O conflito armado na Ucrânia é um daqueles que tem várias datas de começo e não se sabe quando será a data de encerramento. Para o mundo, começou há um ano com a invasão russa, mas para os ucranianos vem pelo menos de 2014 com mudanças de poder em Kiev que desagradaram ao vizinho e às forças internas defensoras de relações especiais com ele.Continuar a ler “EDITORIAL – A ARTE DA RESISTÊNCIA – por Jonuel Gonçalves”
Escrever é como fazer uma tapeçaria. Escolher um nome como Atena para uma revista é assumir também o valor a cada letra e com ela construir com palavras, com pontos e nós, uma narrativa.
Mas lá iremos, pois há que lhe contar um pouco a história da divindade.
Na Mitologia, são conhecidas as várias esposas e amantes de Zeus/Júpiter.
Às vezes acontecia de Antônio Moura ter bloqueios criativos. Olhava para o papel e não conseguia escrever uma única palavra. Ele se sentava em frente à máquina de escrever, pensava em vários acontecimentos, porém nenhum deles lhe parecia digno de ser registrado. Nessas horas, era como se Antônio não soubesse mais transpor para o texto a vida que ele tanto admirava, o que lhe deixava à deriva de seus pensamentos a vagar pelo mundo. Era outro nessas situações de crise. Não, ele não encontrava inspiração nos momentos em que mais precisava escrever. Tinha crônicas a entregar para três jornais, sabia do que pretendia tratar, mas quando era chegada a hora do trabalho da escrita, então ele não era mais do que uma criança que ainda não conhecia as primeiras letras. Ficava horas se contorcendo em cima de uma frase, que ele reescrevia e apagava, por não encontrar a fórmula perfeita, pois não sabia que não há perfeição nesta vida, muito menos na escrita, algo tão pessoal e único, com todas as imperfeições de cada autor em sua labuta com as letras. Não, Antônio almejava a perfeição, queria ser um deus na arte de escrever. Jamais aceitaria um texto feito de uma tacada só. Como escritor, ele buscava filigranas. Por isso passava um dia inteiro para terminar um parágrafo, que para ele estava sempre incompleto e que ia para a redação assim mesmo, porque precisava do emprego.Continuar a ler “ANTÓNIO – Cassiano Russo”
Lisboa, 1981- Glauber Rocha tendo ao fundo um cartaz de ‘Raging Bull’, de Martin Scorsese.
“Ida Lupino, John Cassavetes e Glauber Rocha foram uma influência fundamental para a minha formação. Seu Cinema continua sendo uma inspiração para mim, enquanto cinéfilo e cineasta”
Martin Scorsese
Feliz aniversário, Glauber!
Num incerto dia de um outono dos anos 70, Juan Luis Buñuel passeava por Saint-Germain-des-Prés, quando, de súbito, alguém cutucou seu ombro. Ao se virar, logo reconheceu o cidadão. Trazia um pacote nas mãos e intimou Juan a acompanhá-lo. “Ele parecia ansioso, aflito mesmo”. Em passo acelerado caminharam até à margem esquerda do Sena.Continuar a ler “SPAGHETTI E SOMBRINHAS JAPONESAS – por Danyel Guerra”
O idioma vernacular que ele usou ecoa em nossa linguagem própria, tanto literária como musical; e de sua personificação do amante infeliz como anti-herói se tornou um de nossos principais modelos. Petrarca foi um grande poeta lírico, mas também um psicólogo talentoso, cujas pesquisas sobre literatura das épocas e em sua própria psique o atraiu profundamente para as regiões onde a verdadeira culpabilidade e inocência são encontradas. Continuar a ler “PETRARCA: AMANTE INFELIZ – por Eric Ponty”
Califórnias perdidas: uma antologia de poesia açoriana
Californias perdidas é uma antologia de poetas e de poemas. O subtítulo diz-nos exatamente isso: Una muestra de poesía azoriana. De Antero de Quental a Emanuel Jorge Botelho. Nela se acolhem alguns dos poetas mais representativos do que, em cerca de século e meio, é exemplarmente configurável como exibição de uma identidade poético-literária e cultural – a assumida «açorianidade» a que Nemésio imprimiu cunho. Assim, para além dos nomes que constam do subtítulo, encontramos na presente antologia Roberto Mesquita, Vitorino Nemésio, Pedro da Silveira, Natália Correia, Eduíno de Jesus, Emanuel Félix, Martins Garcia, Álamo de Oliveira, J. H. Santos Barros e Urbano Bettencourt.Continuar a ler “RECENSÃO DE “CALIFORNIAS PERDIDAS” – por Fernando Martinho Guimarães”
Somos os dois irmã. Passos lentos nos dias roubados em terra de além Tejo.
