Senhor Comandante, por obséquio, eu peço-lhe que cesse com a Guerra, porque os seus bombardeios mutilam cidades e famílias, à proporção que explodem as vilas, os corpos e a esperança pacífica de histórias apagadas pelas labaredas da odiosidade proferidas por sua covardia ignóbil e incabível.
Senhor Comandante, por favor, eu suplico-lhe que interrompa imediatamente os ataques terrestres e aéreos contra os cidadãos indefensos e as crianças inocentes, que suplicam pela sobrevivência atávica aos sonhos mutilados por um gesto de arrogância, que o impele a categoria de tirano atroz e sanguinário.
Senhor Comandante, pelo amor de Deus, eu imploro-lhe que ordene que o genocídio seja paralisado em ato contínuo, haja vista que as suas aeronaves, canhões, fuzis e metralhadoras massacram a existência, ao mesmo tempo em que incendeiam os prédios, as usinas nucleares, os hospitais e as utopias humanas.
Senhor Comandante, pelo que há de mais sagrado, eu exoro-lhe que respeite a dignidade de compatriotas de outrora, com as suas conquistas abrigadas por intermédio de lutas silenciosas, de vez que cada passo abreviado o diminui perante o próximo abatido em combate ou não por razões inconcebíveis do tirocínio da carnificina.
Senhor Comandante, por clemência e misericórdia, eu depreco-lhe que não aniquile com as Forças Armadas as fronteiras geopolíticas da fraternidade, visto que as suas ameaças bélicas o enfraquecem perante a mirada incrédula do mundo, que eternamente repudiará a sua pusilanimidade cínica e pétrea.
Senhor Comandante, por gentileza, eu obsecro-lhe que estanque a chacina absurda de seres humanos, minados por sua ganância estéril de poder e glória, sem perspectivas de assimilação da animosidade alheia, extorquida pelas mãos pútridas do massacre diante da imoralidade de cada sinal abjeto do inconcebível ato de aniquilação.
Senhor Comandante, por fim, eu impetro-lhe que estanque o sangue derramado em chão pátrio, adubado por suas alucinações genocidas sem cabimento, que se dana a escorrer por valas insanas da estupidez ingloriosa do assassínio brutal e grotesco, corroborado pela sânie execrável de um déspota débil e inconsequente.
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Wander Lourenço – Pesquisador de Pós-doutorado em Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, Diretor dos documentários “Carlos Nejar – Dom Quixote dos Pampas”; “Nélida Piñon, a dama de pétalas”, “O Cravo e lapela – cinebiografia de Ricardo Cravo Albin”. Cronista do Jornal do Brasil. Doutor em Literatura Comparada (UFF). Mestre e Especialista em Literatura Brasileira (UFF).
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