Desde pequeno sonhara ser engenheiro, projectar/realizar impossíveis…
Entre muitos intuitos germinou-se-lhe no cérebro uma ideia espectacular:
erigir uma escada que subia…descendo!
Sim.
Era original.
Mas muitos mais esquiços enxameavam-lhe o pensamento.
Tal como Da Vinci, iria levar a cabo as mais impensadas construções.
Como principal ferramenta tinha a impressora 3D que lhe permitia visionar globalmente o todo de tudo…
Mas de repente foi aflorado por uma dúvida terrível:
E se o tudo fosse o nada?
Que iria ele erigir?
Entre o tudo e o nada algo teria de existir, para que ambos pudessem ser definidos como tal.
Durante anos pensou,
pensou e:
nada!
Todavia era bastante resiliente.
Persistiu na sua indagação.
Entre o tudo e o nada?
Entre o tudo o nada existe
o
Vácuo!!!
Isso mesmo — o vácuo…
Então, nessa escala intermediária, ele poderia construir tudo o que planeara.
Escadas descendo, mas que subiriam; casas flutuantes auto transportáveis para o espaço…
Desapareceria o dinheiro, deixava de ter utilidade porque:
no vácuo tudo se produz, nada se reproduz e do nada emerge o tudo
invisível!
Para se apreender e ver no vácuo é necessário penetrar na quinta dimensão — que ainda não está ao alcance dos mortais, meros sapiens evolutivos que, tantas vezes, parecem involuir.
Prosseguindo nas suas dúvidas escatológicas e existenciais intentou dialogar com Deus:
Porquê o Mundo estava a destruir-se, quer pela acção da natureza, quer pela do homem?
Aguardou.
Apenas um integral silêncio…
Deus não fala —
pensou.
Tentou dialogar com algoritmos e sucedeu o mesmo:
silêncio absoluto!
Deus está para além da matemática —
pensou.
Desiludido, congeminou:
Se Deus não responde às interrogações fundamentais e o Homem tenta desvendá-las então, talvez, o Homem seja:
Deus?!
Assim como entre o Tudo e o Nada existe o Vácuo, talvez entre Deus e o Homem exista o TUDO!
Depois de muitos anos mais, deprimido e carcomido pelo tempo, o engenheiro abandonou o corpo e
foi,
quem sabe?
integrar o
TUDO!
♦♦♦
Duarte Manuel da Silva Passos Klut (Duarte Klut), nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1942.
Professor. Licenciado em História, possui os graus de Mestre pela FLUP e de Doutorado pela U. Gama Filho, Rio de Janeiro. Aposentado desde 2004.
Tem publicadas as seguintes obras:
Um quase Diário de um quase Nómada (2005)
Versos…Perverso (2008)
Lucubrações — estados de Alma (2011)
Esmerilhando… Mundividências (2013)
Aporias (2014) e
O Inquieto e as utopias possíveis ( 2016)
You must be logged in to post a comment.