Tapas ao cair do escaldante sol. Nas bandas do azul sorvem nossas narinas ávidas. Há vidas, logo embelezem-se. Os olhos com planícies sem fim. Queijo muito fino. Aterrar lentamente. Uma folha na brisa. Nada de utopias nem psicanálise. Esquecidos exames institucionais e ignoradas recomendações. Só apalpar o instante. Inspirar as manhãs e seguir de mansinho. Sem pressa. Em trilhos vazios. Onde árvores antigas repousam. Foram arrumadas ali pequenas casas. E histórias de dor. Que a pintura oficial vai apagando. Com suas escrituras vampiras. Olhamos e sentimos a vida. O que ali sangrou.Continuar a ler “UM ROMANCE NAS NÓDOAS DA MISÉRIA (5) – por Lúcio Valium”
Escrever é procurar as palavras que urgem para que se desenhe o que sente. É entrelaçar os fios de que a alma é feita na vida que se tece enquanto esta vai acontecendo em madrugadas surgidas para serem vividas. É pontear as costuras onde por vezes se rasga o viver. É deleitar e sofrer. É clarear, mas também pode ajudar a escurecer.Continuar a ler “ESCREVER- por Manuel Igreja”
VER CLARO . Toda la poesía es luminosa, hasta la más oscura. El lector es el que tiene a veces, en lugar de sol, niebla dentro de sí. Y la niebla nunca deja ver claro. Si regresar otra vez y otra vez y otra vez a esas sílabas alumbradas quedará ciego de tanta claridad. Alabado sea si allí llegar. . Eugénio de Andrade – Prémio Camões 2001. In “Los surcos de la sed”. Ed. Fundação Eugénio de Andrade, 2001. Versión al castellano: Maria Toscano, Figueira da Foz, Portugal. 13 enero / 2023.
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VER CLARO . Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura. O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si. E o nevoeiro nunca deixa ver claro. Se regressar outra vez e outra vez e outra vez a essas sílabas acesas ficará cego de tanta claridade. Abençoado seja se lá chegar. .
Eugénio de Andrade – Prémio/Premio Camões 2001. In “Os sulcos da sede”. Ed. Fundação Eugénio de Andrade, 2001.
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Maria (de Fátima C.) Toscano, Doutora em Sociologia. Docente Universitária, Investigadora e Formadora. Coach e Trainer em Programação Neurolinguística.
El pensamiento del poemario Por Descartes de Yasmín Navarrete
René Descartes fue un héroe del pensamiento, porque sus palabras las llevó más allá del papel, no solo dejó sus escritos, sino que plasmó una frase que dejó en el pensamiento de sus seguidores, pero también de todas las almas terrenales, al moverlas con la siguiente frase: «Pienso, luego existo», palabras que quedaron para la historia, ya que el filósofo en un estado de contemplación las escribió en su mente para dejarla escritas. Dicen que las palabras se la llevan el viento, pero lo que refirió Descartes, sin duda tuerce al ser humano, quienes van y vienen como trashumantes, algunos piensan y otros no, porque viven en sus propias hecatombes. No obstante, Descartes usó este pensamiento para referirse a la duda como estado de búsqueda de la verdad. Además, el dudar era una forma de hallar las respuestas a sus pensamientos. Por lo tanto, surge la pregunta, ¿dudamos? Y esto me trae el recuerdo de un profesor de filosofía que tuve cuando estudiaba la maestría en Filosofía, quien en una ocasión se me acercó y con una mirada taciturna y voz parsimonia me preguntó: —¿Usted duda? Cuando me hizo esa interrógate quedé pensativo, por lo tanto, Descartes hizo mella en mí, en el profesor y en muchos otros más, entonces pasaron los años y seguí pensando en Descartes, hasta que me topo con un poemario maravilloso, filosofal, existencial y pensamiento como lo es el libro Por Descartes de Yasmín Navarrete, publicado por Editorial Signo. La poetisa se conmueve con el filósofo y refleja su pensamiento de una forma somera, pero también intuitiva porque ella explora la duda, incluso se apodera de su ser, para debatirse sobre sus pensamientos que inclinan en su corazón. La poesía de Yasmín Navarrete va desde la duda hasta la preocupación por las cosas, donde el amor está en sus versos, preguntándose por ese sentimiento que viaja en los astros. En el poema «Estrella oscura» la poetisa dice:Continuar a ler ““Por Descartes” de Yasmín Navarrete – Recensão de Moises Cardenas”
Tive já a oportunidade de, nesta Revista, comunicar sobre a importância da prática da reciclagem. Retomarei este tema. De uma forma crescente, as sociedades têm despertado para o facto de caminharmos por um trilho de insustentabilidade, no modo como exploramos os recursos naturais e poluímos o ambiente. É do senso comum que uma redução nos níveis de consumo contribui para o mitigar deste mal. Este discurso anticonsumo, que não ouso contrariar, todavia, parece-me pecar por não conferir a devida atenção à vertente da chamada economia circular. Não me canso de referir que a apropriação do tema ambiental pelas correntes ideológicas das esquerdas extremadas, anticapitalistas, possivelmente, é parte do problema e não da solução. Entendamo-nos – a questão ambiental deveria estar acima de qualquer conflito ideológico. Trata-se de uma matéria de sobrevivência da espécie e de manutenção de qualidade de vida da mesma. Politizar o tema ambiental seria equivalente à politização de uma hipotética estratégia científica, desenhada com o fito de, no sentido de se evitar uma catástrofe global, se desviar um asteroide que se aproximasse do nosso planeta. Uma total falta de sentido, portanto.Continuar a ler “A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA CIRCULAR – por Ricardo Amorim Pereir”
Poemas de Rolando Revagliatti de su libro ‘Obras completas en verso hasta acá’:
Es un chico: no entiende
1
Duerme mujer enroscada: se quedó dormida: mujer que se queda dormida.
