Este trabalho tem o objetivo de identificar a exata filiação de Rolando, o famoso herói franco morto em 778 na batalha de Roncevalles, na Espanha, que sugerimos do ramo genealógico dos Hornbach.
INTRODUÇÃO
Nesta “Introdução” advertimos o leitor – a lista genealógica do ramo Hornbach apresentada a seguir no “Desenvolvimento” foi elaborada por nós a partir do tronco original dos condes de Hesbaye e já foi apresentada em nota no nosso artigo “A descida de Carlos Magno”. Nesta ocasião a lista Hornbach ainda não estava totalmente concluída, faltando melhor identificar a figura do célebre Rolando.
A filiação definitiva do memorável cavaleiro da guarda de Carlos Magno, Rolando ou Hruodlandus, falecido na batalha de Roncevallles no ano de 778 d.C. será novamente abordada pelo aprofundamento da pesquisa do seu contexto histórico, bem como concatenação mais segura da genealogia deste ramo dos Hornbach – nosso ilustre personagem melhor apresentado na “Conclusão”.
Por nossos vários trabalhos realizados anterioremnte concluímos que a descida dos francos para a peninsula italiana no fim do sec. VIII foi instrumentalizada, desde o seu planejamento inicial, pela linhagem original dos condes Wido (Guido) do condado de Hesbaye, e em parte levada a cabo por seu ramo descendente, chamado ramo Hornbach.
O ramo Hornbach brota da cepa de Hesbaye e apresenta como seu capostipide Guy (Wido), Conde de Treves e Hornbach, filho de St. Leuwinus, chamado “Wido dos Francos”, “conde de Treves Von Hornbach” (c. 670 ? – ? ) – sendo seguido por seu filho Lampert de Hornbach (França 735 – f. depois de 783), ainda por Guy (Wido) de Nantes (c.750 – 818 ou 759, Germany – 814, Aachen), já responsável pela marca da Bretanha após a morte, tudo indica, de seu tio – o famoso Rolando, do mesmo ramo e também marca da Bretanha – o grande herói morto em Rocevalles.
O filho de Guy (Wido) de Nantes, Lampert I de Nantes e Spoleto (795-836/37), na metade do seculo IX já levado pelos da dinastia carolíngea dominantesa descer em missão de ocupação e estabelecer sua descendência na península italiana – na peninsula agora denominados ramo de Nantes ou guidechi (1).
O ramo familiar Hornbach tem origem da localidade do mesmo nome – Hornbach – localidade na qual fora fundada no ano de 764 a celebre Abadia de Lorsch – atual Bergstrasse, Hessen, Alemanha, próximo de Maanheim e Heildelberg – abadia até mesmo doada ainda pelos condes wido(guy) de Hesbaye de origem franco -borgonhesa (2).
A localidade de Hornbach surge, portanto, na área da círculo inicial francofoniano (3), já influenciada pelas regras religiosas anglo-saxõnicas de S. Bonifácio, ainda que o bispo Milo, descendente de St.Leuwinus e já da linha Hornbach, tenha preferido manter-se sobre a influência dos ritos tradicionais de Reins e Trier, criando problemas para os carolíngios (4).
Com a morte suspeita de Milo, o ramo Hornbach mais uma vez estará submetido aos carolíngios , assim sendo levado a atuar militarmente na Bretanha e em Nantes, capital da Bretanha histórica, cidade muito próxima de Angers, capital do Anjou.
E a descida para peninsula italiana por este ramo Hornbach tem início por volta de 831 quando Lampert I de Nantes (795-836/37) juntou-se em 831 à rebelião de Lotário I contra seu pai, o imperador Louis, o Pio – por este motivo Lampert I de Nantes foi praticamente exilado na peninsula italiana pelo imperador. Como filho de Guy (Wido) de Nantes da marca da Bretanha, Lampert I de Nantes havia ocupado o prestígioso posto de seu pai na Bretanha, mas tendo tomado partido de Lotário I, possivelmente seu sogro, foi desonrado pelo Imperador – e no começo de 831 levado a descer para a Itália “exilado através dos Alpes” – ainda que lhe tenha sido concedido o ducado de Spoleto em 834, ano, observamos, da morte de seu irmão Wido, conde de Vannes, em batalha (5) (6).
Lambert I de Nantes já na península foi casado pela primeira vez com uma princesa lombarda, Itta, filha do dux lombardo Siccon – mãe de seu filho, seu sucessor em Nantes, Lambert II de Nantes. Em seguida oportunamente casado com Adelaide da Lombardia, a filha mais velha de Pepino I da Itália, herdeiro mais velho de Carlos Magno. Esta Adelaide tão prestigiosa lhe deu outro filho, Guy (Guido), que o sucederia no ducado de Spoleto.
