DIÁLOGO ENTRE PINTURA Y NARRATIVA EN PAISAJE CON ÁNGEL CAÍDO, DE GABRIEL JIMÉNEZ EMÁN – José Gregorio Noroño”