2
Ellos piensan que mi problema es que soy un idiota Se equivocan: mi problema es que no soy un idiota.
3
Cuando sea grande mi mamá me va a conseguir una novia.
4
Diana Dors inmiscuye sus tetas de nácar en mi sopa ¡yeeeeaah!… Diana.
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Bogotá treinta y tres treinta y dos
Las gitanas el caballo del sifonero el carro del sifonero y el pescante del carro del sifonero el perro gris o blanco vecino el potrero al lado de las vías -la mancha la escondida el picado las kermeses- el túnel de la estación las hojas en las calles el tranvía Elsa y Osvaldo en el zaguán la calesita y el colegio
Bogotá treinta y tres treinta y dos los pibes de la otra cuadra ninguna maestra memorable tres argentinas por ochenta centavos el ruido de los aviones mirá para los dos lados al parque Avellaneda con mi papá los domingos al trencito y al sol.
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Decaigo
Qué nombre habrá tenido mi primera segunda mamá cómo sería
Decaigo como un juguete que ni se cuida ni se rompe no corro ni dibujo me firmé el boletín con la palabra equis.
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Infanto-juvenil
¡Cómo te perdías en Harrods! Te dejaban sin manos y sin mapas las estanterías tendrían ropa difusa y difundida toallas supongo sábanas todos eran mayores y apurados
Después que los perros chumbaran nomás cerraste la celosía con alevosía adoleciste como un pescado.
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Stella Maris
Hay ternura que valga lo sabías trino que la querías se te posa un motivo con algas te prefería cuantiosa y rauda
Entre las hijas linda la primavera hay lo que hay y hay lo que queda
Acaricia tu ensueño quien te acomete la poesía el libro es otro y otra es siempre
Y siempre es otra la de esos ojos y la tristeza que te remuerde es desde el cielo donde anduvieras tu ser terrestre.
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Constanza
Toda extremista ella toda extremadamente ella ella toda que es toda que si usted no la ama ni la deja es que ni es usted y ella sí ella es toda
Es toda así como la ve si viera como se deja amar y desamar -si fuera usted capaz de desamarla después de haber sido capaz de haberla amado- en fin es toda así una bicicleta de lujo ¡¿o no me entiende?!
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Marisa G.
Una inenarrable cara de mujer la tuya los ojos nada menos que esgrimistas tiesos.
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Mirta
Recórcholis y albricias viven una aventura de mimos y sulfuraciones se confrontan los experimentados estilistas la pasión y la argucia
Recórcholis y albricias viajan en carrindanga en pleno mediodía adoran las frutillas y a José Donoso lo más la vida que conozco
Recórcholis y albricias son a veces soldado de la Independencia mostazas y bullangas en contubernio
Recórcholis y albricias son una mina hay que decirlo cuyas vetas develan mis fotografías.
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En verso
Espantado por tu limpio nombre salí a relucir veteado y calvo cosa que me reconozcas autonomía de espanto
Yo te sublimo a medianoche entre gritos desgarradores y paradas de carro
En verso impreco consubstanciado te reclamo caten catadura y carisma estofa del armisticio viva.
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Quiero y quererte
Te quiero para todo (salí a quererte donde se pudiera) aunque el ángel se haya hecho pelota (arrepentido el domingo de haberse insinuado en francés el sábado a la noche) No es desde la alcoba de Dios que te grito mi azúcar manchada Ni ropero ni guitarra ni cantor la cama como siempre: ¡venceremos!
Cargá con tu cruz pero con más gracia a ver los hombros, las rodillas no escurras del escultor el embeleso Ondulo en el umbral una rapsodia de recibimiento no te doy permiso para huir me río con todos los dientes te cierro con llave te guiño con la chimenea que ya empieza a concebir un humo raro
Vení a sacarme el moho y la camisa y por favor el nudo en la garganta.
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De tango
Me dejaste por otro aunque el otro no existía cuando me dejaste por otro
Me dejaste por otro, aunque el otro no existía cuando me dejaste por otro
Me dejaste por otro, aunque el otro no existía cuando me dejaste por otro
Me dejaste por otro, aunque el otro no existía Cuando me dejaste por otro, el otro no existía
Por qué me dejaste mi linda Juliana tu nene es un pájaro de fuego mojado.
