31.
Artista
segue tempo adiante.
Crítico
só respira no durante… Continuar a ler “POEMINHOS (31-40)- por Jaime Vaz Brasil”
31.
Artista
segue tempo adiante.
Crítico
só respira no durante… Continuar a ler “POEMINHOS (31-40)- por Jaime Vaz Brasil”
Espelho de Afrodite
Entre constelações, esferas rochosas, violentas estrelas mortiças e cintilantes cometas, nascer Vênus pode ser considerado uma afronta ao restante dos planetas
Pisando em trompas, ventres, ovários e vulvas e aquela mistura que poucos sabem ao certo o nome, lambuzo-me de sangue menstrual derramado nas ruas
Há polícia? O que há? Será que alguém me escuta? É claro que não, eu sou notícia corriqueira de uma realidade fantasticamente banal
O sangramento da violência não é repudiado, apenas é visto com asco aquele que mostra que sou um ser próprio, forjada em minha natureza
sem ser sexy, sendo apenas espécie
e que sinto por fora e por dentro me desmanchando em vermelho Continuar a ler “POESIA de – Lua Pinkhasovna”
Na eternidade boreal…
Vislumbra-se rumos dissipados em névoas!
Fragrâncias fortes e inesquecíveis,
Patentes num céu boreal.
Onde vou cear e adormecer esta noite?
Volvido nos rodopios da noite boreal,
As minhas Asas esbatem-se, num
Céu turquesa e anil, reluzem
beijos eternos de seres florescentes.
Felizardos dos eternos olhos!
Sentados em estrelas, donos
De um universo escuro e eterno,
Pincelam singelas e extemporâneas vidas.
Eternidade boreal! És sobejamente,
Luz de milhares de anos,
Despertar do adormecido,
E de estrelas que cintilam
aos olhos famintos de indignos de ti!
♣♣♣
ALCANÇADA A TUA LUZ, ELA É…
Mundo invisível, leve e solto
Em que as penas, são POESIA!
Onde a alvura é daltónica
Aos olhos do Ser espiritual…
Ouvem-se Gargalhadas e correrias,
nas estradas de luz em série!
Avistam-se Campos de feno matizado,
Em telas exuberantes e infindáveis..
Continuar a ler “A ÚLTIMA CEIA COM AS ESTRELAS – por Madalena Medeiros”
1.
há muitas palavras para mentir e apenas uma para a verdade.
no jardim das maravilhas da minha vida
jazem vários caules hercúleos,
eternamente iluminados pela seiva
interna
a correr desde o coração.
morrerei já não jovem, sei-o agora.
e do passar dos tempos sei, também agora,
que as convenções podem matar o brilho de um olhar
uma covinha no rosto
um arrepio na nuca.
só que nunca o amor será vencido.
mora em lugar altaneiro
onde poucos acedem
de onde muitos desabam
– ali
ao alcance da tal palavra pura. Continuar a ler “7 POEMAS DO CORAÇÃO (…) – por Maria Toscano”
É preciso viver sem paixões.
Mergulhar no absoluto anonimato,
Permanecer morto ou vivo até ao fim.
Aclamar o tumulto escuro e bruto.
Encenar o drama clemente e lento.
Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.
Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar
uma voz que nos ordene docilmente:
– Não te movas, nem te inquietes,
nem traias o que
ainda não
és.
Continuar a ler “3 POEMAS DE “AZUL INSTANTÂNEO”*- por Pedro Vale”
1.
Falta paz
Não apenas a ausência da guerra
Falta faz termos paz
Nada desejarmos ou querermos mudar
Falta nos seres algum “deixa para lá”
“Tudo bem”
“Não faz mal”
Ninguém pediu para nascer mas depois tudo nos é pouco
Quando o pouco do que não pedimos
Quando nada éramos
Nos devia bastar
Contentar
Se assim fosse
Se o pouco dado ao nada que corre para o nada fosse muito
Teríamos tudo
Tudo temos porque sim
Por Deus ou pelo destino
Só nos falta a lembrança do que somos e para onde iremos
Quando nada formos e não nos acharmos
Nem mesmo a reclamar Continuar a ler “ARQUITECTURAS – de Ricardo Amorim Pereira”
um.
nasci para aprender a ser árvore/
crescente desde o coração da terra/
voadora pelos ramos e asas /
espraiando-me entre cumes e desertos, /
montanhas mágicas serras áridas /
e mornas planícies morenas dos suis.
até desarvorar – fidelíssima e de vez – /
no amoroso corpo envolvente
do meu devoto amor , o mar.
