A POETISA E SEU SACERDÓCIO – por Eric Ponty

Thereza Christina Rocque da Motta

Com sua Poesia Reunida, Thereza Christina Rocque da Motta, está completando o seu Sacerdócio previsto por Olga Savary sendo-lhe uma vida dedicada como nessa citação lapidar:

 Poesia: magia prolixa, progresso do sol, não se constrói a partir de certezas, mas sim através das interrogações e esquadrinhamentos que, estes sim, nos fazem crescer. O poema é feito pelo poeta e, se todos os que estão ouvindo seu texto falam a mesma língua e estão na mesma sintonia, poderão estar entendendo em uníssono o poema.

Na vida de leitor de poesia, sempre percebi que quanto menos dos dados biográficos e históricos de um poeta melhor para fluição poética. Se soubéssemos anteriormente esses dados biográficos e históricos de um poeta poderíamos criar um juízo de valoração que não lhe corresponderia.

A expressão poética de Thereza Christina Rocque, se distingue da expressão comunicativa pelo fato de seu caráter figurado, que essa constitui como por exemplo, no seu poema PRELÚDIO, do qual citamos na integra:

Amo-te com um amor impossível,
que se torna possível,
sem precisar ser

A expressão comunicativa de Thereza Christina Rocque nesse poema PRELÚDIO, faz a diferença entre denominação poética e função poética da poesia está por essa condicionada.

Essa denominação poética, como no primeiro verso em decassílabo, quer dizer, pela sua função estética; na denominação comunicativa quer dizer que essa concentração no signo em si e, por conseguinte, o que nos vem em primeiro plano é a relação significativa de cada palavra com o enunciando, que, na denominação comunicativa, há uma extremada principalmente essa relação da palavra com essa coisa por ela designada se perfazendo numa relação concreta como esse verso da segunda estrofe de cinco sílabas métricas:

que se torna possível,

Sendo que na realidade, para resolvermos essa questão da imagem poética, não nos basta chegarmos à conclusão de essa que a utilização da imagem se não se limita à poesia e de que, pelo seu avesso, essa poesia utiliza abundantemente palavras em sentido não figurado; mesmo que nesse caso, temos a sensação de que cada palavra uma vez no terreno da poesia, reproduz um efeito figurado que é independente de ter sido empregado no sentido figurado ou no sentido próprio.

Devido a extremada utilização da linguagem comunicativa demonstra-nos tende para significação extremamente delimitada de cujos componentes podem ser calculados pelo labor poético, como podemos perceber em O mais puro amor de Abelardo e Heloísa (2009) sendo que essa palavra poética apesar de ocultar, numa determinada fase poética de seu labor e fazer poético, orienta-se sempre para a significação não que se faz expressa, e, por meio destas significações não diretamente aludidas em enunciado cujos conjuntos de poemas sendo capaz de adquirir uma relação concreta com essas coisas que estão à margem desse contexto significativo.

A denominação poética distingue-se da denominação da linguagem falada como no caso de Thereza Christina Rocque pelo fator de a relação com a realidade se atenuar em beneficio de sua inserção semântica no contexto como pode ser percebido em Pandora (2017).

Essa função poética como em PRELÚDIO é como quatro determinações fundamentais, da poética, estando presente em qualquer denominação linguística, por esse motivo em Thereza Christina Rocque se perfaz o caráter especifico da denominação poética se vale apenas de uma descoberta mais radical da tendência própria de qualquer função denominador.

Essa atenuação da relação imediata entre denominação poética e a realidade são compensados pelo fato desse enunciado poético entrar, sendo de denominação global, em relação com todo fator do conjunto de experiências de Thereza Christina Rocque como vitais do conjunto de experiências do sujeito – seja o enunciado sujeito Criador ou um possível Sujeito receptor.

Segundo a Poetisa Olga Savary: O eu poético de Thereza Christina Rocque da Motta se Thereza Christina Rocque da Motta integra e desintegra na própria poesia, de tal forma o criador não só vive a vida, mas por ela é vivido. A poeta, esta inspiradíssima e consciente, como deve ser todo poeta.

Porém, Thereza Christina Rocque da Motta, aprende a descrever e a descrever um outro sujeito de uma maneira linguística peculiar, ou seja, essa maneira de Thereza Christina Rocque da Motta é de enunciar o que é e o que faz. Isto quer dizer-nos que tudo que acontece com seu sujeito poético ou que Thereza Christina Rocque da Motta faz acontecer pode ser justificado como nesse conjunto Chiaroscuro (2002).

Diferente dos acontecimentos poéticos que dizem lhe respeito ao enunciado, os acontecimentos subjetivos são diferentes em vários atenuantes de interpretação em termos de “intenção” como pode ser enunciado em As liras de Marília (2013) dos quais não afirmamos que é um comportamento reflexo ou automático sendo-lhe intencional, porque um comportamento só é intencional quando busca finalidades.

Esse sujeito em Thereza Christina Rocque da Motta se faz pelo conjunto de enunciados desse As liras de Marília (2013) que nos faz solicitar uma pergunta do estilo “porque razão”, esses conjuntos de poemas “se destinam ao quê”, possuem “o motivo de quê”. Se visarmos uma finalidade ou “ter a intenção de quê” quer dizer que pode ser interpelado por expressões poéticas de gêneros “com que fins”.