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Rolando Revagliatti nació el 14 de abril de 1945 en Buenos Aires, ciudad en la que reside, la Argentina. Publicó en soporte papel un volumen que reúne su dramaturgia, dos con cuentos, relatos y microficciones y quince poemarios, además de otros cuatro poemarios sólo en soporte digital. En esta condición se hallan los seis tomos de su libro “Documentales. Entrevistas a escritores argentinos”, conformados por 159 entrevistas por él realizadas. Todos sus libros cuentan con ediciones electrónicas disponibles en http://www.revagliatti.com
Em número anterior desta revista Athena havíamos publicado artigo dedicado ao mítico bispo Wilkarius,“o Espada Gloriosa”, que com outros três cavaleiros de muito prestígio apoiaram a descida do Imperador Carlos Magno para a Itália no século VIII, tendo em vista auxiliar o papado a enfrentar os lombardos. Nesta oportunidade havíamos sugerido a associação deste grupo de dignitários com os quatro cavaleiros lembrados pelo historiador Giovanni Cavalcanti no século XV, varões muito religiosos saídos das proximidades de Colônia, do magnífico Castelo de St. Gilles (1).Continuar a ler “ADALARDUS – por Rosa Sampaio Torres”
“Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta.” (Carl Jung)
Ser profundo é buscar o desenvolvimento interno e externo, integrando constantes processos de ajustamentos criativos, tomando para si próprio a mudança, ao mesmo tempo que se processa o equilíbrio e a auto-regulação do corpo/mente/alma.Continuar a ler “PROFUNDIDADE E AUTOCONHECIMENTO – por Teresa Escoval”
Escapei enquanto ele se descuidou e deixou o portão aberto, não sei nem como eu fiz para correr com todos os filhotes que carrego na barriga. O homem que me maltratava naquela casa repetia que enquanto eu parisse, ele iria matar os meus bebês porque eram lixo: “Que nem você, cadela feia”, dizia ele com um cinto na mão prontinho para me bater com raiva.Continuar a ler “A CARAMELA – por Via Plaza”
Em uma bela tarde, com a silhueta do vulcão Mombacho acima dos telhados das casas, na famosa Calle La Calzada, em Granada, na Nicarágua, conheci o poeta macedônio Nikola Madzirov. Na ocasião do VIII Festival Internacional de Poesia, em 2012, alguns poetas e eu tomávamos cerveja, sentados a mesa na calçada. Falamos de poesia brasileira e de outras nacionalidades, sobre ser poeta e muitas risadas ecoaram pela estreita ruela. Nikola Madzirov nasceu em 1973, em Estrúmica (a maior cidade no leste da Macedônia do Norte, perto da fronteira com a Bulgária), proveniente de uma família de refugiados das Guerras dos Balcãs. Ele conta que aos 18 anos, o colapso da Iugoslávia provocou uma mudança em seu senso de identidade – como escritor, levando-o a reinventar-se em um país que se via como novo, mas que ainda era alimentado por tradições históricas profundamente arraigadas. No ano seguinte, Madzirov participou do Festival Internacional de Berlim e me presenteou a tradução para o alemão da coletânea de poemas Pedra Deslocada (Versetzter Stein). Assim traduzi alguns de seus poemas (do alemão para o português), publicados no Jornal Rascunho, em 01/10/2012. A revista semanal alemã Der Spiegel comparou a qualidade da poesia de Madzirov à de Tomas Tranströmer. Seus poemas foram traduzidos para mais de quarenta idiomas. Ele recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, é editor da edição macedônia da Antologia da Poesia Mundial: Séculos XX e XXI, e um dos coordenadores do site internacional de poesia Lyrikline, com sede em Berlim, além disso, é membro do júri do maior prêmio internacional para este gênero literário, o Prêmio Griffin de Poesia, do Canadá.
Não podemos falar da poesia de Nikola Madzirov sem procurar entender um pouco os duradouros e profundos conflitos envolvendo os países dos Balcãs. Digo um pouco porque esta região é considerada uma das mais instáveis e complexas na Europa, devido à diversidade de etnias e aos conflitos bélicos que perduram há séculos. Sendo assim faço apenas um esboço, no final da entrevista, sobre a história e a literatura da Macedônia.
Nesta entrevista, cuja tradução em inglês foi publicada no site da revista literária online pan-europeia Versopolis, Madzirov fala de suas origens e de sua criação poética.
O sangue e a poética do não-pertencimento
Nikola Madzirov
Diante do refinamento de uma cultura aprisionada em formas e limites que mascaram tudo,
o lirismo é uma forma bárbara cujo valor é não ser nada mais do que
sangue, sinceridade e fogo.”