Voltemos, entretanto ao nosso tema incial – ao estudo mais detalhado e minucioso da linha dos Hornbach para podermos apresentar a seguir a linha datada e completa, bem como ca racterizar melhor figura de Rolando. Adiante retornaremos à tragetória destes descendnetes Guido ou guidechi já atuando na peninsula italiana, deixando as marcas de sua passagem.
DESENVOLVIMENTO
Como comentamos incialmente, a lista genealógica do ramo Hornbach havia sido por nós elaborada a partir de pesquisas sobre o tronco central da familia do condado de Hesbaye, e já fora apresentada em nota no nosso artigo “A descida de Carlos Magno”, publicado em nosso blog (7).
Havíamos também constatado em pesquisas anteriores que a família Orlandi -Malavolti na península italiana seria descendente deste celebre guerreiro Hruodlandus, Rolando ou Orlandi morto em 778. A familia Malvolti estabelecida comprovadamente próximo de Siena após a descida com Carlos Magno – um cavaleiro angevino em descida unido a uma senhora da família Orlandi, segundo o historiador da familia Cavalcanti Giovanni di Nicolo Cavalcanti – seus filhos conhecidos por este nome Malavolti da região (8).
Como chefe da marca bretã muito potente, o nome de Hruodlandus (Rolando, Orlandi) simbolicamente significou “gloria ou proteção de sua Terra” – “Terra famosa” – “Glória para a pátria” – de raíz proveniente do alto alemão antigo hrōþiz/louvor, fama, glória, renome, honra e land/ terra – também do germânico mais moderno, hrōd /fama, Rob – ert.
Hruod – marca da Bretanha, o celebre Rolando, calculamos nascido cerca de 730, morto em 758, com seu nome Hruod, (Hrodolt, Ruodolt, Rhodoldus) referido na listagem Werinheri bei Genealogie Mittelalter – documento ja disponiblizado na mídia eletrônica.
Também na listagem moderna dos descendentes Hornbach na península italiana, chamados guidechi –ista igualmente realizada a partir de “Werinheri bei Genealogie Mittelalter” – aparece o nome de um conde Hrodolt (Ruodolt, Rhodoldus) que teria doado em 772 propriedades em Alzey e Bingen e em Taunus ao mosteiro de Fulda, mosteiro onde sabemos fora enterrado o martir conversor S. Bonifácio. Tudo indica que esse de nome semelhante – Hrodolt (Ruodolt, Rhodoldus) ou Hruod-ald (Froald, Froaldo) seja o seu sobrinho, conde de Vannes, conego que apoiou a descida de Carlos Magno à peninsula italiana em 771 (11).
A Rolando foi atibuídoeste título proveniente do alto alemão antigo – Hruodland. Certamente como famoso paladino com sua morte trágica tornara-se herói lendário – um dos mais célebres chefes do exército de Carlos Magno morto na batalha de Roncesvalles, Espanha, em 778, na companhia de seu primo Adelmo e dez outro paladinos. Rolando lutara com este seu primo colateral Adelmo (Adelhein), que a genealogia registra também morto nesta batalha, filho de Robert I de Hesbaye e neto de Lampert II, ele ainda um conde de Hasbaye (9).
Rolando participava na ocasião da campanha militar que Carlos Magno levara a cabo na Península Ibérica, então dominada a maior parte pelos muçulmanos. Mas um levantamento, uma rebelião dos bábaros saxões ocorrido levou Carlos Magno a retroagir e voltar para proteger a parte oriental do reino franco. Enginhard biógrafo de Carlos Magno registra que em 15 de agosto de 778 a retaguarda do exército franco ao tentar ultrapassar os Pirineus foi atacada por bascos cristãos, vascões, possivelmente na passagem de Roncesvales, na atual Navarra. Essa batalha ou melhor uma escaramuça é registrada por Eginhard em em sua obra Vita Caroli Magni quando os soldados francos da retaguarda, incluído “Hruodland, prefeito das marcas da Bretanha” (Hruodlandus Brittannici limitis praefectus) foram todos mortos. Outra obra célebre, mas lendária – A Canção de Rolando – também descreve a Batalha de Roncesvales travada em 778, quando Rolando e outros paladinos francos foram massacrados numa passagem dos Pirenéus por guerreiros vascões. Muitas outras obras literárias posteriores registram ainda os feitos de Hruodlandus, e a força de sua espada.
Ainda que o próprio Hruodlandus, acreditamos, não tenha descido à Italia, homenagens a ele são feitas até hoje em Florença lembrando seu nome – e na peninsula tornando -se capostipide da família dos Orlandi.
Uma laje na fachada da Igreja dos Santos Apóstolos em Florença no ano 800 atribui a fundação desta igreja a Carlos Magno homenageando seu conde palatino. Acreditamos que esta lápide tenha sido colocada por Carlos Magno em homenagem a seus doze paladinos mortos – por ocasião de sua volta à peninsula em 800, para se coroado Imperador pelo Papa Leão III . Acreditamos que esta homenagem constituísse na época uma associação simbólica aos doze apóstolos, pois Rolando falecera anteriormente á descida na batalha de Roncevalles em 778 e não teria estado na Itália – apenas seus descendentes.
