LUA DE PAMPA E DE MUNDO – Jaime Vaz Brasil

Lua, Lua
do Pampa, do Plata,
da Índia, de Angola…

A lua ensaia há milênios
 -em silêncio e placidez-

ao negroazul do tablado
  quatro ensaios de nudez.

Lua, Lua
das matas, dos cerros,
da Espanha, do Alhambra…

A quem ousar decompô-la
  por onde pense que leia

    há de curvar-se. E beijaimeá-la:
      não existe lua feia.

Lua, Lua
De Lorca-Gitano,
de Fuentevaqueros…

A Lua não dorme à noite
  e a si mesma não inspira

      nem cultiva insônia e sono:
          apenas existe. E gira.

Lua, Lua
de Tapes, Durazno,
de Roma e Peruggia…

Em quietude ela se noiva,
  com seu noturno disfarce.

      Porém, por mais que se esconda,
          mais o seu fim é mostrar-se.

Lua, Lua
da Calle Florida,
do Mar dos Açores…

Mas e se o Céu for um campo
  onde um menino perdeu

      a bola branca que gira
         brincando nas mãos de Deus?

Lua, Lua
          do Pampa, da Plata,
               da Índia, de Angola,

Lua, Lua
das matas, dos cerros,
     da Espanha, do Alhambra.

    De Lorca-Gitano,
              de Fuentevaqueros,

    de Tapes, Durazno,
             de Roma e Peruggia.

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.