Aproveitando o silêncio possível, sentindo a ausência, sentindo falta, que tempos. Aeroportos vazios, ares, estradas
casas que não recebem, bocas mascaradas.
Queria voar. Poeira, persianas, vassoura de palha, voos razantes pela casa, cabelos de palha e vento, vassoura no canto da sala calada
varrida.
Quatro panelas no fogo, boiando no espaço, cansaço. Quatro panos de prato, quatro panelas que amofinam
quatro panos para lavar, queria voar.
Horas em que me embebedo de música pelos cômodos todos, em que ela me leva e me deixo levar, som no corpo inteiro.
Incorporada circulo entre, leve e fazendo o que é preciso de mais concreto e comum, de mais concreto e comum.
Sons disponíveis como em um banquete.
Olá,
companheiros, companheiras de chão, de ar, mesmo sol, mesmo céu e lua e nuvens
cá estamos pelos cantos do mundo, seguindo, sumindo, unidos na dor.
Já enfrentamos turbulências, retomamos o fôlego, o caminho. Mas logo esquecemos, confundimos horas, eras.
Tristeza e felicidade têm fim, mesmo assim, a vida segue preciosa.
África
Poema épico inacabado, saga sangrando, e tudo por causa da cor.
Quem inventou/ensinou assim a diferença da cor dos homens? Responde, África
lua de todas as horas, sol que nunca se esconde. (A Véspera do Grito)
Hoje
é onde tudo acontece e transborda.
Um acalento para hoje.
Ieda Estergilda de Abreu, brasileira, nascida em Fortaleza, estado do Ceará, vive em São Paulo capital. Jornalista free lance,escritora de poesias (com livros publicados), crônicas, pequenas histórias urbanas, íntimas, universais.
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