Estudiosos acreditam que a construção desta igreja em Florença seja do século XI. Entretanto, pode ela ter origem mais antiga, tendo sido reconstruída – pois seus alicerces estão colocados fora do cerco antigo da cidade, perto dos banhos romanos, sobre antigo cemitério de crianças falecidas e não batizadas – em zona perto do Arno sujeita a alagamentos e restaurações. O prédio ao lado da Igreja também registra a tradição carolíngea – imagem de Carlo Magno ainda colocada um relevo aperto da porta ,e o símbolo da igreja acima dele (10).
A genealogia de Rolando recentemente foi estudada pelo genealogista Donald Charles Jackman, fato já referido no trabalho “Os Bernardenga” , publicado em nosso blog (Donald Charles Jackman – Three Bernards Sent South to Govern – ed. Enplage, State College Pensilvânia, 2014, 2015. pg. 62 ). Este genealogista tentou esclarecer a origem familiar de Rolando a partir de sua linhagem wido – Rolando marca da Bretanha teria sido substuído nesta mesma marca por seu parente Guido de Nantes (c.750 – 818 ou 759, Germany – 814, Aachen). Em suas palavras: “Roland might have been an uncle of margrave Wido of Britany, an apparent grand son of albot Wido de Fontanelle whose brother was archisbishop Milo of Triers”. Tradução : “Roland poderia ter sido um tio do Margrave Wido, da Britania, aparentemente neto do abade (“albot”) Wido de Fontanelle, cujo irmão era o arcebispo Milo, de Triers”.
Porém, pela citação de seu nome Hruod na Werinheri bei Genealogie Mittelalter. e pelo melhor encaixe das suas datas ,sugerimos que Rolando, n c. 730, m. 758 na verdade tenha sido filho deste Guy que já havia assumido o título de Conde de Hornbah – Guy Conde de Treves e Hornbach (n.c.de 670), tido como abade de Fontanelles. Para Jackson, Roland seria talvez um neto de Wido de Fontanelles, não seu filho como pensamos – mas em todo caso, ambos concordadamos que Rolando teria sido consangüíneo dos lambertinos.
Explicando melhor nossas próprias colocações – Milo de Trier, filho de São Lutwinus (antepassado comum aos dos dois ramos Lampert) foi irmão de Wido (Guy) ou Hornbach ou de Fontanelle, cujo neto – margrave Wido da Bretanha ou Wido de Nantes seria, portanto, sobrinho de Roland – sem dúvidas linha Hornbach, depois na península também chamada Wido de Nantes.
Abaixo colocamos a nossa lista wido de Hesbaye (com sua sequência colocada em nota para comparações), e a seguir a lista do ramo Hornbach proveniente desta cepa franco-borgonhesa (12) (13).
Capostipide da linha wido de Hesbaye , S. Warin
São Warin, Warin I de Poitiers, (Warin, Guerin, Gerinus, Varinus) tido como capostipide de origem de franco-borgonhesa, conde de Poitiers e de Paris. Nascido cerca de 612 na Austrasia – falecido entre 677/87. Conde de Palácio (Contagem de Poitiers e Trier). Casado com Gunga de Metz. Em 677 Warinus teria sido apedrejado até a morte perto da cidade de Arras, hoje fronteira belga, por causa de uma briga entre seu irmão Leodegarius (depois S. Leodgarius ) e Ebroin, o prefeito franco do palácio da Nêustria inimigo politico de sua família. Foi tornado mais tarde São Warinus, mártir franco.
St. Leuwinus, Arcebispo de Treves (Trier) e Bispo de Laon (660-722) de família franco-borgonhesa wido, filho de de S. Warin e fundador da abadia de Mettlach, casado com Willigard da Baviera – uma agilolfing filha do dux Teodoro II da Bavária. Pais de:
Linha já Hornbach
Guy (Wido), Conde de Treves e Hornbach (abade de Fontanelles ?) (c. 670 ou 690 – f. depois 722, pela fonte Geni ) também chamado Wido dos Francos, conde de Treves Von Hornbach. Irmão de: Willigardis de Treves (pela fonte Geni casada com Nantier de Hesbaye , pais de Guerner (Werner) seigneur d’ Hornbach II e N de Treves); de [N] de Thurgovie; de Chrodbert da Austrasia, antes de 670 ?, linhagem que é continuada por Lampert II e Robert I (Chrobert) – a linha classica de Hesbaye; ainda irmão de Milo, Conde de Treves (n. ? – f. 761/62) bispo de Treves e Reims, que foi sucessor de S. Lewinus seu pai e que procurou defender os bens e interesses familiares (14); e de Rotrude (Chrotrude) de Treves e de Poitier (c. 695- 724) que foi casada pelo irmão Milo com Carlos Martel, avó de Carlos Magno. Guy de Teves e Hornbach pela fonte Geni foi casado com sua prima NN de Trèves, filha de Nantier de Herbauges (Hesbaye), irmã de Guerner (Werner) seigneur d’ Hornbach II. Pensamos que Guy tenha herdado o titulo de Hornbach por seu primeiro casamentoe Teria tido outro casamento com Chrotrude (Rotrou) da Alamania.