(Emil M. Cioran)
Você pertence aos Balcãs e não há sangue em sua poesia…”, me perguntam com freqüência. O sangue circula na minha memória. Sempre que vejo uma árvore solitária, os traumas herdados e testemunhados da guerra me levam a pensar no cadáver de um soldado embaixo de suas raízes. Não tenho a ilusão de estar dizendo algo novo, porque tudo está presente mesmo sem ser documentado, como minerais em uma mina ainda a ser descoberta. Acredito mais em brinquedos escondidos do que nos principais segredos das guerras. Às vezes, para escrever, é preciso permanecer nesta solidão que não engendra temores e lembranças maiores do que a própria morte. A melhor maneira de recordar nosso último sonho é não olhar pela janela quando despertamos. Acredito que o desejo de (re)contar existirá enquanto houver o mistério de partir e regressar. Muito freqüentemente me sinto mais seguro quando falo em sonhos e me calo na realidade. Os críticos têm dito que a primeira coisa a lembrar sobre o ‘metafísico’ John Donne é que ele era católico, e a segunda é que ele tinha traído sua fé. Acredito ser esta uma maldição silenciosa que persegue os escritores: trair aquilo do qual pertencem no momento em que sentem que começaram a pertencer. Em uma de suas últimas entrevistas intitulada, “Sou católico fracassado, mas ainda católico”, Adam Zagajewski disse: “A procura reside no ato de procurar, não em definições fortes” (search is in searching, not in strong definitions). Na maioria das vezes eu me sinto como um nômade, mesmo sem mover a gaiola do meu corpo de uma realidade imposta para outra. Viajei e pesquisei muito por mais de vinte anos, mas minha avó costumava me dizer que ela havia viajado por vários países apenas sentada em seu velho sofá na sala. Nos Balcãs, você pode ter essas intermináveis viagens através de ideologias, reinos e novas fronteiras simplesmente sentado no sofá de sua sala.
Elizabeta Sheleva escreve que os escritores, independentemente do lugar onde vivam, são sempre seres estranhos e estão sempre destinados – com base na potência de sua inquietação criativa – a permanecer e existir como desabrigados[1]. Por um lado, desabrigado significa sentar-se na frente da lareira e sentir a força do vento, mas quando se está distante de casa, significa ler o mundo à luz do fogo.
Sinto-me seguro no interior da caverna aberta do não-pertencimento. O mistério da criação artística está no cerne da surpreendente metamorfose quando a eternidade se torna efêmera e vice-versa – quando um anjo precisa de uma máscara de oxigênio para entrar no hospital tentando assistir a um paciente moribundo ou quando uma bola chutada para o alto do telhado torna-se parte de uma constelação desconhecida. Uma metamorfose moderna está acontecendo agora – as pessoas abrem as cortinas de sua vida cotidiana e tiram a máscara para mostrar um rosto falso. Dubravka Ugrešić desmascarou a realidade atual quando disse que “os participantes do carnaval na era pré-digital usavam máscaras, hoje cada um faz o melhor que pode para mostrar seu próprio rosto”[2] Em minha infância, eu costumava escrever nas paredes do meu quarto antes mesmo de aprender sobre as letras e a imperfeição das palavras. Meus pais tinham que repintar as paredes de branco todo verão. Parece absurdo, mas essas paredes foram o primeiro palimpsesto da minha liberdade. Comecei a escrever poesia quando entendi as palavras, mas comecei a entender poesia quando aprendi sobre o silêncio. Naturalmente, isto aconteceu antes da guerra na Iugoslávia. A guerra me ajudou a entender a necessidade de falar mais alto no papel quando tudo e todos ao meu redor se tornavam mais sonoros. Sei que hoje em dia parece comovente quando se ouve dizer que um poeta usou seu sangue em vez de tinta para escrever seus últimos versos, mas na região onde vivo algumas pessoas usaram o sangue de outras pessoas para escrever novas histórias e impor mitos.
As guerras começam com a mudança dos nomes das cidades e das pontes, com a reconstrução da memória pessoal – a dura linguagem da bala vem depois. Nos Balcãs, as pessoas muitas vezes glorificam a história de forma equivocada, receiam que sua linguagem se torne história. A língua em que escrevo é falada por apenas dois milhões de habitantes que emigram todos os dias em busca de um lar seguro, colocando suas memórias nos novos espaços, mesmo antes de arrumar os móveis. Devido ao pânico causado pelo desaparecimento, muitas nações e líderes provisórios dos Balcãs voltaram-se para a história, o que lhes ofereceu um espaço e а fogueira em torno da qual podem contar histórias assustadoras. A poesia foi construída através da estética do desaparecimento (como disse Paul Virilio) e se alimentou das raízes daquilo que era apenas narrado e ainda não escrito. Nos Balcãs, estávamos juntos na guerra e sozinhos na poesia. A claustrofobia tornou-se a principal filosofia de vida – onde os apartamentos possuem pequenas sacadas e tetos baixos para melhor preservar a própria insegurança. E assim, a fragmentação da memória dorme em todas as casas. Meus antepassados eram refugiados e não escreviam poesia enquanto atravessavam fronteiras e montanhas a pé, e não levavam livros quando fugiam de suas moradias, por causa do peso. Por outro lado, há tantos livros escritos sobre êxodos, que creio não caberem em todas as casas abandonadas do mundo. Nestas circunstâncias, acredito que escrever é como plantar uma semente em um vulcão adormecido.