© Maria Toscano, Novembro, Coimbra Continuar a ler “CINCO POEMAS DE MARIA TOSCANO”
21.
O Eu Lírico
De dia
o eu operário.
De noite
o falsário.
Porém:
quem é quem? Continuar a ler “POEMINHOS DE JAIME VAZ BRASIL (21 a 30)”
UM TEMPO DE PAZ, UM TEMPO DE GUERRA
Veio um tempo de paz
Veio um tempo de guerra
Os comboios não paravam nas estações
As geografias não coincidiam com os mapas
Os meses eram anos
E os anos eram séculos
Veio um tempo de paz
Veio um tempo de guerra
E os soldados não tinham pátria
E as munições eram do mundo inteiro
Os países alargavam-se nas fronteiras
As geografias não coincidiam com os mapas
O amor, uma saudade uma impossibilidade
Os homens e as mulheres já não choravam
As lágrimas secas de tanta pólvora
E as bocas quietas
Sem palavras
Sem gritos
Sem sons
Porque os dias eram cinzentos
E os segundos já não cabiam nos relógios
Um tempo de paz
Um tempo de guerra Continuar a ler “DOIS POEMAS DE Cecília Barreira”
Rua da Liberdade
Na Rua da Liberdade
Cabe o Mundo inteiro.
Bicicletas pedalando sonhos
Na noite quente de Abril. Continuar a ler “TRÊS POEMAS DE Bruno de Sousa”
Quando me falam em capitalismo saco logo do porta-aviões, diz Piropos em modo de voo
Um animal de palco
ferido de morte
Ao actor tudo é possível
Aparecer em cena depois do pano da vida cair
Mas nunca sai como entra,
dilu Ente
Sextilha de Inverno
Já me anoitecem os passos
Quando à varanda me chego.
Chove frio nos meus braços
Galhos secos, desapego.
Inverno, lume, lareira
Fogo e cinzas. Vida inteira. Continuar a ler “POEMAS DE INVERNO – por Ana Margarida Borges”
ANUNCIAÇÃO
Não é possível olhar o alto
Se o ar ao redor está todo preenchido
O espaço pode ser este lugar sufocante
Nomeado
Mas não reconhecido Continuar a ler “TRÊS POEMAS DE “MEIO FIO” – de Flavia Ferrari”
11.
Noite antes
noite depois:
eis a constante.
Existir
é relâmpago. Continuar a ler “POEMINHOS – 11 – 20 – por Jaime Vaz Brasil”
Inspirada em tela de Cruzeiro Seixas,
“Longa viagem em palavras azuis” ;
influência igual de “Lapo e eu” de Dante.
Desejo
Singrar longamente
em alvas velas
por mares azuis. Continuar a ler “POEMAS DE Rosa Sampaio Torres”
Is it raining yet? Is there a chance of rain? Has it rained? Is that smoke I see coming out of the chimney across the street? Is this a picture? Am I looking at something that isn’t moving outside my window? Is that rain? Is that the sound of dragons, dungeons, wildlife, air purifiers, birds, fate? What was the illness I didn’t know by name that made the man’s left eye open incompletely (the one who was begging paradoxically, using a plastic brochure stand as his lectern, like a preacher)? What was his soul affliction? (What’s mine?) Continuar a ler “PROSE AND POEMS – by Susan Pensak”
URGÊNCIA
Procuro uma palavra sobre a matéria
pueril dessas tardes.
Uma palavra escondida em alguma
boca seca de detalhes.
Falta mãos para colher as flores
de março e o mormaço dos dias
atuais espanta todas as borboletas. Continuar a ler “TRÊS POEMAS DE Tito Leite”
SINFONIA DE OUTONO
Há perfeita sintonia
Entre as folhas e meu canto.
É o espanto que me guia
Na palidez outonal
Como o rio, me despeço
Deste enorme matagal
De Bacus. À vida cedo
E ao Douro me confesso
As curvas doces desaguam em rectas um pouco menos que obtusas
que lhe fazem o rosto um poema para eu dizer, para eu olhar, e me desfazem a vontade de ser de muitas.
