POEMINHOS DE JAIME VAZ BRASIL (21 a 30)

21.

O Eu Lírico

De dia
o eu operário.

De noite
o falsário.

Porém:
quem é quem?

Lily Antonia

22.

Arte não é o ponto
de chegada
assim como viver
não é chegar ao fim.

Nos dois casos
estamos falando
da estrada.

 

23.

Quando a técnica
é por demais imperativa

a arte vira um navio
à deriva:

não descobre continente
nem nada…

24.

Aos 8 anos
Mozart compôs uma sinfonia.
Maravilhosa aberração…

DNA em salto mutante
faz parte da evolução.

25.

Depois do fim do mundo
sobreviverão as baratas

e a Arte.

26.

O Verso e a Pauta

O poema sem asa
quer a porta do céu em silêncio
mas falta a chave…
Um verso raso só voa
na clave.

27.

Clássico é um livro
ressentido:

muito falado
pouco lido.

28.

Amor é quando
o outro não fica

amolando.

29.

Amor
é o que multiplica quando divide.

30.

O crítico
sabe o norte

mas reclama da sorte
e estaciona.

E morre
antes de morrer…

♦♦♦

Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.