Escrevo sobre coisas, pessoas e processos não para elogiá-los, mas para desmistificar a aurea da história que os cerca. Vivo em uma pequena cidade perto de três fronteiras – macedônia, búlgara e grega – então, atravessar uma fronteira para mim é como atravessar a rua quando os semáforos fecham. Kapka Kassabova escreveu: “As pessoas morrem atravessando fronteiras, e às vezes só de estar perto delas”[3]. Às vezes, penso que cada ruga no meu corpo é apenas um reflexo das fronteiras que atravessei. Contudo, o maior desafio foi atravessar a fronteira do tempo, a fronteira da história, uma vez que todas as guerras balcânicas começam com a conquista do passado – somente posteriormente é que se fala de territórios. Históricos e histéricos – eis uma unidade perfeitamente fatídica! Nesse sentido, eu me considero um arqueólogo ilegítimo que, ao escrever poesia ou ensaios, tenta desmistificar a mitomania herdada e todas as grandes narrativas, colocando-as numa perspectiva diferente, mais iluminada ou mais escura. Contar histórias sobre objetos esquecidos é mais importante do que as cartas e ordens assinadas pelos líderes de guerra. Certa vez, enquanto eu viajava pelo Cáucaso, parei em algumas sepulturas distantes, porque eram diferentes de todas as sepulturas que eu havia visto antes: não havia uma única lápide nos túmulos. No entanto, vi desenhos na placa de pedra horizontal que cobria a sepultura – desenhos que retratavam a vida e a morte das pessoas sepultadas embaixo da pedra. Isso é um belo exemplo de como as pessoas podem se transformar em histórias e viver através das vozes de testemunhas que nunca as conheceram enquanto estavam vivas. Uma vez escrevi que a poesia sempre esteve distante das estatísticas da popularidade convencional. Ao longo da história, ela tem tido o nível elevado de uma forma de arte cordial, mas também tem sido uma espécie de resposta punk-rock à esterilidade social ou aos suaves brandos nacionais. A poesia não é apenas leitura; a poesia é diálogo. Ornamentada ou não, a poesia possui um círculo menor de leitores, semelhantes a espelhos – com ou sem molduras, e o reflexo é igualmente limitado. A poesia está próxima do silêncio, mesmo quando é lida em um bar ao som de uma máquina de café ou em uma estação enquanto se espera por um trem atrasado. Não me incomodaria o fato dos versos serem impressos na embalagem dos saquinhos de açúcar servidos com o café. Isso poderia ser visto como uma campanha promocional. Como todas as coisas produzidas pelas poderosas indústrias, a poesia é tratada como uma mercadoria, o que não está longe de ser uma das idéias de Heidegger em Aorigem das obras de arte. No entanto, é a estética que move a poesia através da profundidade do tempo. Cada verso é polido pelos anos como uma rocha é polida pelo mar. Não tenho certeza do que é mais ‘representativo’ hoje: um livro de poesia colocado na caixa registradora de um supermercado ao lado das lâminas de barbear e das gomas de mascar, ou um livro de poesia, exaltando algum herói local, exposto atrás de uma vitrine empoeirada de museu. Minha infância foi moldada por um sistema ideológico no qual a poesia devia ser aprendida de cor. Foi uma tarefa árdua, em vez de um ato de memorização. Os líderes políticos são deuses contemporâneos que querem transformar a poesia em uma rotina, e os deuses e as rotinas têm um poder mortal porque passam despercebidos e são invisíveis.