Guy teria sido a nosso ver pai
1- Hruod – marca da Bretanha, o celebre Rolando, c. 730, m.778, O nome Hruod, (Hrodolt Ruodolt, Rhodoldus) que aparece nesta listagem Werinheri bei Genealogie Mittelalter aqui bem encaixado pelas datas, o “Hruodlandus”, possivelmente filho da segunda esposa de Guy, a alamanna Chrotrude (Rotrou). Não há noticias seguras de um seu casamento.
2 – Lantbert (Lando) conde de Hornbach e da Bretanha nascido já na Bretagna, 720-785; pela fonte Geni n.735, França – f. c. 783,) também titulado como “Graf Vogt of Kloster Hornbach and Kloster Mettlach”, Nantes. Na fonte Geni referido o primeiro casamento de Lampert com Theuteberga da Austrásia, Nantes. Pela fonte My Heritage foi casado a segunda vez com Gerberga de Laon (c.732); seus filhos: Guido (Guido) Guy de Nantes von Hornbach, c.759 – 814 (que segue); Guibour (ou Witburg, Guiboar, Cuningunda (nascida Von Hornbach) de Gellone, c.760 – f. 804, casada com Guilherme “Saint Guillaume” Gellone de Toulouse; e ainda Waldrata (Hornbach), Jutland, 770 – 824, casada com Adrien D’Orleans (mãe de Oto e Waltrud de Worms – esta matriarca da linha robertina). Lampert foi ainda casado uma vez com Deotbric de Tréves, Prussia. Um filho referido como Warnário é citado na listagem classica Werinheri bei Genealogie Mittelalter (seria o arcebispo de Viena, Warnário, certamente o nosso biografado em descida, doc. entre 740 e 785 (Geni erro 675 e 723) A fonte Med/land parece confirmar este venerável arcebispo Warnário entre os filhos de Lampert (Lando) (15). Lampert de Hornbach teria sido ainda pai de Hruod-ald (quase mesmo nome de Rolando ?) também referido como Froaldo de Saint Denis, conde de Vannes (calculamos <750>) que acompanhou Warnário e Carlos Magno na descida à península. Folradus, Frodoald, Frodo – Hrodoald significando “mais velho”; Folrad, em dinamarques “para sempre”. Talvez este conde Hruod – Hrodolt, Ruodolt ou Rhodoldus – tenha doado em 772 propriedades em Alzey e Bingen e em Taunus ao mosteiro de Fulda, onde sabemos fora enterrado o martir conversor S. Bonifácio. Personagem já bem estudado por nós por ter apoiado Carlos Magno e acompanhado a descida franca. A Lampert segue em especial seu filho:
Guy I de Nantes (Guy de Nantes von Hornbach), (n. Germany c.750 – 818 ou Germany 759 – 814, Aachen, fonte Geni). Foi Marca da Bretanha em 799 em substituição ao seu provável tio Hruodland /Rolando; Guy foi ainda foi missus imperial em 802 (16).
Lampert I de Nantes e Spoleto (795-836/37) e Wido de Vannes (Widechowo? de Hornsbach) 809 – f. 834/35, morto em batalha, pai de Werner II, senhor de Hornbach e ainda de Waldrat von Hornbach (fonte Geni). Wido de Vannes teria tido como esposa Hidisnot como refere documentos na fonte MedItaly e ainda um outro filho, Gunterland de Hesbaye (fonte Geni) (17).
Os descendentes de Lampert I de Nantes – linha wido de Nantes, também denominada linha da Lombardia, ou ainda guidechi (18).
Seu filho:
Guido I ou Guidone de Spoleto (fal. 860) – capostipide da linha dos wido da Lombardia – já com uma metade lombarda pela mãe, a lombarda Itta, filha do chefe lombardo Siccon, ele ainda casado com a princesa lombarda Ita (!) de Benevento. Em 846 Guidone toma Roma aos sarracenos. Pai de
Lamperto I de Spoleto e Guido II – margrave de Spoleto, uniu Spoleto a Camerino. Seu filho Alerán em sucessão foi duque de Spoleto.
