AO LONGE UM BARCO COM UMA FLOR – “AMÉLIA” – por Fellipe Cosme

Voz: Júlia Moura Lopes

Amélia

(A Amélia Pinto Pais*)

um novo livro olha para trás
para chamar o outro livro do passado
a viver com novas metáforas
desimportantes

lugares leves, onde um pássaro respira para fora de si
alguém quer ensinar um verso
e pincela diante da parede um sorriso

Amélia? onde teus versos foram parar? que metáforas pronuncia o teu silêncio?
onde se encontra o último Pessoa?

cama molhada entre versos e café
chinelos e tecidos pintam a tua luz lisboa na claridade sorridente de um barco em flores

não mais lágrimas, palavras quebraram pontes imaginárias
e o tempo atravessou o que molharia

nos olhos cantos de flores
enquanto passeio diante do teu nome no jardim.

 

*Amélia ensinou-me a entender e sentir os heterônimos de Pessoa e me apresentou a Rimbaud.

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Fellipe Cosme é poeta, autor do livro Vozes Mudas, aos 18 anos. Depois se dedicou aos estudos teatrais, sendo ator e diretor de algumas peças. Dirigiu peça Ansias, com texto de Sarah Kane, e Barco Livre, inspirado no poema Bateau Ivre, de Rimbaud. Atualmente, é mestrando em Teatro pela Universidade Estadual de Santa Catarina, no Brasil. Tem 33 anos.