A POESIA DE A. DA SILVA O.

 

Quando me falam em capitalismo saco logo do porta-aviões, diz Piropos em modo de voo


Um animal de palco
ferido de morte

Ao actor tudo é possível
Aparecer em cena depois do pano da vida cair
Mas nunca sai como entra,
dilu Ente

Continuar a ler “A POESIA DE A. DA SILVA O.”

POEMAS DE INVERNO – por Ana Margarida Borges

Foto by Ana M. Borges

Sextilha de Inverno

Já me anoitecem os passos
Quando à varanda me chego.
Chove frio nos meus braços
Galhos secos, desapego.
Inverno, lume, lareira
Fogo e cinzas. Vida inteira. Continuar a ler “POEMAS DE INVERNO – por Ana Margarida Borges”

TRÊS POEMAS DE “MEIO FIO” – de Flavia Ferrari

ANUNCIAÇÃO

Não é possível olhar o alto
Se o ar ao redor está todo preenchido

O espaço pode ser este lugar sufocante
Nomeado
Mas não reconhecido Continuar a ler “TRÊS POEMAS DE “MEIO FIO” – de Flavia Ferrari”

POEMINHOS – 11 – 20 – por Jaime Vaz Brasil

Foto by Paulo Burnay

11.

Noite antes
noite depois:
   eis a constante.

Existir
     é relâmpago. Continuar a ler “POEMINHOS – 11 – 20 – por Jaime Vaz Brasil”

POEMAS DE Rosa Sampaio Torres

“Longa Viagem ao Mundo das Palavras Azuis” by Cruzeiro Seixas.

Inspirada em tela de Cruzeiro Seixas,
  “Longa viagem em palavras azuis” ;
  influência igual de “Lapo e eu”  de Dante. 

Desejo

Singrar longamente

     em alvas velas

             por mares azuis. Continuar a ler “POEMAS DE Rosa Sampaio Torres”

PROSE AND POEMS – by Susan Pensak

Fotografia de Paulo Burnay

Is it raining yet? Is there a chance of rain? Has it rained? Is that smoke I see coming out of the chimney across the street? Is this a picture? Am I looking at something that isn’t moving outside my window? Is that rain? Is that the sound of dragons, dungeons, wildlife, air purifiers, birds, fate? What was the illness I didn’t know by name that made the man’s left eye open incompletely (the one who was begging paradoxically, using a plastic brochure stand as his lectern, like a preacher)? What was his soul affliction? (What’s mine?) Continuar a ler “PROSE AND POEMS – by Susan Pensak”

TRÊS POEMAS DE Tito Leite

Foto de zsófia fehér

URGÊNCIA

Procuro uma palavra sobre a matéria
pueril dessas tardes.
Uma palavra escondida em alguma
boca seca de detalhes.

Falta mãos para colher as flores
de março e o mormaço dos dias
atuais espanta todas as borboletas. Continuar a ler “TRÊS POEMAS DE Tito Leite”

POEMAS DE OUTONO – Ana Margarida Borges

Foto de Ana Margarida Borges

SINFONIA DE OUTONO

Há perfeita sintonia
Entre as folhas e meu canto.
É o espanto que me guia
Na palidez outonal
Como o rio, me despeço
Deste enorme matagal
De Bacus. À vida cedo
E ao Douro me confesso

Continuar a ler “POEMAS DE OUTONO – Ana Margarida Borges”

SEVLA ORIEBIR – por Correia Machado

 

As curvas doces desaguam em rectas um pouco menos que obtusas

que lhe fazem o rosto um poema para eu dizer, para eu olhar, e me desfazem a vontade de ser de muitas.

Eu serei só dela. Continuar a ler “SEVLA ORIEBIR – por Correia Machado”

TEXTOS POÉTICOS DE Claudia Vila Molina

 

©Júlia Moura Lopes- rio de mel

Memorias de luz

1

Ilumino el tiempo
parten trenes hacia el país del ensueño

2

Rostros avanzan por la muralla
tanta similitud en nuestros roces
que estallamos en un minuto
y agonizamos Continuar a ler “TEXTOS POÉTICOS DE Claudia Vila Molina”

POEMINHOS – Série de I a X- de Jaime Vaz Brasil

Foto de NSU MON
Poeminhos

1.

é a esperança

voando a pé.

—◊-◊-◊—

2.