Guy III de Spoleto (n. c. 855) possivelmente filho de Guido I, chamado Guidone. Guido teria sucedido seu sobrinho Aderán como Guido III em Spoleto. Em 885 derrotou os sarracenos em Garigliano e depois em 889 a Berengario, da marca de Friuli . Era também descendente de Carlos Magno pela sua mãe, esposa de Lambert I de Nantes, Adelaide da Lombardia, a filha mais velha de Pepino I da Itália – e assim, sem problemas dinasticos em 899 foi coroado com todo direito Imperador Romano. Informação genealógica pela fonte Med/Italy informa: Guido III – (n. c. 855) nascido em Spoleto (Perugia, Umbria, Itália) casado com Agetrude de Benevento, princesa filha do lombardo Adelchi – mãe de seu filho Lamberto II.. Este seu filho Lamperto igualmente foi sagrado Imperador, mas cedo faleceu de uma queda de cavalo. Por motivo de seus impedimentos Guido III por vezes transferiu o ducado de Spoleto para seu sobrinho, o duque Guido IV (19) (20). Já este sobrinho Guido IV foi associado ao Ducado de Spoleto, atuando como um verdadeiro duque e compartilhando o título com o próprio Guido III e seu filho Lambert II, enquanto estes tratavam de seus assuntos no reino da Itália e no império carolíngio, em disputa com Berengar de Friuli e com Arnulfo de Carinthia. Sobrinho que o sucede, portanto, como duque de Spoleto e marques de Camerino, principe de Benevento em 895, por fim assassinado em 897 (21).
Estes ramo dos wido de Hornbach comprova-se na peninsula italiana oriundos da mesma cepa de Hesbaye, mas já da chamada linha de Nantes ou guidechi. Neste sentido possivelmente a diferenciação do historiador Giovanni Cavalcanti, que menciona este ramo apenas de passagem ao comentar “….& in questi medesimi tempi vennono quegli da Grigniano com più altri della Magnia Ythalia” – assim os diferenciando da linhagem mais antiga dos condes wido de Hesbaye.
CONCLUSÃO
Igreja dos Santos Apóstolos em Florença
A linha dos Hornbach foi por nós constuída a partir da antiga linhagem de Hesbaye .
A linhagem de Hesbaye – franco-borgonhesa, também chamada wido ou guy – em geração anterior, na transição das dinastias merovingias para as carolíngia, havia sido subjugada dramaticamente pelos carolíngios.
Assim sendo, o primeiro desse sub-ramo Hornbach que tenhamos notícia, seu capostipide foi Guy (Wido), Conde de Treves e Hornbach (abade de Fontanelles ? c. 670 – ? ). Já os de Hesbaye em meados do sec.IX na localidade de Hornbach haviam fundado a abadia de Lorch – centro da região francofônica que até hoje usa o símbolo de um ancinho. Ancinho também presente, constatamos, nas armas das várias casas descendentes wido.
Observamos que ao final do século sec.VII nesta região da Francônia Santo Luewinus (660-722) ainda da contagem dos wido havia criado o mosteiro de Mettlach. São Leuwinus viúvo entrara neste mosteiro sujeito às regra beneditinas, ainda que seu descendente, já da linha Hornbach, o bispo Milo, mesmo procurando compor a familia com os carolíngios pelo casamento de sua irmã Rotrude com Carlos Martel, preferisse manter a influência dos ritos tradicionais do ocidente, de Reins e Trier – criando deste modo um novo problema para o carolingios.
Com a morte suspeita de Milo, os de Hornbach foram novamente submetidos pelos carolíngios e em seguida designados a defender a frente de combate da marca bretã – tudo indica levados depois ao controle de Nantes, região angevina.
Temos, portanto, que o célebre Roland, guerreiro e marca da Bretanha, da linha Hornbach foi primo do imperador Carlos Magno – ambos da mesma cepa wido de S.Warin por esta avó Rotrude.
Roland tem seu pertencimento familiar mais antigo e original wido confirmado pelo genealogista Donald Charles JACKMAN (2014, 2015)
Entretanto, por nossa abordagem mais criteriosa, agora com o auxílio da lista genealogica do mosteiro Mettalalter( Werinheri bei Genealogie Mittelalter) e melhor concatenação da lista dos Hornbach, a identificação de Roland sofrerá correções, ficando não só melhor esclarecida, mas com contexo familiar ampliado. O nome de Roland “Hruod” (Hrodolt,Ruodolt,Rhodoldus) aparece na listagem Werinheri bei Genealogie Mittelalter e bem encaixado na linha Hornbach , inclusive pelas datas, permite sugerir que ele fosse filho de Guy, Conde de Tréves e Hornbach e de segunda esposa, a alamanna Chrotrude (Rotrou).
Assim, Roland seria filho de Guy (Wido), Conde de Treves e Hornbach (abade de Fontanelles?) (c. 670 ou 690 – f. depois 722, datas pela fonte Geni ) também chamado Wido dos Francos, conde de Treves Von Hornbach . A mãe de Roland provavelmente a segunda esposa de seu pai – esta alamanna, Chrotrude (Rotrou) da Alamania, Routrude. Hruod – marca da Bretanha, o celebre Rolando, nascido c. 730, morto em Rencevalles em 758, ainda meio-irmão de Lampert (Lando), conde de Hornbach e da Bretanha nascido já na Bretanha em 720 – f. 785 (pela fonte Gen,i n.735, França – f. c. 783).
