21.
O Eu Lírico
De dia
o eu operário.
De noite
o falsário.
Porém:
quem é quem?
22.
Arte não é o ponto
de chegada
assim como viver
não é chegar ao fim.
Nos dois casos
estamos falando
da estrada.
23.
Quando a técnica
é por demais imperativa
a arte vira um navio
à deriva:
não descobre continente
nem nada…
24.
Aos 8 anos
Mozart compôs uma sinfonia.
Maravilhosa aberração…
DNA em salto mutante
faz parte da evolução.
25.
Depois do fim do mundo
sobreviverão as baratas
e a Arte.
26.
O Verso e a Pauta
O poema sem asa
quer a porta do céu em silêncio
mas falta a chave…
Um verso raso só voa
na clave.
27.
Clássico é um livro
ressentido:
muito falado
pouco lido.
28.
Amor é quando
o outro não fica
amolando.
29.
Amor
é o que multiplica quando divide.
30.
O crítico
sabe o norte
mas reclama da sorte
e estaciona.
E morre
antes de morrer…
♦♦♦
Jaime Vaz Brasil – Poeta gaúcho, com 7 livros públicados e vários prêmios, dentre os quais: Açorianos, Felipe d’Oliveira e Casa de Las Americas (finalista). Atua também como compositor, tendo vários poemas musicados e interpretados por vários parceiros, dentre os quais Ricardo Freire, Flávio Brasil, Zé Alexandre Gomes, Nilton Júnior, Vitor Ramil e Pery Souza.
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