A poesia existe

no que a palavra

não disse. Continuar a ler “POEMINHOS – Série de I a X- de Jaime Vaz Brasil”

NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR – por José Pérez

“Mulher Chorando”, by Pablo Picasso

NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR

Para Polimnia Sánchez, en Nueva York

y Julia Moura Lopes, en Porto

Por impostura o condena
aberración o inocencia
pobreza o abatimiento
no quiero ver una mujer llorar

Que se derrumben las catedrales
mausoleos y grandes torres
Que se calcinen los lechos
jardines profanados
cocinas ensangrentadas
aposentos y oficinas
donde se hayan hundido sus lágrimas

Por cobardía o jerarquía
dominación o violencia
abandono o traición
no quiero ver una mujer llorar Continuar a ler “NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR – por José Pérez”

A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado

 

As ruas da cidade

As ruas da cidade são inundadas de luzes indiscretas
e vozes esparsas que falam com as cassiopeias.
A noite é imensa e as luzes têm a solidão dos velhos.
Os passos são cadenciados ao ritmo de um poema,
escrito por amor, que acabou por não ter destino.
Um bêbado encosta-se ao candeeiro da esquina
e um carro pára perto da prostituta que mastiga chiclete
e puxa a meia calça já rota de tantas noites.
Uma e outra janela mostram a insónia de quem já não dorme
e um faminto revolve os sacos deixados com sobras de nada.
Já não há corpos diáfanos nem Primaveras férteis. Continuar a ler “A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado”

QUATRO ENSAIOS LÍRICOS DE HENRIQUE MIGUEL CARVALHO

Foto de Henrique Miguel Carvalho

NINFA

são lírios
——–os teus braços,
erguendo-se
——–de um
charco fundo,
anelando
——–o beijo do sol
——–e outras carícias de luz Continuar a ler “QUATRO ENSAIOS LÍRICOS DE HENRIQUE MIGUEL CARVALHO”

SERVENTIA – por Jaime Vaz Brasil

Navio de carga Galant Lady

Uma grande rebelião
sem causa e também sem lema
não leva ninguém a nada.
  Mas serve para o poema.

Um tombo dentro da alma
no arranha-céu dos dilemas
aos outros, talvez não sirva.
  Mas serve para o poema.

Um roteiro que tropece
na escadaria do tema
talvez não sirva ao aplauso.
  Mas serve para o poema

Um barco em pleno deserto
que o braço-em-gesso não rema
não vai ao cais nem às ondas.
  Mas serve para o poema.

Uma andorinha sem asas
leva no corpo um corpo um problema
e não traz verão no bico.
  Mas serve para o poema

Tudo o que dorme esquecido
bilhete, foto ou emblema,
a muitos não tem prestança.
  Mas serve para o poema.

Cada tristeza, cada riso
o sofrimento com seus escudos
a correnteza,
o silêncio, o impreciso:
Ao poema serve tudo.

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

VENTOZELO – por Januário Esteves

Ventozelo

Era nas noites de trovoadas, quando o relâmpago
Ao sul se descarregava no esqueleto das árvores
E em transe percutíamos a glande do mistério
Vinham os animais despojar a crença do nosso sacrifício
E logo reflectíamos a posse da atmosfera circundante
De intemporal solenidade, de prosaico pragmatismo
Convertendo as relações em dependências familiares
Na consanguinidade dos gestos e das partilhas
Mordidas na mesma carne que nos sustenta
Cultivando a emancipação dos costumes
À luz da morte que nos iluminou. Continuar a ler “VENTOZELO – por Januário Esteves”

POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)

 

“Mulher e pássaro”, by Di Cavalcanti 1973

UNA MUJER FELIZ

He buscado en mi camino una mujer feliz
con nombre de rosa
con risa de espumas
donde las horas del sufrimiento no muestren
las sangrantes espadas

Una mujer feliz a secas
una bandera blanca de palomas
junto a campanarios de oro y sábanas de seda
como si un canto infantil la entretuviera
como si un aliento de niña escapara de sus sueños

Una mujer feliz no se parece a las culebras
no tiene vena en las espinas
ni está enterrada en la tristeza de una ventana vacía Continuar a ler “POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)”

