51.
Nenhum poema
esgota o tema.
Mas, quando bom,
põe a verdade
em estado
de estando…
52.
Dante, à porta do inferno:
– “Deixai, vós que entrais,
toda a esperança”.
Quintana retrucou, na entrada:
– “Esperança é uma espera que não cansa”.
Eu?
Ora… sentei num banquinho
e não disse nada.
53.
Verso bom
tem que viver
além do som.
54.
O retrato de uma civilização
é a arte.
Tudo envelhece
no todo ou em parte.
Ela, não.
55.
Poesia, ora pois,
é arte de ordenar o caos.
E bagunçar tudo de novo,
depois.
56.
Obra de arte
é um organismo inconcluso,
no espaço…
O artista abandona
por cansaço.
57.
Nem extrema direita
nem extrema esquerda:
a pior delas
é a extrema unção.
58.
Um presidente
foi Prudente de Morais.
Os outros,
imprudentes e imorais.
59.
No amor
sede e distância
são longe e perto.
Oásis e miragem
sem deserto.
60.
Picasso dizia:
– “Quem faz da arte um negócio,
é um impostor”.
Então, na poesia,
todo mundo é amador.
♦♦♦
Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros publicados e vários prémios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.
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