IN and OUT – por Alda Fontes

The Open Window, bey Juan Gris, 1921

 

A insistência no amor
às vezes
é apenas uma sala de espera vazia, à espera de ti ao reencontro contigo.

Abre as janelas
Fita o infinito
Larga as sombras que trazes atreladas
para que a luz possa entrar

Olha como o mar é bonito se visto à distância segura
Como a chuva cai para alimentar a terra

Como os pássaros migram quando a estação se acaba

Olha a lua como se move
Como se mostra bela e esconde de vezes em quando, mas sempre em quartos opostos

Olha como a matemática resolve os quânticos
Como os poetas descrevem a dor

Como as crianças brincam felizes
as que podem
Como os sinos dobram no Natal
Como as frutas variam consoante a época

Tudo em movimento
Num permanente movimento libertador
em que umas raízes morrem para outras nascerem
Olha como os processos são lentos mas firmes e constantes

Como se regam as hortas de madrugada antes que o calor aperte

Como se dá de beber aos cavalos antes de a carroça começar a andar
Como as nuvens dançam
Como as estrelas brilham

E agora que o teu Ego encontrou o rumo e preencheu o vazio

sacode o pó que resta e
diz NÃO
Não a tudo que se não escancare à tua chegada.

♦♦♦

Alda Costa Fontes – Com ADN transmontano, dona de um coração que é um pátio aberto a toda a gente que não seja cega e, há 25 anos, tripeira por adoção. Magistrada do Ministério Público/ natural de Nuzedo de Baixo/ Vinhais, onde nasceu em 1968.