O CICLO MÍTICO DE ÉDIPO – por Jaime Vaz Brasil

  “Aceitar a idéia do Complexo de Édipo sem compreender o mito e a peça de onde  Freud tirou seu nome é uma forma de aceitar a psicanálise sem tentar alcançar o seu mais profundo significado[1][1]”.      

Bruno Bettelheim

I. De Tântalo até Laio

A história do ciclo mítico de Édipo marca seu início com Tântalo[2][2], filho de Júpiter e da ninfa Plota, e considerado um amigo dos deuses. Conta a mitologia que, para testar-lhes a ubiqüidade, matou o próprio filho (Pélope[3][3]) e serviu-o em um banquete, com  grandes requintes, onde os deuses foram os convidados especiais[4][4]. A intenção, desta forma, seria ver se realmente os deuses possuíam clarividência plena, sabiam de tudo e estavam em todos os lugares ao mesmo tempo. O preço deste “teste” é bastante alto: o assassinato do próprio filho e a possibilidade de ser descoberto e punido.

Ao ser descoberto o filicídio, Júpiter condenou-o a uma estranha maldição: solicitou a Mercúrio que o deixasse à margem de um determinado lago e colocou perto de sua boca um ramo de frutas, que lhe “fugia” sempre que tentava alimentar-se. O mesmo aconteceu com a água, e assim Tântalo passou o resto dos seus dias, com muita sede e fome, definhando numa estranha dança de gestos ineficientes e sofridos, e oralmente insatisfeito[5][5].

Pélope foi ressuscitado pelos deuses, que substituíram sua espádua (ver nota de rodapé) por outra, de marfim, com propriedades de curar as doenças de quem a tocasse. Veio depois a conhecer Hipodamia, princesa lindíssima e filha do Rei Enomaus de Elis (ou de Elida). Este rei, filho de Marte, ficou sabendo através de um profeta, que viria a ser morto por um neto. Resolveu então não permitir o casamento de sua filha, para desta forma impedir o nascimento do neto que poderia vir a matá-lo no futuro. Contudo, os príncipes pretendentes à mão de Hipodamia eram muitos, e para afastá-los o rei avisou que só entregaria a mão da princesa a quem o vencesse em uma corrida de carruagens, arte na qual era praticamente imbatível, devido à categoria de seus cavalos e à técnicas apuradas de disputa. Entre estas técnicas, uma delas consistia em colocar junto de si, na carruagem, a própria filha. Este artifício geralmente inibia, distraía ou ofuscava os concorrentes-rivais, e o rei colecionou com isso inúmeras vitórias, e gabava-se do seu especial talento de guardião. Curiosamente, todos os príncipes que haviam tentado vencê-lo terminaram morrendo durante a corrida ou logo após a derrota. Mesmo sabedor disso, Pélope não se intimidou, desafiando o rei Enomaus. Trapaça por trapaça, procurou o cocheiro real, chamado Mirtilo, e propôs a ele um conchavo, convencendo-o a trocar os eixos de ferro da carruagem por barras de cera endurecida. Com o aquecimento das barras durante a corrida, a cera derreteu e o rei foi derrotado e morto nesse “acidente” infeliz. Assim, vencido o duelo, Pélope desposou Hipodamia e assumiu o reino. (Ou seja: Hipodamia casou-se com a assassino do próprio pai). Mirtilo veio ao rei Pélope, logo em seguida, pedindo uma recompensa pela ajuda prestada e foi imediatamente morto por ele, condenando-o pela traição a seu rei. (Quem traiu um soberano, haverá de trair o sucessor). Desta forma, teórica e literalmente, tanto Pélope quanto Enomaus mataram para não serem mortos no futuro.

Do casamento de Pélope com Hipodamia nasceram filhos cuja trajetória não foi menos cruenta. Por ciúme, o caçula Tiestes roubou o carneiro predileto do irmão Atreus. (Carneiro especial, possuía os pêlos de ouro). Esse fato desencadeou uma onda de retaliações e contra-retaliações, culminando a discórdia com o fato do relacionamento entre Tiestes e a esposa do irmão, sua cunhada Europa. Enfurecido, Atreus terminou por matar os filhos de Tiestes, como vingança à união incestuosa, e serviu os sobrinhos em banquete ao próprio irmão. (Diz-se que neste dia nem mesmo o sol se fez aparecer, para não ser obrigado a iluminar tal horror entre irmãos).

