AMORÁVEL – por Jaime Vaz Brasil

  Amorável Eu vim, amor pra recolher a sombra leve dos teus passos e com o abraço que guardei e não sabia. Vim pra dizer que tudo é breve mas demora bem mais que deve, se a razão despede a hora.

POEMINHOS (51-60) – por Jaime Vaz Brasil

              51. Nenhum poema esgota o tema. Mas, quando bom, põe a verdade em estado de estando… 52. Dante, à porta do inferno: – “Deixai, vós que entrais, toda a esperança”. Quintana retrucou, na entrada: – “Esperança é uma espera que não cansa”. Eu? Ora… sentei num banquinho e …

SERVENTIA – por Jaime Vaz Brasil

Uma grande rebelião sem causa e também sem lema não leva ninguém a nada.   Mas serve para o poema. Um tombo dentro da alma no arranha-céu dos dilemas aos outros, talvez não sirva.   Mas serve para o poema. Um roteiro que tropece na escadaria do tema talvez não sirva ao aplauso.   Mas …

 EDITORIAL – “Pessoa: Singularmente plural” – por Jaime Vaz Brasil

A singular pluralidade de Fernando Pessoa passa, antes de tudo, pela gênese artística de seus heterônimos. Seja como Fernando – o próprio – , Álvaro, Alberto ou Ricardo (ou ainda Bernardo e outros menores), o genial poeta criou personagens que existiram soberanos em estilo, temática, dimensão estética e qualidade.

A CASA DO CORAÇÃO – por Jaime Vaz Brasil

A Casa do Coração Na casa do coração convivem dois inimigos presos na árida corda das horas, por seus umbigos. Na casa do coração (quem a visita pressente) um deles pulando corda e o outro rangendo os dentes. Na casa do coração um deles constrói seu nada enquanto o outro levita e põe flores na …

O CICLO MÍTICO DE ÉDIPO – por Jaime Vaz Brasil

  “Aceitar a idéia do Complexo de Édipo sem compreender o mito e a peça de onde  Freud tirou seu nome é uma forma de aceitar a psicanálise sem tentar alcançar o seu mais profundo significado[1][1]”.       Bruno Bettelheim I. De Tântalo até Laio A história do ciclo mítico de Édipo marca seu início com Tântalo[2][2], …

BESTIÁRIO DA SOMBRA E OUTROS POEMAS de Jaime Vaz Brasil

Bestiário da Sombra A morte é um lobo à espreita: imóvel, mudo e pulsante. (No olho, o gelo põe cores de quem domina, distante.) A morte é serpente rasa e nos vive – de pequenos – destilando em nossas veias o seu mais lento veneno. A morte é um urso hibernante que dorme, imóvel e …

PEQUENOS CONTOS -II de Jaime Vaz Brasil

Guilherme Tell e Eu Meu primo ganhou de natal um arco-e-flecha. Treinávamos pontaria em latas, galinhas e árvores. Fizemos torneios. Ele era mais velho que eu, treinava mais e vencia sempre. Aí me convenceu a colocar uma maçã na cabeça. Se eu pudesse, contava como é sentir aquele zunido da flecha vindo, aquele friagem que …

PEQUENOS CONTOS DE JAIME VAZ BRASIL

A Arte de Conquistar o Mundo O exército do país A invadiu o país B. Morreram muitas pessoas nos dois lados. O país A, apesar de enfraquecido com as baixas, venceu. Mesmo debilitado, percebeu que amedrontara o país C, e isso o impeliu a invadi-lo. Outras mortes, mas a coragem já superava qualquer dificuldade. Pôs …

UM HOMEM SÓ PELE – por Jaime Vaz Brasil

Não posso pegar vento, por isso quase não saio mais de casa. Até saio, mas é direto para o trabalho. Depois, de volta e depressa. Quando eu era pequeno, me lembro um pouco disso de não tomar vento. Mas a situação era outra. Quando conheci Alice, conheci a paixão e suas maravilhas. Os abraços de …

O DUELO FINAL – por Jaime Vaz Brasil

No porão, esperávamos o Águia. Atrasado, como sempre. Mas viria, cedo ou tarde. Viria com o nariz erguido, a roupa surrada e a tatuagem no braço que lhe valera o apelido. Iniciamos sem ele. Raimundo Sanchez estava com aquele casaco que o deixava ainda mais gordo, e foi desenrolando devagar a planta, desenhada em papel …

NOSSO TIO, TENENTE ALFREDO NUNES, CONTAVA HISTÓRIAS – por Jaime Vaz Brasil

Nosso velho tio Alfredo Nunes era tenente do exército. Depois de reformado, sempre que nos visitava, dizia dos acontecidos no tempo de quartel. Gostávamos de ouvir das manobras e dos exercícios de guerra. Nosso tio Alfredo era uma espécie de herói familiar. Ficávamos ao redor dele. Depois de uma cerveja que outra, desenrolava a língua. …

A ÚLTIMA ESCURIDÃO DE GONZALES – por Jaime Vaz Brasil

Imagens de Lourdes Ximenes Gonzales entrou em casa como quem procura barulho na sombra. E tudo estava escuro demais. Com isso, nem sombra apareceu. Fez dois ruídos opacos. Um quando tentou abrir a porta sem acordar a dobradiça velha. Outro, quando quis acender a luz. Compreendeu a escuridão e sacou lentamente o punhal.

CAPA DA EDIÇÃO Nº 29 de Setembro de 2024

          DIRECÇÃO: Júlia Moura Lopes DIRECTOR ADJUNTO: Artur Manso Artigo Destaque: In Memoriam Paulo Lúcio/Lucio Valium, por Atur Manso   COLABORARAM: Alda Fontes, Alvaro Acevedo, Artur Manso, Claudia Vila Molina, Danyel Guerra, Dercio Brauna, Fernando Martinho Guimaraes, Francisco Fuchs, Idalina Correia Da Silva, Jaime Vaz Brasil, Jardel Dias Cavalcanti, Lionilda Pereira, …

FICHA TÉCNICA DA EDIÇÃO 29 – SETEMBRO/2024

 EDIÇÃO Nº 29-  DE SETEMBRO /  2024  -HOMENAGEM PAULO LÚCIO/ LÚCIO VALIUM- DIRECÇÃO:  Júlia Moura Lopes ⌉ Artur Manso  CAPA: Fotografia de PAULO BURNAY COLABORAM AINDA: Alda Fontes, Alvaro Acevedo, Artur Manso, Claudia Vila Molina, Danyel Guerra, Dercio Brauna, Fernando Martinho Guimaraes, Francisco Fuchs, Idalina Correia Da Silva, Jaime Vaz Brasil, Jardel Dias Cavalcanti, Lionilda …