Seu meio-irmão mais velho Lampert de Hornbach teria sido pai de Hruod-ald (quase mesmo nome de seu tio Rolando ) históricamente referido como Froaldo de Saint Denis, conde de Vannes que sabemos apoiou e acompanhou Carlos Magno à peninsula com o arcebispo Warnário e o conde Warin II (linha original de Hesbaye) – Hrodo-ald, Frodoald, Folradus, Frodo – significando “mais velho”. Saoubemos que um conde Hruod (Hrodolt, Ruodolt ou Rhodoldus) teria doado no ano de 772 propriedades em Alzey e Bingen, e em Taunus ao mosteiro de Fulda, onde fora enterrado o martir conversor S. Bonifácio. Hruod-ald ou Froaldo de Saint Denis, conde de Vannes já foi bem estudado por nós por ter apoiado Carlos Magno na descida franca como capelão.
Lampert de Hornbach também pai de Guy I de Nantes (Guy de Nantes von Hornbach), (n. Germany c.750 – 818 ou Germany 759 – 814, Aachen, fonte Geni). igualmente foi Marca da Bretanha já em 799, em substituição ao seu sugerido tio Hruodland /Rolando;
Não podemos esquecer em especial o próximo parentesco de Roland com seu primo, este ainda da linha de Hesbaye, Adelmo (Adelheim), filho de Robert I de Hesbaye que morre em Roncevalles na mesma circunstãncia em 778 – filho de Robert I dos de Hesbaye e de Willisvinda dos Adelheim (Consultar nosso trabalho “Os Bernardenga”, com fontes)
O imperador Carlos Magno, um carolíngio poderoso, perdera neste enfrentamento em Roncevalles pelo menos dois de seus muito próximos parentes e primos – um deles ainda da linha de Hesbaye (Adelmo) e e outro da linha Horbach (Rolando).
Como chefe da marca bretã muito confiável, Hruodlandus (Roland, Orlandi) recebeu titulo muito significativo.- Hruodlandus = “Gloria ou proteção de sua Terra” – “Terra famosa”, “Glória para a pátria” – composição da raiz hrōþiz = louvor, fama, glória, renome, honra e land = terra, proveniente do alto alemão antigo. Do germânico mais moderno Rob – ert hrōd /fama).
Nosso Hruodland ou Rolando pelas lendas a seu respeito seria fisicamente muito forte e viril, um guerreiro potente, talvez meio alamanni pela sua mãe e de toda confiança de Carlos Magno. No ano 800 Rolando é ainda simbolicamente homenageado por Carlos Magno como um de seus 12 paladinos em uma placa comemorativa colocada na Igreja dos Doze Apóstolos em Florença.
Após a descida de Carlos Magno à peninsula, ainda por volta do fim do sec. VIII, uma senhora Orlandi, provavelmente descendente de Rolando celebrará casamento com um cavaleiro angevino que havia tomado a fortaleza antiga na “roca” de Malavolti, em Siena, Toscana (22) – assim formada a familia Orlandi/Malavolti na peninsula italiana, conforme as afirmações sempre muito seguras e confirmadas do nosso historiador Giovanni Cavalcanti do sec. XV, referido no nosso trabalho “Os Orlandi/Malavolti”.
O ramo Hornbach de Nantes da Bretanha terá ainda sequência na peninsula italiana no sec. IX por Lampert I de Nantes – a chamada linha wido de Nantes ou guideschi, estabelecendo ainda importantes governantes de nome Guidi, ou Wido.
NOTAS
(1) Sobre a linha Hornbach, sub-ramo da linha original do condado de Hesbaye chamada Wido, na peninsula italiana denominados ramo de Nantes ou guidechi, ver fonte original https://xpda.com/family/deHornbach-Lambert-ind01003.htm
(2) Em pesquisa anterior para o trabalho “As mais antigas origens de Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti nas proximidades de Colônia, reino franco – século VIII” observamos que em 12 de julho de 764, possivelmente ano da morte de Robert l de Hesbaye, sua esposa Williswint fez uma doação à abadia de Lorsch documentada. E a remanecente aldeia de Seckenheim, no condado de Herbaye onde se encontra a igreja de Saint Gilles aparece em 766 , dois anos depois da morte de Robert I é mencionada no código desta abadia de Lorsch (Hesse, Alemanha). Desta abadia de Lorsch seu filho o conde Cancor (falecido 771), teria sido o fundador, antepassado dos poponideos.