Eu serei só dela. Continuar a ler “SEVLA ORIEBIR – por Correia Machado”
©Júlia Moura Lopes- rio de mel
Memorias de luz
1
Ilumino el tiempo
parten trenes hacia el país del ensueño
2
Rostros avanzan por la muralla
tanta similitud en nuestros roces
que estallamos en un minuto
y agonizamos Continuar a ler “TEXTOS POÉTICOS DE Claudia Vila Molina”
1.
Fé
é a esperança
voando a pé.
—◊-◊-◊—
2.
A poesia existe
no que a palavra
não disse. Continuar a ler “POEMINHOS – Série de I a X- de Jaime Vaz Brasil”
NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR
Para Polimnia Sánchez, en Nueva York
y Julia Moura Lopes, en Porto
Por impostura o condena
aberración o inocencia
pobreza o abatimiento
no quiero ver una mujer llorar
Que se derrumben las catedrales
mausoleos y grandes torres
Que se calcinen los lechos
jardines profanados
cocinas ensangrentadas
aposentos y oficinas
donde se hayan hundido sus lágrimas
Por cobardía o jerarquía
dominación o violencia
abandono o traición
no quiero ver una mujer llorar Continuar a ler “NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR – por José Pérez”
As ruas da cidade
As ruas da cidade são inundadas de luzes indiscretas
e vozes esparsas que falam com as cassiopeias.
A noite é imensa e as luzes têm a solidão dos velhos.
Os passos são cadenciados ao ritmo de um poema,
escrito por amor, que acabou por não ter destino.
Um bêbado encosta-se ao candeeiro da esquina
e um carro pára perto da prostituta que mastiga chiclete
e puxa a meia calça já rota de tantas noites.
Uma e outra janela mostram a insónia de quem já não dorme
e um faminto revolve os sacos deixados com sobras de nada.
Já não há corpos diáfanos nem Primaveras férteis. Continuar a ler “A NOITE E A CIDADE – por Ana Paula Lavado”
NINFA
são lírios
——–os teus braços,
erguendo-se
——–de um
charco fundo,
anelando
——–o beijo do sol
——–e outras carícias de luz Continuar a ler “QUATRO ENSAIOS LÍRICOS DE HENRIQUE MIGUEL CARVALHO”
Uma grande rebelião
sem causa e também sem lema
não leva ninguém a nada.
Mas serve para o poema.
Um tombo dentro da alma
no arranha-céu dos dilemas
aos outros, talvez não sirva.
Mas serve para o poema.
Um roteiro que tropece
na escadaria do tema
talvez não sirva ao aplauso.
Mas serve para o poema
Um barco em pleno deserto
que o braço-em-gesso não rema
não vai ao cais nem às ondas.
Mas serve para o poema.
Uma andorinha sem asas
leva no corpo um corpo um problema
e não traz verão no bico.
Mas serve para o poema
Tudo o que dorme esquecido
bilhete, foto ou emblema,
a muitos não tem prestança.
Mas serve para o poema.
Cada tristeza, cada riso
o sofrimento com seus escudos
a correnteza,
o silêncio, o impreciso:
Ao poema serve tudo.
♦♦♦
Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.
Ventozelo
Era nas noites de trovoadas, quando o relâmpago
Ao sul se descarregava no esqueleto das árvores
E em transe percutíamos a glande do mistério
Vinham os animais despojar a crença do nosso sacrifício
E logo reflectíamos a posse da atmosfera circundante
De intemporal solenidade, de prosaico pragmatismo
Convertendo as relações em dependências familiares
Na consanguinidade dos gestos e das partilhas
Mordidas na mesma carne que nos sustenta
Cultivando a emancipação dos costumes
À luz da morte que nos iluminou. Continuar a ler “VENTOZELO – por Januário Esteves”
UNA MUJER FELIZ
He buscado en mi camino una mujer feliz
con nombre de rosa
con risa de espumas
donde las horas del sufrimiento no muestren
las sangrantes espadas
Una mujer feliz a secas
una bandera blanca de palomas
junto a campanarios de oro y sábanas de seda
como si un canto infantil la entretuviera
como si un aliento de niña escapara de sus sueños
Una mujer feliz no se parece a las culebras
no tiene vena en las espinas
ni está enterrada en la tristeza de una ventana vacía Continuar a ler “POEMAS TRADUZIDOS DE JOSÉ PÉREZ (castelhano-português)”
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