A singular pluralidade de Fernando Pessoa passa, antes de tudo, pela gênese artística de seus heterônimos. Seja como Fernando – o próprio – , Álvaro, Alberto ou Ricardo (ou ainda Bernardo e outros menores), o genial poeta criou personagens que existiram soberanos em estilo, temática, dimensão estética e qualidade. Continuar a ler ” EDITORIAL – “Pessoa: Singularmente plural” – por Jaime Vaz Brasil”
FRIEDRICH, O PASTORZINHO – por Adília César
A vida tornou-se-me leve, a mais leve, quando exigiu de mim o mais pesado.
Friedrich Nietzsche* in Ecce homo
1844 e a criança é o filho primogénito no pequeno colo, na pequena casa, na pequena aldeia. A janela aberta de par a par recebe a brisa do outono e convida o menino a fazer voar as suas ideias pelo mundo inteiro. Friedrich. Continuar a ler “FRIEDRICH, O PASTORZINHO – por Adília César”
MULHERES NAS RUAS DO PORTO – XV – César Santos Silva
Carmo (Rua do)
(Também existe a travessa) Início: Parada Leitão (Praça de) Fim: Prof. Abel Salazar (Largo) Freguesia de Vitória
Situada numa das zonas mais emblemáticas da cidade, bem perto da antiga Cordoaria, Praça de Carlos Alberto e Hospital de Santo António. Continuar a ler “MULHERES NAS RUAS DO PORTO – XV – César Santos Silva”
ATÁVICA – por Claudia Isabel Vila Molina
Extrañeza
Un día particular choca de frente contra el influjo del aire
es necesario cuadrar esta nomenclatura traducir rostros menores
y anunciar los cultos
será por lo tanto una nueva llamarada entre los vigilantes
¿Será que permanecen ensombrecidos entre sus ramas de invierno? Continuar a ler “ATÁVICA – por Claudia Isabel Vila Molina”
O ININTERRUPTUS de Delalves Costa – PREFÁCIO de Carlos Néjar
A LUZ NOS OLHOS DA POESIA INAUGURAL
DE DELALVES COSTA
O Ininterruptos, choremos ruas dentro dos ossos, novo livro de Delalves Costa, pela editora Bestiário, do lúcido escritor-editor Roberto Schmitt-Prym, não é apenas a surpresa da descoberta de um poeta, que se constata pelos primeiros versos, mas também é o reconhecimento de sua maturidade, com original visão do mundo. Continuar a ler “O ININTERRUPTUS de Delalves Costa – PREFÁCIO de Carlos Néjar”
NO ENTRUDO, VALE T(R)UDO – por Danyel Guerra
A pré-publicação deste conto nas páginas de ATHENA antecipa sua edição no livro ‘Corpo Estranho’, de Danyel Guerra, com saída do prelo prevista para dia 3 de maio, SEGUNDA-FEIRA, no Hard Club, ao Mercado Ferreira Borges, Porto, no set do Fantasporto. Horário: 18 horas.
NO ENTRUDO, VALE TRUDO
C’est l’enfer, l’éternelle peine!
Voyez comme le feu se relève!
Je brûle comme il faut. Va, démon!”
