PROSE AND POEMS – by Susan Pensak

Fotografia de Paulo Burnay

Is it raining yet? Is there a chance of rain? Has it rained? Is that smoke I see coming out of the chimney across the street? Is this a picture? Am I looking at something that isn’t moving outside my window? Is that rain? Is that the sound of dragons, dungeons, wildlife, air purifiers, birds, fate? What was the illness I didn’t know by name that made the man’s left eye open incompletely (the one who was begging paradoxically, using a plastic brochure stand as his lectern, like a preacher)? What was his soul affliction? (What’s mine?) Continuar a ler “PROSE AND POEMS – by Susan Pensak”

NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR – por José Pérez

“Mulher Chorando”, by Pablo Picasso

NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR

Para Polimnia Sánchez, en Nueva York

y Julia Moura Lopes, en Porto

Por impostura o condena
aberración o inocencia
pobreza o abatimiento
no quiero ver una mujer llorar

Que se derrumben las catedrales
mausoleos y grandes torres
Que se calcinen los lechos
jardines profanados
cocinas ensangrentadas
aposentos y oficinas
donde se hayan hundido sus lágrimas

Por cobardía o jerarquía
dominación o violencia
abandono o traición
no quiero ver una mujer llorar Continuar a ler “NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR – por José Pérez”

A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado

 

As ruas da cidade

As ruas da cidade são inundadas de luzes indiscretas
e vozes esparsas que falam com as cassiopeias.
A noite é imensa e as luzes têm a solidão dos velhos.
Os passos são cadenciados ao ritmo de um poema,
escrito por amor, que acabou por não ter destino.
Um bêbado encosta-se ao candeeiro da esquina
e um carro pára perto da prostituta que mastiga chiclete
e puxa a meia calça já rota de tantas noites.
Uma e outra janela mostram a insónia de quem já não dorme
e um faminto revolve os sacos deixados com sobras de nada.
Já não há corpos diáfanos nem Primaveras férteis. Continuar a ler “A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado”

SERVENTIA – por Jaime Vaz Brasil

Navio de carga Galant Lady

Uma grande rebelião
sem causa e também sem lema
não leva ninguém a nada.
  Mas serve para o poema.

Um tombo dentro da alma
no arranha-céu dos dilemas
aos outros, talvez não sirva.
  Mas serve para o poema.

Um roteiro que tropece
na escadaria do tema
talvez não sirva ao aplauso.
  Mas serve para o poema

Um barco em pleno deserto
que o braço-em-gesso não rema
não vai ao cais nem às ondas.
  Mas serve para o poema.

Uma andorinha sem asas
leva no corpo um corpo um problema
e não traz verão no bico.
  Mas serve para o poema

Tudo o que dorme esquecido
bilhete, foto ou emblema,
a muitos não tem prestança.
  Mas serve para o poema.

Cada tristeza, cada riso
o sofrimento com seus escudos
a correnteza,
o silêncio, o impreciso:
Ao poema serve tudo.

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

VENTOZELO – por Januário Esteves

Ventozelo

Era nas noites de trovoadas, quando o relâmpago
Ao sul se descarregava no esqueleto das árvores
E em transe percutíamos a glande do mistério
Vinham os animais despojar a crença do nosso sacrifício
E logo reflectíamos a posse da atmosfera circundante
De intemporal solenidade, de prosaico pragmatismo
Convertendo as relações em dependências familiares
Na consanguinidade dos gestos e das partilhas
Mordidas na mesma carne que nos sustenta
Cultivando a emancipação dos costumes
À luz da morte que nos iluminou. Continuar a ler “VENTOZELO – por Januário Esteves”

POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)

 

“Mulher e pássaro”, by Di Cavalcanti 1973

UNA MUJER FELIZ

He buscado en mi camino una mujer feliz
con nombre de rosa
con risa de espumas
donde las horas del sufrimiento no muestren
las sangrantes espadas

Una mujer feliz a secas
una bandera blanca de palomas
junto a campanarios de oro y sábanas de seda
como si un canto infantil la entretuviera
como si un aliento de niña escapara de sus sueños

Una mujer feliz no se parece a las culebras
no tiene vena en las espinas
ni está enterrada en la tristeza de una ventana vacía Continuar a ler “POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)”

CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina

Foto de Paulo Burnay

Poemas extraídos desde libro inédito “Corteza oceánica”