Após a sua morte Robert I de Hesbeye este foi sucedido na contagem, entretanto, por seu irmão-de-lei (cunhado) Sigramus, provavelmente antes que seu filho Cancor tivesse idade para assumir a contagem.
Vários membros da família de Hesbaye colaboraram na fase inicial e diplomática da descida franca, por nós identificados entre eles Chrodogangus, filho deste franco Sigramus e de Lalandra de Hesbaye, que foi secretário particular, chanceler e em 737 primeiro-ministro de Carlos Martel. depois santificado Em 742 Chrodogangus foi nomeado bispo de Metz, mas logo após a queda do último rei merovíngio, Childerico III em 751, Chrodogangus em 753 foi enviado em missão à península italiana, ao Papa Estevão II, para assegurar-lhe a simpatia franca contra as incursões violentas do lombardo Aistulf (Sobre Chrodogangus ver trecho de nosso artigo “A descida de Carlos Magno’, nota 2 no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/).
Informações colhidas na fonte local da Abadia de Lorsch acrescentam: “A abadia foi fundada em 764 pelo conde franco Cancor e sua mãe viúva Williswinda com sua própria igreja (ecclessia propria) e mosteiro em seu domínio, Laurissa. Eles confiaram seu governo ao sobrinho de Cancor, Crodegangus, arcebispo de Metz, que dedicou a igreja e o mosteiro a São Pedro e se tornou seu primeiro abade. Seus fundadores abençoados enriqueceram a nova abadia com doações. Em 766, Crodegango renunciou como abade por seus importantes deveres como arcebispo de Metz e enviou seu irmão Gundeland a Lorsch como seu sucessor, juntamente com catorze monges beneditinos. Para tornar a abadia popular como santuário e local de peregrinação, Crodegango obteve do papa Paulo I, o corpo de San Nazario, martirizado em Roma com três companheiros durante o reinado de Diocleciano. Em 11 de julho de 765 ele alcançou a relíquia sagrada que foi depositada com grande solenidade na Basílica do mosteiro. A abadia e a basílica foram renomeadas em homenagem a San Nazario.
A fonte original local de “Hornbach” (Bergstrasse, Hessen, Germany). onde se desenvolveu a abadia de Loch, próximo de Maanheim e Heildelberg, dez quilometro de Worm, ainda informa, com nossos comentários “Hornbach se originou na área do antigo Mark Heppenheim, que designava um distrito administrativo do Império Franconiano. Em 20 de janeiro de 773, pouco antes da descida e portanto quando necessitava do apoio da família de Hesbaye, Carlos Magno doou à cidade de Heppenheim junto com o distrito associado, a extensa Mark Heppenheim, ao mosteiro imperial de Lorsch O cultivo e assentamento da área realizado a partir dessa ocasião. O auge do mosteiro de Lorsch, em cuja área Hornbach estava localizada, seguiu seu declínio nos séculos 11 e 12. Em 1232, Lorsch foi colocado sob a arquidiocese de Mainz.
(3) Curiosamente ,já haviamos observamos em outro trabalho ,“ A presença simbólica do ancinho e de lírios nos brasões dos descendentes widos do condado de Hesbaye e ramos derivados”, que o brasão tradicional dos Wido com um ancinho aparecia de forma que nos pareceu incipinte nesta região da Francônia – região tida como dos antigos francos. Esta região ainda hoje apresenta como símbolo o “ancinho franco” (“Fränkischer Rechen”), de pontas vermelhas agudas sobre o fundo branco – região que atualmente corresponde ao estado da Baviera, mas que inclui partes do norte do estado de Baden-Württemberg (Tauberfranken) e partes do sul do estado de Turíngia, potencialmente a Lorena francesa e Alsácia. Região sem demarcações territoriais claras caracteriza-se melhor por seus costumes, dialeto (o frâncico), arquitetura, comidas e símbolos em vermelho e branco que caracterizam esta antiga região histórica. Na Lorena e no norte da Alsácia o dialeto frâncico é influenciado pelo francês, com palavras francesas ligeiramente modificadas.
(4) Ao final do século VII, segundo fontes locais da Abadia de Mettlach, nesta região da Francônia santo St. Leuwinus (660-722) da casa dos Wido já havia criado a Abadia de St. Peter e Maria em um terraço livre de inundação do Saar ,aproximadamente 164 m acima do nível do mar. No mosteiro de Mettlach, St. Leuwinus, já viuvo, entrou sujeito às regra benditinas.
