
Rio de Janeiro
2023
PRÓLOGO
Confesso eu que houve certa hesitação de minha parte, María Juana Pillar de La Cruz, quando me propus ao desígnio da escritura das inúmeras transformações geográficas, políticas e morais desta Corte de São Sebastião do Rio de Janeiro, a partir da chegada da Família Real, na corrente data de 08 de março de 1808. Isto porque me questionava se, de fato, seriam válidas e importantes as impressões de uma alcoviteira de prostíbulo centenária, com a memória falhosa e mui decadente, que se decidira por discorrer a respeito da biografia (e intimidades) dos habitantes que, por estas paragens tropicais, já assistiam; e também dos ilustríssimos cortesãos europeus que, por acá, aportaram após a chegada da tripulação das naus-caravelas provindas do Reino Unido de Portugal e Algarve. Em verdade, eu me proponho aos registros do que são meras reminiscências de uma marafona tagarela e já meio decrépita que, sem qualquer intento literário, se debruçou sobre o longínquo passado para discorrer sobre ações dos assíduos frequentadores dos cafés, tabernas e joalherias da Rua do Ouvidor e do Theatro São Pedro de Alcântara, no período das reinações d’El-Rey d. João VI. Em razão da longevidade desta Madame Pillar, eu reportar-me-ei à época posterior ao período de governância do esposo de Dona Carlota Joaquina, denominado Primeiro Império, liderado pelo magnânimo d. Pedro I do Brasil; e ao tempo longevo do Segundo Império, sob a égide do seu sucessor d. Pedro II de Orleans e Bragança. Continuar a ler “A INCRÍVEL HISTÓRIA DE MARÍA JUANA PILLAR DE LA CRUZ – (I) por Wander Lourenço”