Reflejos de agua

Me imagino debajo del agua, mientras la estación sigue despidiendo sus visitas, como un sol pulsa dentro de nosotros. Copulamos hasta que el instinto nombra objetos puros y ya no existen intenciones de la sangre, bebo del agua y se vierte el líquido dentro de vasos. El amor se muestra palpitante como un trozo de piel. Continuar a ler “CORTEZA OCEÁNICA – por Claudia Vila Molina”

POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO

Arte de Carlos Saramago

o quanto a gente é caroço da gente
se sofre por não conseguir semear   rebrotar
o que seríamos sem a nossa casca?
tem gente que não cai nem de maduro
tem gente que tá lá no solo
livre da haste mas não do poder das formigas

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços

o tempo vai modificando a areia
os grãos vão migrando para perto e longe
de si

a gente é o caroço da gente
bagos na escádea    picinguaba na árvore azul

as horas despencam
os dias vão caindo dia-a-dia
as descobertas se tornando bagaços
e a gente é o caroço da gente Continuar a ler “POEMAS DE VIVIANE DE SANTANA PAULO”

RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez

 

Desenho de João Francisco Baptista

Pegarei emprestadas as forças contigo até conseguir reencontra-las em mim.

Enquanto isso a transição da terra faz a travessia em águas profundas da universalidade, imersa pela “natureza” e pela natureza humana… na terceira margem introspectivo, extraída no processo civilizatório invencionático, tangencial aos sentidos sistémicos “naturais”, mergulho. Continuar a ler “RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez”

A CASA DO CORAÇÃO – por Jaime Vaz Brasil

A Casa do Coração

Na casa do coração
convivem dois inimigos

presos na árida corda
das horas, por seus umbigos.

Na casa do coração
(quem a visita pressente)

um deles pulando corda
e o outro rangendo os dentes.

Na casa do coração
um deles constrói seu nada

enquanto o outro levita
e põe flores na sacada.

Um deles grita e se arranha
e do que pode, reclama

enquanto o outro se enflora
e troca os lençóis da cama.

Um amarra seus legados
em cordames ressentidos.

O outro planta gerânios
e vai ao livros não lidos.

Um deles em cada porta
impõe trancas e cancelas

enquanto aos poucos o outro
pinta de branco as janelas.

Se o próprio Deus tem três faces
porque o homem haveria

de guardar um só conviva
em seu dentro, a cada dia?

 

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

POEMAS de Januário Esteves

 William Turner: The Fighting Temeraire tugged to her Last Berth to be broken up, 1838, 1839 (detail)

Mãos devagar te levam

Mãos devagar te levam
E tu não dás por nada
Como dum cinzel purificador
A sombra é-te retratada
Para os Céus ergueste as crenças
Sem elas eras olvido
Num pranto com luz ao meio
No escuro quarto retido. Continuar a ler “POEMAS de Januário Esteves”

POEMAS DE MADALENA MEDEIROS

TUDO OU NADA! AOS “CARVALHOS”…

Pró ” Carvalho” vai tudo!
Tudo!Tudo, ou nada!
Há tamanhos e formas,
curtos, compridos e espessos!…

Pró “Carvalho, não vai nada?
Nada! Que bem lhe fica a gravata!
Por onde passa tudo esgravata,
e dos tombos cai na mocada…

Há quem diga!
Pernas são canelas,
merda pra quem olha pra elas…
Por outro! Há quem diga!
Carvalhos, são caralhos,
merda pra quem tem alhos! Continuar a ler “POEMAS DE MADALENA MEDEIROS”

POEMAS DE MICHELIN DOS ROUSSES – por Ricardo Echávarri

 

http://chezstyve.centerblog.net/rub-Mes-poemes.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAYASOS TRABAJANDO

Filoso retoca el marfilino brillo de la luna
Es noche y se oye el frufrú lejano

Sombrita, con su serrucho, delinea la silueta del mar
Eso de hacer olas es un buen ejercicio

Tilichito viste de frac un elefante
Pide a su utilero:
“¿podría traerme por favor un espejo más grande?” Continuar a ler “POEMAS DE MICHELIN DOS ROUSSES – por Ricardo Echávarri”

Jannowitzbrücke – por Viviane Santana Paulo

começo com este nada de hoje vibrando mediocridade 

latente e late

pulsando o sangue gelado e cinza   das coisas cansativas

que me cingem        quase dípteros reverberantes  

as folhas das árvores nas calçadas estão manchadas de fungo

passo indiferente como sempre faço

a indiferença é uma estratégia   escudo e arma  

às vezes asfixia  pode-se matar ou morrer de indiferença   

ela furta a vida e também a usamos para sobreviver   

enquanto vou descobrindo Continuar a ler “Jannowitzbrücke – por Viviane Santana Paulo”