O sujeito em Thereza Christina Rocque da Motta, se perfaz nesse conjunto de enunciados, atitudes, estados, condutas ou processos intencionais formados por termos poéticos elementares da poética que permeiam sensações, sentimentos, emoções, pensamentos, expectativas etc.

Se nos aceitarmos que os enunciados constitutivos de Thereza Christina Rocque da Motta, também fazendo parte do sujeito de sua poética tais como são elementos intencionais, aceitaremos que qualquer um desses enunciados constitutivos desse sujeito como intencionais, aceitaremos que qualquer um de seus comportamentos poéticos poderá ser justificado.

Justificado quer se expressar que diante das indagações “por que isso”, “por que fiz isso”, o sujeito poético pode simplesmente constatar: “fiz tal coisa assim” porque “visada a tal finalidade” simplificando o processo de As liras de Marília (2013).

Se era essa a finalidade visada sendo objetivo da “poética”, esse objetivo se perfaz, sendo sempre de alterar estados de espírito do sujeito ou estados de coisas da realidade sendo que essa conclusão se perfaz pelo desejo.

O desejo não escapole à regra. Enquanto um evento poético intencional é sempre desejo de almejar alguma coisa. Desde modo, Thereza Christina Rocque da Motta, tem o desejo, o objetivo e “o objeto ou estados poéticos desejados” sendo condutas da lógica e empiricamente indiscerníveis de sua poética.

No entretanto, Thereza Christina Rocque da Motta, como Poetisa é membro de uma coletividade e sua concepção de realidade poética coincide, em traçados gerais, com uma escala de valores valida nessa coletividade, seu fazer poético exerce, por meio dos indivíduos que fazem Poesia e dos indivíduos que apenas recebem seus poemas, uma influência sobre a maneira como uma sociedade se concebe como pode ser explicado no conjunto Minha mão contém palavras que não escrevo (2017).

A relação entre sua Poesia Reunida e a realidade, sendo, pois, uma relação muito estreita, precisamente porque uma obra poética de sua dimensão não alude apenas as certas dimensões, mas sim a toda uma realidade e suas conjecturas que se refletem nessas consciências de indivíduos e de uma certa coletividade totalmente condizentes como nesse conjunto poético que é Capitu (2014).

A determinação da denominação poética da Poesia Reunida de Thereza Christina Rocque da Motta, distingue-se da denominação da linguagem falada antes auferida pela Poetisa e Crítica Olga Savary pelo fato dessa relação com a realidade de nossa época, se atenuar em beneficio de sua inserção semântica no contexto de sua pungente poética como foi antevista pela Crítica e Poeta em Joio & trigo, de 1982.

Cada povo ou raça, tem em si não apenas sua tendência motriz, mas perfaz, sua tendencia de refletir; sendo que essa também, contudo, mais aleatória às falhas e determinações de seus hábitos e estilos críticos do que às de seu gênio progenitor.

A função estética da Poesia Reunida de Thereza Christina Rocque da Motta, como uma das quatro funções fundamentais de nossa língua pátria, está pontecionalmente presente em qualquer manifestação poética; por esse motivo essa poética consiste apenas num descobrimento mais radical da tendência própria de qualquer ato de uma influência poética de uma oralidade que se faz plural como no conjunto de poemas Horizontes (2014).

Essa atenuação da relação do intertexto e sua realidade se faz compensar pelo fato de a Poesia Reunida de Thereza Christina Rocque da Motta entrar, como denominação poética, em relação com todo um conjunto de experiências vitais ao sujeito – seja ele um Sujeito Poético ou apenas um Sujeito leitor.

O fato é que existem virtudes de escrita que não se identificam, por uma necessidade, nem com o léxico ou a sintaxe, mas como anteriormente explanadas antes com a técnica com o ritmo e dosagem poética precisa, que permeiam, mesmo infinitesimante, a fronteira entre oralidade e que denominaríamos para fins didáticos de paraliteratura que produzem metáforas e alusões míticas como os já citados conjunto de poemas O mais puro amor de Abelardo e Heloísa (2009), mas cabe ressaltar enfim o que se refere Olga Savary quanto ao sacerdócio:

Verdade é que, se o mundo tem conserto, quem vai se encarregar disso será o criador, o ser mais denso de humanidade. Nesta poesia, descobre-se o vigor das palavras, imagens, oximoros, metáforas, formulações, ritmos, fórmulas, acontecimentos da alma, coração e mente, figuras da linguagem altaneira a nos comover, nos fazer pensar e sem as quais nosso mundo seria mais vazio e pobre.

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Eric Ponty – Escritor Mineiro de São João del -Rei. – Graduado Normal Superior – desta cidade. Pós-graduado em Letras (RJ). – Publicado Poesia Sempre (Biblioteca Nacional Brasil); Órion – Revista de P. do Mundo de Língua Portuguesa (Brasil/Portugal), Têm publicado pelas editoras – O Menino Retirante vai ao circo de Brodowski (Musa- SP) A Baleia Azul (Cortez Ed.2011- SP). Consta Projeto Prosa de língua portuguesa 4 anos da editora Saraiva. – A Voz do Poeta, que consiste na gravação de um Cd individual onde se registra a leitura pessoal de seus poemas. – Antologia Mineira do Século XX – DiVersos (Portugal).