Em seu reino, Pélope abrigou certa vez um jovem chamado  Laio, filho do Rei Lábdaco[6][6]. Laio (futuro pai de Édipo) contava com 1 ano de idade quando da morte de Lábdaco e não poderia assumir o trono. Por essa razão, foi entregue a um preceptor chamado Licos, que posteriormente tenta destronar Laio[7][7] e acaba desterrando-o[8][8]. Foi então que Pélope, Rei de Corinto?, que o acolheu com estima e cuidados. Apesar disso, Laio[9][9] terminou por raptar e seduzir Crisipo, um dos filhos do rei, pois sentia que este era -naturalmente- mais amado do que ele. Esta sedução ingrata resultou na fúria de Pélope que o amaldiçoou[10][10], dizendo-lhe que, se vier a ter um filho, este filho irá matá-lo.[11][11] Tal maldição foi anunciada posteriromente pelo Oráculo e Delfos. (O Oráculo era o local onde sacerdotes respondiam -metaforicamente- aos que ali viessem questioná-los sobre dúvidas pessoais, acontecências futuras e vicissitudes da vida. As respostas geralmente se davam de forma simbólica, imagística, muitas vezes com dupla interpretação, cabendo ao ouvinte adequar o que ouviu à sua realidade circunstancial). No Oráculo de Delfos, Laio tomou conhecimento da profecia que, no futuro, viria a sucumbir assassinado pelo próprio filho.

Até aqui, Édipo ainda não nasceu, mas nossa história já conta com um farto repertório de filicídios, parricídios, fraticídios, seduções, incestos e traições. Em algumas passagens os elementos estão claros, e em outras os ventos da tragédia balançam as entrelinhas entre uma e outra situação, a lembrar que, já antes de Édipo, o quão proibidas e perigosas poderão ser as condutas afilhadas do inconsciente, se não sofrerem uma tradução a tempo e não forem mediadas e controladas. (Cabe a sentença de  Freud: “A civilização repousa sobre o controle dos impulsos”). Também as vinganças se processam no texto de forma direta ou indireta, mesmo as vinganças por antecipação (profiláticas), havendo no mínimo algum tipo de relação entre uma e outra personagem mítica, mesmo que através dos corredores do tempo.

  1. De Édipo até Jocasta

Laio, marido de Jocasta, sabedor da profecia do Oráculo, tentou evitá-la da maneira que pôde. Sua primeira medida foi abandonar as relações sexuais com Jocasta, sem explicar a ela as razões da abstinência. Mas Jocasta um dia embriaga Laio e o leva a ter relações sexuais com ela. Foi deste intercurso, com um progenitor embriagado, que deu-se a gravidez de Jocasta. Logo após o nascimento do filho Édipo, mandou que lhe perfurassem os calcanhares e amarrassem firmemente os dois pés. Após, entregou-o a um servo, para que o abandonasse no deserto. O servo, por sua vez, repassou a incumbência a um pastor. (Na atitude, aparece uma ambivalência nítida, pois seria de se esperar que, em não vendo o filho morto, as chances do bebê sobreviver exisitiriam, por menores que fossem. Como de fato aconteceu, pelo descumprimento da ordem de Laio). Assim, previsivelmente, compadecidos com a situação do bebê, tanto o servo quanto o pastor, foram os vetores da salvação do menino. O pastor levou Édipo até o rei de Corinto, chamado Políbio, que não tinha filhos e que, juntamente com sua esposa Mérope, adotou-o, batizando-o de “Oedipodes”. O nome de batismo adveio do significado: “aquele que tem os pés inchados[12][12]”, devido às perfurações e amarras impostas por Laio. Políbio terminou por chamá-lo simplesmente de “Oedipo” (Édipo), e ensinou-lhe pessoalmente as letras e os conhecimentos que o tornariam, mais tarde, um individuo culto e com inteligência reconhecida. (Fato importante para que pudesse vir a decifrar, no futuro, o enigma que veremos mais adiante).

Em um banquete, um bêbado proclama que Édipo não é filho bilógico de Políbio e Mérope[13][13]. Com a afirmação, Édipo vai ao Oráculo.  Lá, as pitonisas repetem a sentença anunciada a Laio: fica sabendo que viria a assassinar o próprio pai e desposar a mãe. Mais objetivamente, chega a perguntar ao Oráculo se Políbio e Mérope são realmente seus pais verdadeiros. As pitonisas não respondem. Apavorado, de imediato resolveu não mais retornar ao palácio (julgando que os pais adotivos são os verdadeiros) para não correr o risco de ver cumprido o fatídico anúncio. Passa a vagar pelo mundo, sem rumo definido. Por um desentendimento ocorrido, peculiarmente, em uma encruzilhada, uma carruagem tenta forçar o caminho eleito por Édipo. Ele tenta  prosseguir por esse caminho da bifurcação e é impedido por Laio. Novamente, Édipo é impedido de seguir o seu caminho. Dessa curiosa interdição (ou re-interdição) nasce (ou renasce) uma luta na qual Laio terminou assassinado por Édipo[14][14]. No conflito, Édipo terminou assassinando, além do pai, o cocheiro e três outros homens que acompanhavam o rei. Apenas um sobrevive. Seguiu depois por seu indefinido caminho e chegou até à cidade de Tebas, povoação famosa da Beocia, fundada por Cadmo. (Ganhou esse nome devido a Thebe, mulher de Marte e rainha da região). Lá, Édipo encontrou-se com a Esfinge (O monstro Sphynx), com rosto de mulher e corpo de leão alado. Localizado no cume do monte Citeron, lá ficava, a mando de Juno, a propor um enigma e devorar aqueles que não soubessem a resposta.

Tal enigma consistia em saber qual seria o animal possuidor de quatro pés de manhã, dois ao meio dia e três à tarde. Édipo reconheceu na figura do homem a imagem proposta, comparando-a com o ciclo vital, e decifrou assim a enigmática metáfora. Por esse acontecido o monstro enraivecido terminou por quebrar a própria cabeça e, como prêmio, Édipo recebeu a mão da viúva Jocasta e o reino de Tebas.

Em Tebas vivia o famoso sábio Tirésias, possuidor de uma história de vida muito singular. Em certa ocasião, encontrou duas serpentes no monte Citeron, matou a fêmea e foi transformado em mulher. Passados sete anos, encontrou outra vez duas serpentes, desta vez matou o macho e voltou a ser homem. Certa vez Júpiter e Juno discutiam sobre as vantagens de ser homem ou mulher e resolveram tomar Tirésias por juiz, considerando-o como único indivíduo apto a opinar com justiça, pois vivenciou os dois estados em tempos diferentes. Tirésias decidiu em favor dos homens -afinal, ninguém está isento de si mesmo- mas ponderou que as mulheres são mais sensíveis. Júpiter, em reconhecimento, deu-lhe a faculdade de conhecer o futuro. Juno, descontente com a sentença, castigou-o, fazendo-o cego. Esse fato tornou Tirésias uma figura muito conhecida e respeitada na cidade, e por isso Édipo foi consultá-lo a respeito de uma peste que estava assolando Tebas. A peste devia-se a descoberta do incesto pelos deuses, que condenaram Tebas à epidemia. (Expressão de pura dualidade, Tirésias nos serve como um exemplo de negação como mecanismo de defesa, pois é a ele, um cego, a quem Édipo recorre para tentar “enxergar” o que estava acontecendo). Outra passagem que referenda a negação dentro do ciclo mítico registra Édipo, ao lado de Jocasta, no trono, acercado pela corte, fechando um dos olhos, como a dizer que no fundo (ou no inconsciente) havia sabido mas necessariamente ignorado os fatos, por razões de segurança ou sobrevivência.

A peste só terminou quando o mesmo pastor que salvou Édipo veio contar-lhe a verdade. Terrificado, Édipo perfurou os próprios olhos e arrancou-os, como auto-punição por não ter visto a tempo o que estava acontecendo. Retirou-se para as vizinhanças de Atenas, em um monte chamado Colonos. (Por isso, Sófocles, ao escrever a trilogia para o teatro, deu a Édipo o sobrenome de “Colonéo”, quando trata do exílio no monte Colonos[15][15]). Jocasta, ao saber da sucessão de catástrofes que pontearam sua existência, suicidou-se.

III- Dos Filhos de Édipo até o Final do Ciclo

Édipo foi pai de quatro filhos. Os gêmeos Etéocles e Polinice, que não o apoiaram nos momentos cruciais, eram os dois filhos homens e que divergiam entre si. Antígona, bastante ligada ao pai, demonstrava também uma forte aliança com os dois irmãos homens, era a terceira filha. A caçula chamava-se Ismênia, que apoiou o pai, mas não estava demasiadamente ligada a ele.

Após algum tempo, instala-se a conhecida guerra dos “Sete contra Tebas[16][16]”. Nos conflitos, Polinice e Etéocles mataram-se em combate pessoal[17][17]. Antígona tenta enterrar os irmãos mortos, mas Creonte quer impedi-la, ameaçando-a de morte. (Creonte apoderou-se do reino de Tebas logo após as tragédias da família de Laio). Antígona ignora as ameaças e proibições e procede ao sepultamento dos irmãos, sendo condenada à morte por Creonte, apesar das insistentes súplicas de seu filho Hemon, que estava apaixonado por ela. Após a morte de Antígona, Hemon tentou matar o próprio pai (Creonte) para vingar-se. Não conseguindo, acaba por cometer o suicídio. Sua mãe, ao vê-lo morto, também se suicida. (A propósito: Creonte era irmão de Jocasta, e foi quem aguçou as divergências entre os gêmeos -seus sobrinhos- e quem mandou matar também a sobrinha Antígona e quase foi morto pelo filho Hemon, que estava apaixonado pela prima Antígona). Quem se habilita a dizer qual o número exato de idéias filicidas, incestuosas, hostilidades e tragédias que emolduram o quadro edípico?

IV – Quatro Destinos em Epílogo:

Os destinos de Etéocles e Polinice reeditam o fato bíblico de Abel e Caim, a revelar que a rivalidade entre irmãos pode gerar a morte de ambos. Seria um derivativo da rivalidade com o pai, que se transpõe ao irmão e termina por destruí-lo. (Nenhum dos dois apoiou o pai, ou seja: nenhum se identificou com ele. Não havendo identificação, não ocorre a dissolução da situação edípica).

O destino de Antígona resume tantas outras mortes dentro do ciclo que parecem mostrar quão avassaladoras podem ser as paixões e as ligações do tipo simbiótica entre pais e irmãos, formando um território cego onde, se forem vivenciados ou revivenciados com exagero, produzirão a tragédia. Antígona escolheu os irmãos, mesmo mortos, em lugar do amor de Hemon. Ou seja: o amor ao pai, desviado aos irmãos com a mesma intensidade, impediu-a de ligar-se ao futuro marido.

E, finalmente, o destino de Ismênia parece sugerir uma “distância ideal” entre as ligações parentais. Ismênia, curiosamente, foi a única que sobreviveu dentre os descendentes de Laio, e esta sobrevivência está diretamente relacionada como o fato de Ismênia possuir uma “identidade própria”, pois não estava demasiada ou patologicamente ligada aos pais e aos irmãos, e este fato parece representar o diferencial que viria a ser responsável pelo núcleo de saúde que a manteve existindo por maior período de tempo. Como personagem mítica mas mortal, seu destino chega pelas mãos de Tideus, que vem assassiná-la no sítio a Tebas. Mas o destino (morte) de Ismênia não se deveu à união incestuosa nem a alguma espécie de exagero de seus vínculos parentais, mas simplesmente por que a morte é o inevitável término de qualquer ciclo vital.