POEMAS DE Jéssica Iancoski

IDEOLOGIA MACARRÃO

Para Matheus Guménin Barreto

pode até ter
de sêmola
mas
o brasieiro
pai de família
come Continuar a ler “POEMAS DE Jéssica Iancoski”

POEMAS DE António Pedro Ribeiro

Foto de Paulo Burnay

OS SINOS NA CASA DA MINHA AVÓ

Os sinos da igreja
na casa da minha avó
em Braga
onde estás, minha avó,
que eras bondade
e serenidade
e me davas tudo? Continuar a ler “POEMAS DE António Pedro Ribeiro”

CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina

Foto de Paulo Burnay

Poemas extraídos desde libro inédito “Corteza oceánica”

Reflejos de agua

Me imagino debajo del agua, mientras la estación sigue despidiendo sus visitas, como un sol pulsa dentro de nosotros. Copulamos hasta que el instinto nombra objetos puros y ya no existen intenciones de la sangre, bebo del agua y se vierte el líquido dentro de vasos. El amor se muestra palpitante como un trozo de piel. Continuar a ler “CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina”

12 POEMAS DE LA COLECCIÓN HdeA – por Rolando Revagliatti

Foto de Paulo Burnay

No me hagan pensar

Me niego, no insistan
no me hagan pensar
en la falta

No hay falta

Y no me hace falta

Pensar.

Continuar a ler “12 POEMAS DE LA COLECCIÓN HdeA – por Rolando Revagliatti”

POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO

Arte de Carlos Saramago

o quanto a gente é caroço da gente
se sofre por não conseguir semear   rebrotar
o que seríamos sem a nossa casca?
tem gente que não cai nem de maduro
tem gente que tá lá no solo
livre da haste mas não do poder das formigas

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços

o tempo vai modificando a areia
os grãos vão migrando para perto e longe
de si

a gente é o caroço da gente
bagos na escádea    picinguaba na árvore azul

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços
e a gente é o caroço da gente Continuar a ler “POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO”

DOIS POEMAS DE Ulises Varsovia

Foto de Paulo Burnay

La casa

Me iré. Te irás.
Nunca regresaremos.
Nadie preguntará,
y la casa quedará
girando en el tiempo.

Vacía, en silencio,
sola en la soledad
de nadie durmiendo,
de nadie sintiendo
arder la eternidad. Continuar a ler “DOIS POEMAS DE Ulises Varsovia”

ATÁVICA – por Claudia Isabel Vila Molina

Foto de Luís Guerra e Paz

Extrañeza

Un día particular choca de frente contra el influjo del aire
es necesario cuadrar esta nomenclatura traducir rostros menores
y anunciar los cultos
será por lo tanto una nueva llamarada entre los vigilantes
¿Será que permanecen ensombrecidos entre sus ramas de invierno? Continuar a ler “ATÁVICA – por Claudia Isabel Vila Molina”

ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves

“A estátua do peixe. O homem com a criança” de Salvador Dali

Peixes

Quando os vorazes famintos atacaram a pacifica comunidade,

tirando-lhes o seu lugar de viver e relegaram as pessoas

para os subúrbios onde ninguém se conhece e cumprimenta

veio transcendente uma alucinante ideia de transformar Continuar a ler “ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves”

AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal

“O 68”. Foto: Nelson González Leal. Cidade do México, agosto 2019.

 

O que faz aquele homem sentado sozinho na calçada?

Se for um homem. E por que tem que ser?

Por que meu olhar vê dessa maneira?

Que carta de identidade jogo para conhecê-lo? Continuar a ler “AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal”

NOVÍSSIMO DECAMERON – por Paulo Ferreira da Cunha

MULHER DE LOT

Pesados sulcos, fundo na Memória,
A fogo e ferro marcados n’alma leve;
Lembrança doce do Bem que se teve,
Cuidando-o ‘inda futuro e não história. Continuar a ler “NOVÍSSIMO DECAMERON – por Paulo Ferreira da Cunha”

RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez

 

Desenho de João Francisco Baptista

Pegarei emprestadas as forças contigo até conseguir reencontra-las em mim.

Enquanto isso a transição da terra faz a travessia em águas profundas da universalidade, imersa pela “natureza” e pela natureza humana… na terceira margem introspectivo, extraída no processo civilizatório invencionático, tangencial aos sentidos sistémicos “naturais”, mergulho. Continuar a ler “RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez”