A POETISA E SEU SACERDÓCIO – por Eric Ponty

Thereza Christina Rocque da Motta

Com sua Poesia Reunida, Thereza Christina Rocque da Motta, está completando o seu Sacerdócio previsto por Olga Savary sendo-lhe uma vida dedicada como nessa citação lapidar:

 Poesia: magia prolixa, progresso do sol, não se constrói a partir de certezas, mas sim através das interrogações e esquadrinhamentos que, estes sim, nos fazem crescer. O poema é feito pelo poeta e, se todos os que estão ouvindo seu texto falam a mesma língua e estão na mesma sintonia, poderão estar entendendo em uníssono o poema. Continuar a ler “A POETISA E SEU SACERDÓCIO – por Eric Ponty”

PARA UM ELOGIO DA TRISTEZA – por Fernando Martinho Guimarães

Fotografia de Luís Guerra e Paz

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.

Depois da festa, sobram as cinzas, quer dizer, à exuberância carnavalesca sucede-se a míngua expiadora do jejum.

O carnaval são três dias mas, admitam comigo, ao terceiro dia ansiamos o regresso à normalidade, isto é, o regresso da tristeza. Continuar a ler “PARA UM ELOGIO DA TRISTEZA – por Fernando Martinho Guimarães”

ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves

“A estátua do peixe. O homem com a criança” de Salvador Dali

Peixes

Quando os vorazes famintos atacaram a pacifica comunidade,

tirando-lhes o seu lugar de viver e relegaram as pessoas

para os subúrbios onde ninguém se conhece e cumprimenta

veio transcendente uma alucinante ideia de transformar Continuar a ler “ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves”

JOANA MALUCA – por Jonuel Gonçalves

foto de Luís Guerra e Paz

Quando o debate estava nos últimos minutos uma senhora daquela idade sempre comparada às protagonistas do Balzac, embora use roupas street como se fosse saltar muros, pediu a palavra, falou  de voz amedrontada e agradeceu terem lhe deixado entrar no debate mesmo sem ser académica, mas desde que terminou o curso concorreu a diversos empregos e só consegue trabalhos muito abaixo da formação obtida e sente cada vez mais que é por ser negra,  devagar devagar isso oscilou entre pequenos monstros lhe crescendo na cabeça até se juntarem num monstro enorme  e desde o ano passado  começou a ter desmaios foi levada às urgências, a princípio diziam ser do calor depois do cansaço até uma médica passar o diagnóstico de ansiedade perigosa causada por sensação de ameaça constante. Continuar a ler “JOANA MALUCA – por Jonuel Gonçalves”

O LONGE AQUI TÃO PERTO – de Luís Guerra e Paz

Luís Guerra e Paz – Chegou a este mundo em 1970. Diletante incorrigível, apaixonou-se por alguns hobbies e enfastiou-se de outros tantos. Contudo, embora de forma autodidacta e pouco disciplinada, manteve sempre uma relação com a fotografia. Não sabe se é pelo prazer de capturar um ambiente, um olhar ou um pormenor, ou se é devido a uma pura necessidade quase física,  que o impele a documentar algo que o impressionou.

OPINAN LOS ESCRITORES ARGENTINOS EN “DOCUMENTALES IV”- por Luís Benítez

Recientemente Ediciones Richeliú, de Buenos Aires, publicó el cuarto tomo de la serie ‘Documentales. Entrevistas a escritores argentinos’, que recopila las opiniones y los pareceres de una selección de autores de dicha nacionalidad. Gracias a la recopilación en sus páginas de las entrevistas realizadas por Rolando Revagliatti (1), antes publicadas en diferentes medios de comunicación, es posible para el lector acceder a este interesante material de consulta. En Documentales IV’, poetas y narradores se explayan acerca de una gran variedad de temas, que van desde las peculiaridades de la obra propia hasta sus criterios en cuanto a la ubicación en el panorama de las letras contemporáneas, sus preferencias y rechazos literarios, los movimientos estéticos a los que han pertenecido o corresponden en la actualidad, así como su paso por el acontecer político y social en que se gestaron sus trabajos. Simultáneamente, los entrevistados proveen precisa información respecto de su modo de plasmar los trabajos y la manera en que cada título dialoga con los demás de su autoría. Continuar a ler “OPINAN LOS ESCRITORES ARGENTINOS EN “DOCUMENTALES IV”- por Luís Benítez”

AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal

“O 68”. Foto: Nelson González Leal. Cidade do México, agosto 2019.

 

O que faz aquele homem sentado sozinho na calçada?

Se for um homem. E por que tem que ser?

Por que meu olhar vê dessa maneira?

Que carta de identidade jogo para conhecê-lo? Continuar a ler “AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal”

CARTA AOS MEUS ALUNOS SOBRE A LEITURA – por Olinda Gil

Meus queridos alunos, deste e de outros anos letivos.

Eu sei perfeitamente que muitos de vocês não gostam de ler. Posso imaginar porque razão isso acontece, mas o que eu vos gostaria mesmo de falar é a razão pela qual eu gosto de ler (e seria interessante também perguntarem aos vossos colegas que gostam de ler o porquê).

Sei que gostam de ver filmes e séries, de estar no telemóvel nas redes sociais e nos jogos – e eu também! – mas, os livros para mim são muito mais prazerosos do que qualquer atividade das que mencionei.

A primeira das razões porque isto acontece é a imersão, palavra complicada para quem não faz mergulho, mas posso vos dizer eu é o sentimento de estar “embrenhado” na história, no livro neste caso. Algo que não consigo tão profundamente com os filmes e as séries. Distraio-me menos, talvez porque a leitura me obriga à concentração. E nesse momento de imersão eu deixo de pensar noutras coisas, esqueço o mundo, fico só concentrada naquele livro, e é nisso que penso e reflito. Sentimento que se arrasta para depois da leitura. E porque é que isso acontece comigo? Talvez o segredo seja mesmo a fluidez da leitura, que é algo que se adquire com muitos anos de leituras. Outro segredo é, sem dúvida, encontrar o livro correto para mim, para o momento de vida que estou a viver. E acreditem que desisto de muitos livros – afinal é um dos diretos do leitor.

A segunda das razões é o prazer. Não apenas o prazer momentâneo da leitura, mas um prazer que fica em contínuo, de cada vez que penso naquela mesma leitura, seja poucos momentos depois, seja anos, mesmo! Algo que as redes sociais e jogos não nos transmitem. É certo que nos dão um prazer momentâneo, mas a maior parte das vezes até nos trazem frustração. Quantas vezes estamos ali à espera que nos apareça algo de especial e interessante que nunca aparece? Pelo contrário, ao terminar um livro há um sentimento de completude. Mesmo que seja uma narrativa com final aberto.

Ficaram com vontade de ler? Sei que se não tiverem fluidez de leitura suficiente não é a começar pelos “Maias” que vão ter estes sentimentos. Mas há tantos, tantos livros. Vão às bibliotecas, às escolares e às municipais, estão lá pessoas que vos podem ajudar. Perguntem aos vossos professores e aos vossos colegas. E não tenham problemas em desistir e começar outro livro novamente.

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Olinda Pina Gil é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em Ensino do Português e das Línguas Clássicas. Tem também uma pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Iniciou a sua prática de escrita no “DnJovem”, suplemento do “Diário de Notícias”. Colaborou em diversas colectâneas e publicações, e foi 3º prémio do concurso literário “Lisboa à Letra” em 2004, na categoria de prosa.
Editou, a título independente, em 2013 “Contos Breves”, e, pela Coolbooks, chancela da Porto Editora, “Sudoeste” (2016, 2014 em ebook) e “Sobreviventes”(2017, 2015 em ebook).
Escreve no blog www.olindapgil.blogspot.com

DOIS TEXTOS DE Yessika María Rengifo Castillo

Foto de Luís Guerra e Paz

La sexta calle

El grito de los vendedores ambulantes y las rosas marchitas anunciaron que mi vida era un desastre. Nunca soporte los gritos, que reflejaban el estado decadencia en la que estaba nuestra relación.  Relación que se deterioraba ante la falta de sexo y conversaciones del diario vivir. Verónica luchó porque esto fuera un mal sueño y las orquídeas iluminaran nuestras mesas como años atrás. No quise unirme a su lucha y me alejé de la sexta calle que era el coro de nuestra vida.

 

Recorriendo sus pasos

Recordé que nuestra historia nunca se escribió entre rosas y días de sol. Silvia y yo nos conocimos en el bar que solía frecuentar los viernes cuando salía de mi trabajo. Descubrí que detestaba los días de invierno, las comidas chatarra, y la música rabalera que le recordaba los golpes de su padrastro. No deseaba que tuviéramos una relación estable lo que presenció en su casa era suficiente para creer que nuestra relación se reducía a conversaciones del mundo, relaciones sexuales y aguardientes, momentos que me alegraban pero alejaban la posibilidad de un nosotros. Cuando le confesé que la amaba su frente se ciñó y permaneció largo rato en silencio, prometiendo que hablaríamos después del tema…

Han pasado seis meses y no regreso al bar. Sigo recorriendo sus pasos entre las orquídeas que tanto amaba, y sus fotografías se aniquilan entre mis lágrimas del ayer.

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Yessika María Rengifo Castillo. Poeta, narradora, articulista, e investigadora. Docente, colombiana. Licenciada en Humanidades y Lengua Castellana, especialista en Infancia, Cultura y Desarrollo, y Magister en Infancia y Cultura de la Universidad Distrital Francisco José De Caldas, Bogotá, Colombia. Desde niña ha sido una apasionada por los procesos de lecto-escritura, ha publicado para las revistas Infancias Imágenes, Plumilla Educativa, Interamericana De Investigación, etc.

Facebook: Jessi Porque Rengifo Rengifo

EDITORIAL – VITOR VITÓRIA – por Danyel Guerra

Vitor Aguiar Silva

“Ele é o mestre completo”
Maria Helena da Rocha Pereira

VÍTOR VITÓRIA

Decorria o ano de 1976, quando o escritor sueco Artur Lundkvist declarou que Jorge Luis Borges jamais ganharia o Prêmio Nobel de Literatura, “devido a razões políticas”.  Categórico, sem dar chance a dúvidas, este membro da Academia Sueca desvirtuava com este anátema o caráter literário da distinção. Continuar a ler “EDITORIAL – VITOR VITÓRIA – por Danyel Guerra”

RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez

 

Desenho de João Francisco Baptista

Pegarei emprestadas as forças contigo até conseguir reencontra-las em mim.

Enquanto isso a transição da terra faz a travessia em águas profundas da universalidade, imersa pela “natureza” e pela natureza humana… na terceira margem introspectivo, extraída no processo civilizatório invencionático, tangencial aos sentidos sistémicos “naturais”, mergulho. Continuar a ler “RESSOAR- por Ana Patrícia Gonzalez”

MULHERES NAS RUAS DO PORTO – XIV – por César Santos Silva

Cardosas (Passeio das)
Corre no lado sul da Praça da Liberdade
Liga o Largo dos Lóios à Praça de Almeida Garrett
Freguesia da Sé.

 

De facto, um nome que já não existe na toponímia portuense, dado o passeio ter sido adstrito à Praça da Liberdade. Mas dada a im­portância histórica e de se tratar de um topónimo feminino… Continuar a ler “MULHERES NAS RUAS DO PORTO – XIV – por César Santos Silva”

EL ROL DEL NIñO DENTRO DEL CINE – por Claudia Vila Molina

El rol del niño dentro del cine: un producto de las condiciones sociales y políticas del contexto.

Charlie Chaplin e Jacquie Coogan no filme “The Boy”,

Las películas seleccionadas tienen como eje fundamental la figura del niño y  se desea demostrar cómo este arquetipo se desarrolla de diferentes maneras en los films The Kid de Charles Chaplin, El acorazado del Potemkin de Serguei M. Eisenstein y Alemania año cero de Roberto Rossellini. Continuar a ler “EL ROL DEL NIñO DENTRO DEL CINE – por Claudia Vila Molina”

TEXTOSTERONA-PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – III Série- por Danyel Guerra

TEXTOSTERONA

        PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS

     CORTESÃS E MERETRIZES

 

As cortesãs com boa reputação são cumuladas com as rosas de Piéria, poetadas por Safo.

As de má reputação têm de se contentar com as rosas de pilhéria. Continuar a ler “TEXTOSTERONA-PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – III Série- por Danyel Guerra”

AMAR ANICÉE ALVINA – por Danyel Guerra

“Havia um jardim de Vênus, de roseiras rodeado,

 o grato campo da senhora, que quem tivesse visto amava”

      Floro

AMAR ANICÉE ALVINA

Que deslumbrante sinestesia. Uma noite destas, escutei no rádio, Carminho e Seu Francisco cantando a maviosa Carolina, numa interpretação timbrada pela depuração do sublimado. Inadvertida, a audição me sugeriu uma vertiginosa associação de ideias e de sentidos. Na tela da minha memória tremularam sequências de  Le Jeu avec le Feu (1975), de Alain Robbe-Grillet, reavivando algumas boas lembranças cinéfilas. Continuar a ler “AMAR ANICÉE ALVINA – por Danyel Guerra”

MODA INTEMPORAL – sobre o erótico – por Eric Ponty

Jardim das Delícias Terrenas by Hieronymus Bosch

Este artigo se dá por meio duma reflexão, como a forma erótica se perfez ao longo dos séculos, por uma forma velada que beira a pornografia quando ouvimos, por exemplo esse versos que refiz por serem tão chulos não merecem reprodução que ouvi por acaso na minha morada, não sei quem são seus autores de péssimo gosto baixo nível cuja decadência ressoa nos rádios do Brasil demostrando quanto pertinente se faz a reflexão Adorniana, quando esse reflete, aqui o parafraseamos em que “quando mais totalitária for sociedade em que vivemos tanto mais reificado será também o nosso espírito, e tanto mais paradoxal será nosso intento de escaparmos dessa reificação. Mesmo a mais extremada consciência do perigo corre o risco de degenerar em reflexão vazia; contudo vamos aos dois versos chulos que ressoam na rádio do Brasil. Continuar a ler “MODA INTEMPORAL – sobre o erótico – por Eric Ponty”

ERROS, ENGANOS E MENTIRAS – por Fernando Martinho Guimarães

 

O Espelho Falso, de René Magritte, 1928

Não sei se é uma memória real ou se é uma memória construída. Tenho a ideia de ter visto um documentário há já algum tempo em que Umberto Eco, filósofo e romancista, fazia uma visita guiada à sua biblioteca. A jornalista perguntou-lhe, se bem me lembro, de que falava aquela imensidão de livros. O autor de O Nome da Rosa respondeu-lhe que falavam de erros, enganos e mentiras. Continuar a ler “ERROS, ENGANOS E MENTIRAS – por Fernando Martinho Guimarães”

A CULTURA COMO PRODUÇÃO DE SI E DO OUTRO (conclusão)- por Francisco Traverso Fuchs

Keith Jarrett – The Köln Concert (foto: Wolfgang Frankenstein)

(Clique AQUI para ler a 1ª Parte)

  1. Cultura como resolução de problemas

Embora possua aspectos sombrios, a cultura é muito mais do que uma fonte permanente de conflitos. Uma cultura pode ser descrita como uma maneira peculiar de propor e solucionar problemas. Desse ponto de vista, a riqueza da chamada diversidade cultural nada mais seria do que a expressão da variedade de soluções propostas pelas diversas culturas. Por exemplo, diferentes estratégias de caça e de coleta e, posteriormente, diferentes técnicas de plantio e de pastoreio fornecem soluções distintas ao problema da alimentação; técnicas de combate propõem soluções para o problema da guerra, e técnicas de cura propõem soluções para os problemas de saúde. Continuar a ler “A CULTURA COMO PRODUÇÃO DE SI E DO OUTRO (conclusão)- por Francisco Traverso Fuchs”

Waldemar Bastos – guitarra, voz, canção! – por Hilton Fortuna Daniel

Não me lembrando exactamente do dia – mas do facto – podendo ter sido numa terça, quarta, sexta-feira – talvez num sábado – à hora do almoço, estava eu a trabalhar. Cerca de uma vintena de restaurantes dos dois lados da mítica Rua Augusta adornavam o percurso dos turistas americanos, britânicos, italianos, franceses, nórdicos, belgas, japoneses, chineses e espanhóis, numa aglomeração à indiana à procura da inigualável sardinha à portuguesa e do melhor daquela culinária. Boa aura. Continuar a ler “Waldemar Bastos – guitarra, voz, canção! – por Hilton Fortuna Daniel”

A CASA DO CORAÇÃO – por Jaime Vaz Brasil

A Casa do Coração

Na casa do coração
convivem dois inimigos

presos na árida corda
das horas, por seus umbigos.

Na casa do coração
(quem a visita pressente)

um deles pulando corda
e o outro rangendo os dentes.

Na casa do coração
um deles constrói seu nada

enquanto o outro levita
e põe flores na sacada.

Um deles grita e se arranha
e do que pode, reclama

enquanto o outro se enflora
e troca os lençóis da cama.

Um amarra seus legados
em cordames ressentidos.

O outro planta gerânios
e vai ao livros não lidos.

Um deles em cada porta
impõe trancas e cancelas

enquanto aos poucos o outro
pinta de branco as janelas.

Se o próprio Deus tem três faces
porque o homem haveria

de guardar um só conviva
em seu dentro, a cada dia?

 

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil  Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.

POEMAS de Januário Esteves

 William Turner: The Fighting Temeraire tugged to her Last Berth to be broken up, 1838, 1839 (detail)

Mãos devagar te levam

Mãos devagar te levam
E tu não dás por nada
Como dum cinzel purificador
A sombra é-te retratada
Para os Céus ergueste as crenças
Sem elas eras olvido
Num pranto com luz ao meio
No escuro quarto retido. Continuar a ler “POEMAS de Januário Esteves”

CACIMBO NOS PEDAÇO DE BANANA- por Jonuel Gonçalves

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Acordei começava a noite  sem dúvida deve ter sido a chuva miúda tipo cacimbo grosso no meu rosto que me acordou e pela hora devo ter ficado ali desacordado umas sete horas, não me lembro a que horas caí mas sei que foi devagar e seriam talvez 11 da manhã com um sol abrasador mas eu tinha que atravessar aquela parte da savana para mais adiante conseguir boleia e continuar. De resto enquanto caía devagar lembro-me que só me lembrava de ti e agora também ao acordar ouvi até a tua respiração aqui do meu lado, demorei para entender onde eu estava e estaria fazendo aqui no chão com a chuvinha sem parar no meu rosto como se fosses tu a murmurar comigo. É. Falas comigo em qualquer lugar mesmo quando pensas que não me lembro de ti, lembro sim e a tua voz aparece como chuvinha na savana quente a salvar-me a vida. É isso de certeza. Devo ter caído por muita falta de água, estava com muita sede mas o risco entre voltar atrás ou ir pra frente era igual e agora estou com a cara e os lábios molhados, abri a boca junto com os olhos louco por água muito mais que por comida, embora dia inteiro sem comer também não facilita caminhada longa. Continuar a ler “CACIMBO NOS PEDAÇO DE BANANA- por Jonuel Gonçalves”