Oh, messias da nova província, para onde hás de partir quando sobre nós se abater o flagelo da intempérie? Caminharás sobre as águas revoltas? Avançarás por entre as chamas com o crente às costas? Ou encobrir-te-ás no casoto fendido sob o sedimento dos seus gritos? Oh, pastor eleito para poupar o seu rebanho, quando te olhas ao espelho vês o embuste ou o laureado p(at)enteado no ecrã impassível?
Há regiões inacreditáveis – heróis que morrem todos os dias por defenderem a honra de uma só árvore; outras onde se fazem garrafas de plástico gigantes para se sensibilizar os pequenos consumidores de garrafas de plástico para brincarem aos barquinhos em praias exemplares.
Oh, redentor de dinossauros, emancipador dos emancipadores, escuta o Schoenberg dos teus passos – tem harmodência o teu corpoema?
Salvador dos maçons-sem-ego, optarás alimentar o espírito com um filme para aspirantes predestinados a descartar a deusa? Irás a bordo de um submarino especial ou de uma aeronave ocasional? Deformarás, aí, absorto o mamilo da tua genuína sede ou farás dela o teu cálice?
Nós, as hordas dispensáveis da estatística bacoca, te convocamos: continuará a consumir luz o teu frigorífico vazio nesse lugar para onde não vamos?
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suzamna portto marrinwey (aka suzamna hezequiel) nasceu no Porto em 1972 e vive em Vila Nova de Gaia. Licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Línguas e Literaturas Modernas.
Editou três livros, sem inquietações de género, entre a prosa poética, a poesia e o conto: ‘Sonho Partilhado’ (2000), ‘paradox.sou’ (2010) e ‘pudorgrafia’(2015).
Dizedora em alguns contextos poéticos, em Portugal e na Galiza, como são disso exemplo as “Quintas de Leitura” e o “Círculo Poético Aberto”.
Professa, transversalmente, a máxima de Joseph Beuys: “cada homem é um artista”, incursando, por essa razão, por distintas formas de expressão, como a fotografia performativa, no intuito da descoberta do Ser.
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