Szymborska diz que a escrita é “a vingança de uma mão mortal”[4], e a elevada expressão das palavras nada mais é do que seu regresso à fonte, às fronteiras do incomunicável. Na língua macedônia, há uma palavra particular para traduzir poesia: ‘prepev’, literalmente ‘re-singing’ ou ‘new-singing’ (re-cantar, novo-cantar), ou seja, que a poesia está sendo cantada de novo, recriada. Sempre que leio um poema ‘recriado’, procuro a voz original do autor, embora saiba que isto é como procurar uma assinatura na parte inferior de um quadro. O pós-modernismo afirma que o leitor possui uma mente atenta para a continuação e a construção da história e para a poesia memorizada, mas cada vez mais sou propenso a acreditar no leitor como um des-construtor diferente, com uma consciência ativa voltada à originalidade do texto. Como tal, o leitor pode reconhecer os segredos mesmo nos versos mais específicos, e incorporar o silêncio do primordial. Uma de minhas avós era carpideira, lamentadora remunerada em funerais, ela costumava ‘re-cantar’, como diziam em minha cidade natal. Ela traduzia todo o luto silencioso em gritos de lamento, e com uma voz que calava o padre e enterrava as esperanças da família em luto, emitindo um grito cosmogênico no túmulo de uma pessoa que ela nem sequer conhecia. Muitas vezes ela me acordava pela manhã testando a força de sua voz no jardim dos fundos, invadindo os meus sonhos como uma ausência estrangeira, entrando em mim como uma chave para uma porta de uma casa em ruínas. Entendi este ritual de luto como a audibilidade da ausência, e a consciência da quietude como o único sinal de presença que se aninhava dentro de mim. Não há nada mais silencioso do que a presença de uma sombra. Todas as histórias ouvidas por mim na infância me mantiveram desperto, e em mim germinaram a semente de sua transfiguração. A flexibilidade da narração oral me purificou do medo da transitoriedade e aprofundou minha fé na transformação, livrando-me do receio de que as mariposas do tempo devorassem o texto que poderia ser desvendado sem a presença de seu autor. Na Malásia, mais especificamente na região de Kelantan, ainda é praticado um ritual transcendental chamado Mak Yong, no qual além da dança e da execução do rubab, são incluídas as vozes dos narradores falando constantemente algo novo, muitas vezes em forma de diálogos, simbolizando o encontro com o invisível, celebrando o ‘angin’ (vento) – o vento metafísico espalha as palavras através do tempo e derrama-as nas almas. Este ritual oral envolve não apenas a coragem de falar, mas também o medo diante da escrita. No entanto, a literatura como testamento para o mundo é importante para que as “palavras […] não percam seu significado” como diria Danilo Kiš[5]. Às vezes, quando escrevo, parece que as vozes do passado se movem cuidadosamente através da teia de aranha do presente procurando não rasgá-la. Escrever o verso com o qual você vive e que você reconfigura a cada nova formulação, é como esculpi-lo dolorosamente em seus ossos. Hannah Arendt, após conhecer W. H. Auden, escreveu: ‘Ele constantemente revisava seus próprios poemas, concordando com Valéry que um poema nunca é terminado, apenas abandonado'[6].
As palavras escritas são como peixes jogados no poço de uma nova realidade – seu turbilhão mantém a água limpa.
[1] Elizabeta Sheleva: ‘Otadžbina/domovina/tuđina’ (‘Fatherland/Homeland/Foreign Land’). Sarajevske sveske, no. 45/46, 2014. [2] Dubravka Ugrešić: The Age of Skin. Open Letter, 2020. [3] Kapka Kassabova: Border: A Journey to the Edge of Europe. Graywolf Press, 2017. [4] From Wisława Szymborska’s poem ‘The Joy of Writing’ (View with a Grain of Sand: Selected Poems, Harcourt Brace, 1995). [5] Danilo Kiš: The Lute and the Scars (‘Lauta i ožiljci’). Dalkey Archive Press, 2012. [6] Hannah Arendt: Thinking Without a Banister: Essays in Understanding, 1953-1975. Schocken, 2018.
Tradução do inglês por Viviane de Santana Paulo, poeta, tradutora e ensaísta.
A região dos Balcãs é formada por pequenos países de diferentes grupos étnicos cuja população se desloca de região para região, como é natural do ser humano. Há sérvios vivendo no Kosovo e vice-versa, e para determinados líderes políticos nacionalistas isso basta para anexar certa região ao país e criar conflitos bélicos. Houve fronteiras modificadas, ao longo dos séculos, países destruídos e reconstruídos, grupos étnicos que sofreram genocídio, idiomas e expressões culturais proibidos, e muitas guerras. E a região continua a ser um barril de pólvora! Os Balcãs é composto pelos países Albânia, Grécia, Romênia, Bulgária, além das repúblicas que compunham a ex-Iugoslávia: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedônia, Sérvia, e Kosovo. A Iugoslávia era uma república socialista, formada pelos países Bósnia e Herzegovina, Croácia, Eslovénia, Macedónia, Montenegro e Sérvia. Esta última tinha duas províncias autônomas (Voivodina e Kosovo). A Iugoslávia atravessou uma forte crise econômica e política durante a década de 1980, período da ascensão do nacionalismo, fatores que levaram à desintegração do país e às Guerras Iugoslavas, consideradas as mais brutais da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. O país deixou de existir em 2006 com a declaração de independência do Montenegro, enquanto a província até então autônoma do Kosovo declarou unilateralmente a sua independência da Sérvia dois anos depois, em 2008. Diferente da Sérvia, Kosovo possui a população majoritária composta por albaneses. Até hoje, os conflitos se reacendem como atualmente entre Sérvia e Kosovo.