Arthur Rimbaud
Na memória ainda vivaz e lúcida da Virgem de Vandoma não há lembrança de um dia tão gelidamente irado na cidade sua protegida. Fustigado pela algidez do clima, possuído, porem, pela agilidade da chita, um cavaleiro sobe a íngreme rua de Ceuta, como se estivesse voltando a 1415. E só para em frente de um edifício de consultórios, onde entra ajustando o elmo das “manhãs de oiro e de cetim”(1), em que um puma estilizado esboça o bote. Continuar a ler “NO ENTRUDO, VALE T(R)UDO – por Danyel Guerra”
TEXTOSTERONA PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – IV- por Danyel Guerra
DONDOCAS E PERUAS
Uma dondoca, ex- amásia promovida a esposa, filosofa com uma congênere: “Como se sabe, é na melhor mussolini que a nódoa cai”
o-o-o-o-o
Outra dondoca desabafa com uma perua: “Dizem que eu tenho mau feitio. Mas quem tem mau feitio é o vestido daquela sirigaita lá ao fundo.” Continuar a ler “TEXTOSTERONA PRENSAMENTOS & DESAFORISMOS – IV- por Danyel Guerra “
A POETISA E SEU SACERDÓCIO – por Eric Ponty
Com sua Poesia Reunida, Thereza Christina Rocque da Motta, está completando o seu Sacerdócio previsto por Olga Savary sendo-lhe uma vida dedicada como nessa citação lapidar:
Poesia: magia prolixa, progresso do sol, não se constrói a partir de certezas, mas sim através das interrogações e esquadrinhamentos que, estes sim, nos fazem crescer. O poema é feito pelo poeta e, se todos os que estão ouvindo seu texto falam a mesma língua e estão na mesma sintonia, poderão estar entendendo em uníssono o poema. Continuar a ler “A POETISA E SEU SACERDÓCIO – por Eric Ponty”
PARA UM ELOGIO DA TRISTEZA – por Fernando Martinho Guimarães
Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.
Depois da festa, sobram as cinzas, quer dizer, à exuberância carnavalesca sucede-se a míngua expiadora do jejum.
O carnaval são três dias mas, admitam comigo, ao terceiro dia ansiamos o regresso à normalidade, isto é, o regresso da tristeza. Continuar a ler “PARA UM ELOGIO DA TRISTEZA – por Fernando Martinho Guimarães”
ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves
Peixes
Quando os vorazes famintos atacaram a pacifica comunidade,
tirando-lhes o seu lugar de viver e relegaram as pessoas
para os subúrbios onde ninguém se conhece e cumprimenta
veio transcendente uma alucinante ideia de transformar Continuar a ler “ASTROPSICOGRAFIA – por Januário Esteves”
JOANA MALUCA – por Jonuel Gonçalves
Quando o debate estava nos últimos minutos uma senhora daquela idade sempre comparada às protagonistas do Balzac, embora use roupas street como se fosse saltar muros, pediu a palavra, falou de voz amedrontada e agradeceu terem lhe deixado entrar no debate mesmo sem ser académica, mas desde que terminou o curso concorreu a diversos empregos e só consegue trabalhos muito abaixo da formação obtida e sente cada vez mais que é por ser negra, devagar devagar isso oscilou entre pequenos monstros lhe crescendo na cabeça até se juntarem num monstro enorme e desde o ano passado começou a ter desmaios foi levada às urgências, a princípio diziam ser do calor depois do cansaço até uma médica passar o diagnóstico de ansiedade perigosa causada por sensação de ameaça constante. Continuar a ler “JOANA MALUCA – por Jonuel Gonçalves”
O LONGE AQUI TÃO PERTO – de Luís Guerra e Paz
Luís Guerra e Paz – Chegou a este mundo em 1970. Diletante incorrigível, apaixonou-se por alguns hobbies e enfastiou-se de outros tantos. Contudo, embora de forma autodidacta e pouco disciplinada, manteve sempre uma relação com a fotografia. Não sabe se é pelo prazer de capturar um ambiente, um olhar ou um pormenor, ou se é devido a uma pura necessidade quase física, que o impele a documentar algo que o impressionou.
OPINAN LOS ESCRITORES ARGENTINOS EN “DOCUMENTALES IV”- por Luís Benítez
Recientemente Ediciones Richeliú, de Buenos Aires, publicó el cuarto tomo de la serie ‘Documentales. Entrevistas a escritores argentinos’, que recopila las opiniones y los pareceres de una selección de autores de dicha nacionalidad. Gracias a la recopilación en sus páginas de las entrevistas realizadas por Rolando Revagliatti (1), antes publicadas en diferentes medios de comunicación, es posible para el lector acceder a este interesante material de consulta. En ‘Documentales IV’, poetas y narradores se explayan acerca de una gran variedad de temas, que van desde las peculiaridades de la obra propia hasta sus criterios en cuanto a la ubicación en el panorama de las letras contemporáneas, sus preferencias y rechazos literarios, los movimientos estéticos a los que han pertenecido o corresponden en la actualidad, así como su paso por el acontecer político y social en que se gestaron sus trabajos. Simultáneamente, los entrevistados proveen precisa información respecto de su modo de plasmar los trabajos y la manera en que cada título dialoga con los demás de su autoría. Continuar a ler “OPINAN LOS ESCRITORES ARGENTINOS EN “DOCUMENTALES IV”- por Luís Benítez”
AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal
O que faz aquele homem sentado sozinho na calçada?
