E se eu te disser
Que o caminho não foi fácil
Que a estrada era longa
E a bússola se perdeu
Desorientei-me vezes sem conta
Na floresta densa de medos
E labirínticos canaviais
Mas sabia
Que era a sul que rumaria
No sentido contrário ao mapa
Que me foi pensado e dado
Onde um dia encontraria o mar
E com ele
…..o verde infinito dos teus olhos
O azul do Atlântico ou Pacífico
Que curaria todas as feridas
Todos os golpes e partidas
Mas finalmente
a vontade e o querer
Alimentaram minha força
E não houve temporais
Capazes de me derrubar
Cheguei
hirta, forte e inabalável
E para espanto dos demónios
Aqui estou
Finalmente a teu lado,
Em linha reta
Junto de todos os devotos da coragem
e persistência.
A resiliência como rosto
Atravessei pântanos e oceanos
mesmo sem saber nadar
E tu
Dá a mão ao teu irmão.
Ainda que penses que não,
há ódios desprezíveis
Como amores indizíveis
Mas também forças invisíveis
e
desistir não é palavra
Por isso chegaste lá
Onde o azul te acolheu de braços dados e abertos
E escolheu teu rosto para bandeira
Numa tela pintada em vela
Por artistas não banais.
E é assim
Que eu me revejo nesta estrada
Navegando contra as marés
Usando astrolábios improvisados.
Se a bússola se perder
Comigo
Estará a certeza de que desistir não é caminho
E que os passos do meu
É Trilho feito para mais.
Porque
A vida não é pequena e a alma vale a pena
De levar até ao fim…
♦♦♦
Alda Costa Fontes – Com ADN transmontano, dona de um coração que é um pátio aberto a toda a gente que não seja cega e, há 25 anos, tripeira por adoção.
Magistrada do Ministério Público/ natural de Nuzedo de Baixo/ Vinhais, onde nasceu em 1968.
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