A Macedônia obteve a Independência em 1991 e tem fronteiras com a Bulgária, Grécia, Albânia e Kosovo. O norte possui o nome de República da Macedônia do Norte, a parte próxima à Bulgária chama-se distrito búlgaro de Blagoevgrad e próxima ao norte da Grécia localiza-se a província grega da Macedônia. Diante da verdadeira “salada” de grupos étnicos que vive no país, no início dos anos dois mil a Macedônia foi abalada por violentos tumultos entre a minoria albanesa e a maioria macedônia. Do lado macedônio, existiam os receios de uma Grande Albânia, incluindo o Kosovo e partes do noroeste da Macedônia. Através da mediação da UE, o Acordo-Quadro de Ohrid, assinado em 2001, os antagonismos entre albaneses e macedônios diminuíram consideravelmente. O país é habitado pela maioria greco-macedônia e uma pequena minoria eslavo-macedônia. Além disso, existem ainda as populações Aromaniana, Meglenoromaniana e Armênia, que são, no entanto, em grande parte assimiladas e cujas línguas são hoje consideradas ameaçadas.
No tangente à literatura, a língua macedônia moderna pertence às línguas eslavas medirionais, é parente próximo do idioma búlgaro e usa o alfabeto cirílico. O primeiro drama no idioma, antes considerado apenas um dialeto (Ilinden, 1923), foi escrito pelo revolucionário macedônio-búlgaro Nikola Kirov-Majski (1880-1962). A revista literária mensal (Mesečni pregled, mais tarde Juzni pregled, 1926-1939), publicada em Escópia, editada pelo russo Petar Mitropan (1891-1988), era uma das poucas revistas que oferecia oportunidades de publicação na língua macedônia, que de outra forma teria sido marginalizada.
A maior contribuição para a codificação da língua macedônia, que havia sido admitida como língua oficial a partir de 1945 (anteriormente chamada de dialeto búlgaro), foi feita pelo filólogo, letrista Blaze Koneski (1921-1993). Entre os primeiros autores estavam Vlado Maleski, Gogo Ivanovski e Jovan Boškovski. O autor Taško Georgievski exilou-se na Iugoslávia após a guerra civil grega em 1947 e escreveu o romance A Semente Negra (inglês 1974) sobre a perseguição de revolucionários macedônios na Grécia.
Uma das figuras mais importantes da literatura contemporânea macedônia é o autor Slavko Janevski. Ele escreveu o primeiro romance em macedônio, Seloto zad sedumte jaseni (1952). O romance de Petre M. Andreevski, Pirej (1980; inglês “Quecke”, 2017) também é um dos mais representativos, e trata do período após o fim do domínio otomano nos Bálcãs, durante a Primeira Guerra Mundial e posteriormente, no qual a população em parte sérvia e em parte de língua búlgara se torna jogo político entre a Sérvia, Bulgária e Grécia. Petre M. Andreevski foi recentemente descoberto como um dos grandes narradores de histórias europeias do século XX. A Segunda Guerra Mundial também permaneceu um tema frequente até depois da independência da Macedônia do Norte, nos anos 90, por exemplo, no romance de Vlada Urošević, Minha prima Emília (1994).
Em relação à poesia, Kotcho Ratsinou Kočo Racin (1908-1943) foi um poeta e revolucionário comprometido com os comunistas macedônios e juntou-se à resistência em 1943. Foi morto no mesmo ano em circunstâncias inexplicáveis. Os poemas de Racin em Beli Mugri (1939; White Dawns), que contêm muitos elementos da poesia folclórica oral, foram proibidos pelo governo da Iugoslávia antes da Segunda Guerra Mundial. O poeta Kole Nedelkovski (1912-1941), cujo poema revolucionário “Uma voz da Macedônia” (Glas od Makedonija) é um dos mais importantes da literatura macedônia. E para mencionar as poetas mulheres, Danica Ruchigaj (1934), Vesna Acevska (1952), Lidija Dimkovska (1971) são alguns nomes de destaque. Em homenagem a Danica Ruchigaj, que tragicamente faleceu em um terremoto em 1963, foi criado um prêmio de poesia com o seu nome.
O apoteótico e hipotético duelo entre Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda
Dentre a produção musical brasileira, há de se destacar a excelência das letras trabalhadas por exímios artesãos do vocábulo que, em alguns casos, migraram da poesia de livro de modo a alavancar a MPB à categoria de World Music mais aclamada em todo território interplanetário, desde quando a canção “Coisinha do pai”, do sambista Jorge Aragão, estourou nas rádios marcianas nos fins do século passado. O que os extraterrestres não têm ideia, no entanto, é que entre os mestres do cancioneiro brasílico há inúmeras discordâncias sobre fatores mais diversos, que ora são veiculadas nos noticiários da Via Láctea; ora são silenciados pelas formadores de opinião pública.Continuar a ler “DOIS CONTOS FANTÁSTICOS SOBRE A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA – por Wander Lourenço”