
1
por baixo dos passos
sob a asa
……………desenho
o afinco contorno
……………essa bátega de água a ferver pelas costas
pela vela abaixo
……………devolvendo
como fazem as aranhas
reclamar o posto
mórfico
em desvio e desvario
2
já não há espaço para poemas fáceis
são demasiados leitos que não se conseguem desver
e eis que racha a folha
que nos vai calhar
e a pergunta flutua
no queixo que segura a boca fechada
3
há as peles que toldam o andar
e os pulos dos dias esquecidos no caderno
há o desformar o sangue
e os socalcos prontos a confrontarem o vento
no meio de nós
4
agora por sobre o joelho
rasgo de fogo em salpico
como gota de sal
devagar
azimute
5
agreste a estampa na veia
como perna rasa
vazia
fatia de gesso em corte pendente
memória
parto de fragmento
reviver com reflexo de prisma
águia em voo de vapor
azul tisnado de névoa
fractal na berma nua
um feno de anel de tempo
como anzol tingido na pele
toda
tolda
♦♦♦
Sandra Guerreiro tem com poesia publicada em várias antologias (Portugal, Espanha e EUA). É autora do livro Onde o Lugar | The Where Place (Glaciar, 2019). Escreve em língua portuguesa e inglesa, por vezes juntado as duas línguas no mesmo poema; a sua poesia vai desde o formato mais tradicional na página até à poesia visual, video poesia e poesia sonora. Mais em sandraguerreiro.net.
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