Se for um homem. E por que tem que ser?
Por que meu olhar vê dessa maneira?
Que carta de identidade jogo para conhecê-lo? Continuar a ler “AQUELE HOMEN SENTADO NA CALÇADA – por Nelson González Leal”
CARTA AOS MEUS ALUNOS SOBRE A LEITURA – por Olinda Gil
Meus queridos alunos, deste e de outros anos letivos.
Eu sei perfeitamente que muitos de vocês não gostam de ler. Posso imaginar porque razão isso acontece, mas o que eu vos gostaria mesmo de falar é a razão pela qual eu gosto de ler (e seria interessante também perguntarem aos vossos colegas que gostam de ler o porquê).
Sei que gostam de ver filmes e séries, de estar no telemóvel nas redes sociais e nos jogos – e eu também! – mas, os livros para mim são muito mais prazerosos do que qualquer atividade das que mencionei.
A primeira das razões porque isto acontece é a imersão, palavra complicada para quem não faz mergulho, mas posso vos dizer eu é o sentimento de estar “embrenhado” na história, no livro neste caso. Algo que não consigo tão profundamente com os filmes e as séries. Distraio-me menos, talvez porque a leitura me obriga à concentração. E nesse momento de imersão eu deixo de pensar noutras coisas, esqueço o mundo, fico só concentrada naquele livro, e é nisso que penso e reflito. Sentimento que se arrasta para depois da leitura. E porque é que isso acontece comigo? Talvez o segredo seja mesmo a fluidez da leitura, que é algo que se adquire com muitos anos de leituras. Outro segredo é, sem dúvida, encontrar o livro correto para mim, para o momento de vida que estou a viver. E acreditem que desisto de muitos livros – afinal é um dos diretos do leitor.
A segunda das razões é o prazer. Não apenas o prazer momentâneo da leitura, mas um prazer que fica em contínuo, de cada vez que penso naquela mesma leitura, seja poucos momentos depois, seja anos, mesmo! Algo que as redes sociais e jogos não nos transmitem. É certo que nos dão um prazer momentâneo, mas a maior parte das vezes até nos trazem frustração. Quantas vezes estamos ali à espera que nos apareça algo de especial e interessante que nunca aparece? Pelo contrário, ao terminar um livro há um sentimento de completude. Mesmo que seja uma narrativa com final aberto.
Ficaram com vontade de ler? Sei que se não tiverem fluidez de leitura suficiente não é a começar pelos “Maias” que vão ter estes sentimentos. Mas há tantos, tantos livros. Vão às bibliotecas, às escolares e às municipais, estão lá pessoas que vos podem ajudar. Perguntem aos vossos professores e aos vossos colegas. E não tenham problemas em desistir e começar outro livro novamente.
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Olinda Pina Gil é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em Ensino do Português e das Línguas Clássicas. Tem também uma pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Iniciou a sua prática de escrita no “DnJovem”, suplemento do “Diário de Notícias”. Colaborou em diversas colectâneas e publicações, e foi 3º prémio do concurso literário “Lisboa à Letra” em 2004, na categoria de prosa.
Editou, a título independente, em 2013 “Contos Breves”, e, pela Coolbooks, chancela da Porto Editora, “Sudoeste” (2016, 2014 em ebook) e “Sobreviventes”(2017, 2015 em ebook).
Escreve no blog www.olindapgil.blogspot.com
NOVÍSSIMO DECAMERON – por Paulo Ferreira da Cunha
MULHER DE LOT
Pesados sulcos, fundo na Memória,
A fogo e ferro marcados n’alma leve;
Lembrança doce do Bem que se teve,
Cuidando-o ‘inda futuro e não história. Continuar a ler “NOVÍSSIMO DECAMERON – por Paulo Ferreira da Cunha”
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