V- Quase uma Conclusão

Relendo o ciclo até seu final, quase perde-se a conta dos diversos episódios em que as relações familiares tomaram um rumo trágico, conforme o processamento e o encaminhar-se das situações vivenciais. Quem consultar o Oráculo e não interpretar a resposta, irá sofrer a conseqüência. Quem estiver cego com o poder, poderá só tardiamente pedir auxílio a um cego-vidente, e de forma igual pagará o preço. Quem não souber canalizar saudavelmente o amor direcionado aos genitores em outros objetos amorosos, igualmente sofrerá complicações. Ou seja: quem traduziu as acontecências sem traduzir-se por dentro, no transcurso dos fatos, terá sua história pautada com algum tipo de adversidade. (Freud relaciona o Complexo de Édipo com o núcleo das neuroses). Dizendo de outra forma, dependendo de como for resolvida a situação edípica, teremos um ou outro resultado na vida futura do indivíduo.

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Jaime Vaz Brasil
Psiquiatra

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Notas:

[1][1]Bettelheim, Bruno. Freud e a Alma Humana. Editora Cultrix, São Paulo, 1993. Página 45.

[2][2] Rei da Frígia.

[3][3] De “Pélope” se origina o nome Peloponeso (Péloponisos): península montanhosa de 21.500 km2, situada ao sul da Grécia, que se une ao continente pelo isto de Corinto.

[4][4] Dos deuses que compareceram, apenas Demeter chegou a comer uma parte da espádua de Pélope.

Espádua é a parte do corpo compreendida pela escáupula (omoplata) com o músculo que a reveste.

Em sentido maior, equivale ao ombro, espalda.

[5][5] Curioso notar que o banquete oferecido por Tântalo destinava-se, como todo banquete em si, aos deleites orais. E a maldição de Júpiter e Mercúrio condena-o à frustração dos seus desejos orais: anti-banquete do jejum.

[6][6]Por sua vez Lábdaco era filho de Polidoro, neto de Cádmo e bisneto de Agenor. Em “Édipo Rei”, Sófocles faz com que Édipo cite suas cinco gerações anteriores, a partir de Laio. Um outro exemplo de busca insconsciente das raízes genealógicas. (Édipo Rei, versos 235 até 269).

[7][7] Laio desenvolve uma identicação ineficaz com o “pai postiço” Licos e provavelmente por esse motivo vem a tornar-se homossexual. (Embora venha a manter no futuro relações também hoterossexuais).

[8][8] Licos, além desta tentativa filicida “não-sanguínea”, abandona seus próprios filhos (Anfion e Zetos) em uma montanha. Tempos depois, vem a ser morto por eles.

[9][9]Ao escrever a peça, Sófocles embasou-se em Homero (Ilíada) e em obras épicas pré-Homéricas, como a Tebaida (os filhos de Édipo buscando o trono de Tebas). Neste poema, Laio é representado como a pessoa que introduz o homossexualismo entre os homens.

[10][10]Apolidoro, em sua “Biblioteca” descreve esta e outras maldições de Pélope dirigidas a Laio, movido pela fúria de haver descoberto a sedução de Crisipo.

[11][11]O ato homossexual de Laio ofende diretamente a dois deuses: Zeus, protetor da hospitilade, e Hera, protetora dos amores legítimos.

[12][12]Oidos, Oedis, significa “inchado”. Podes, Pous, significa “pés”.

[13][13]Outra das genialidades de Sófocles, em colocar sutilmente o “in vino veritás”.

[14][14]O “Complexo de Édipo” na infância possui fantasia e não capacidade corporal para execução. Sua reedição na adolescência possui fantasia e capacidade corporal para execução. Por isso, mais agudo e, às vezes, traumático.

[15][15]A terceira parte da trilogia, onde Sófocles apresenta Édipo vinte anos após, solitário, com as dores processadas pela ação do tempo. A peça aborda no final a morte de Édipo, que recupera a visão e torna-se  guia de alguns seguidores. Ou seja: a experiência e o sofrimento fizeram-no enxergar melhor as verdades da vida. Do sofrimento ao crescimento, eis Sófocles dando pistas a Melanie Klein.

[16][16]Ésquilo, na sua “Os Sete Contra Tebas” escreve que Apolo avisara a Laio que, se quisesse Tebas em paz, não deveria procriar. Relata também a profecia oracular, na qual Laio morreria assassinado e seus filhos homens lutariam entre si.

[17][17]Eurípedes, em “Fenícias” também faz referência a esta tragédia familiar, via oráculo.