Ainda informações de fonte local alemã reportam, com nossos acrescentamentos – Após a morte de. Liutwin, seu filho Milo assumiu a liderança das dioceses de Reims e Trier. Milo apesar de todos os conflitos dinásticos anteriores de sua familia com os carolíngios, em que o capostipide da familia Wido, S. Warin, fora mesmo martirizado, foi levado a se submeter , até mesmo facilitando o estreitamento dos laços familiares com os carolíngios – a irmã de Milos, Chrodtrud (ou Rutrude), então casada com Carlos Martel, tornando-se mais tarde avó de Carlos Magno . Entretanto, o bispo Milo não estaria afeito às regras religiosas anglo-saxoães. Assim sendo, o religioso conversor Bonifacio criticou repetidamente a liderança de Milo. Mas Milo conseguiu ainda influenciar Carlos Martel bem como de seus filhos, Carlomano e Pepino, o Jovem , mantendo-se na catedral de Trier como bispo. Participando de um jogo político ainda muito conturbado, Milo acabou por falecer em um acidente de caça no Meulenwald, perto de Trier-Ehrang por volta de 760- acidente sugerido como politicamente suspeito pela fonte da Abadia de Mettlach.
(5) Ver relação com a morte de seu possivel irmão adiante na nota 16.
(6) Lampert I de Nantes fora antecedido em Spoleto por seu tio Alard, dito de Spoleto (n. c. 690, pela fonte Geni) ainda membro do ramo original de Hesbaye – filho de Lampert Il de Hesbaye indicado por fontes genealógicas como irmão de Robert I de Hesbaye. Observado na sequencia dos dux de Spoleto ainda um outro Adalard que desceu posteriormente de Palácio em 824 e teria por muito poucos meses enfrentado a competição dinástica suponida pelo domínio da região de Spoleto. Pela fonte Franks indicado este ultimo Adalardo duque de Spoleto em março de 824: ” Os Annales de Einhard registram a nomeação de “Adalhardus vem palatii, qui iunior vocabatur ” após a morte de “Suppo dux Spolitinus” e que ele morreu depois de 5 meses.” O assunto do parentesco entre os dois Adalart é discutido pela fonte Franks. Acreditamos que fosse um filho do outro – o mais novo, o Junior.
(7) Esta nossa lista dos Hornbach foi apresentada inicialmente nas notas 14 e 17 do artigo “A descida de Carlos Magno”, publicado no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, ainda comentada abaixo nota 12.
(8) Consultar nosso trabalho ‘A familia Orlandi/Malavolti” que em parte transcrevemos: “Lembra Giovanni Cavalcanti: “O terceiro irmão foi para Siena, e deste nasceu o Orlandi, e então três locais do lugar foram chamados de “Malavolti”, porque suas casas foram chamadas “Amalavolta” (“Il terzo fratello n’andò a Siena, & di costui ne nacquono gli Orlandi, i quali poi tre sito del luogo si chiamano i “Malavolti” perché lle loro case si chiamano “Amalavolta”). Em outro trecho: “E pelo nome do lugar os descendentes do terceiro irmão adotaram o nome Malavolti, mas o nome próprio era Orlandi. (“E pel nome del sito, i discendenti del terzo fratello acquistarono il nome Malavolti, ma il nome proprio avevano Orlandi”).
(9) Este paladino de Carlos Magno, Adelmo (Adelhein), é citado genealogicamente como filho de Robert I, dux de Hesbaye e Willisvinda dos Adelheim. Ver referência em “Os Berandenga”.
(10) Consultar nosso trabalho “Os Bernardenga” com todas as fontes.
(11) A listagem guideschi (https://www.wikiwand.com/it/Guideschi🙂 é apresentada pela Wikiland, baseada em estudos de:
Christopher Wickham. Early Medieval Italy: Central Power and Local Society 400-1000. MacMillan Press: 1981.
Caravale, Mario (ed). Dizionario Biografico degli Italiani: LXI Guglielmo Gonzaga – Jacobini. Roma, 2003.
Caravale, Mario (ed). Dizionario Biografico degli Italiani: LXIII Labroca –
Laterza. Roma, 20
(12) Esta listagem dos Hornbach já foi em parte apresentada e comentada no nosso artigo “A descida de Carlos Magno”, publicada em 2021 em nosso blog, notas 14 e 17.Também alguns comentarios sobre o celebre Rolando já foram apresentados no trabalho “Os Bernardengas”, ambos publicados no nosso blog,
Quanto a origem franco-boronhesa dos wido em nossas pesquisas anteriores havíamos observado que um dos mais antigos ascendentes da linha de condes de Hesbaye, São Luitwinus, nascido em 660 em Mettlach e falecido 717 ou 722 em Reims, fora casado com uma filha de Teodorico II duque da Baviera, Willigard da Baviera – ela de linhagem muito antiga, agilofings – linhagem que teria governado o ducado da Baviera em nome dos reis merovíngios de 550 até 788.
Entretanto, os mais remotos ascendentes da família de Hesbaye teriam sido ainda os mártires São Leodegarius de Poitiers (Leodegar, Léger, n. 615 – f. 2 outubro de 679 no Sarcing, Somme) e São Warin, ambos cruelmente martirizados por causas políticas e tidos de origem franco- borgonhesa, pelo franco Bodilon e a borgonhesa Sigrada (depois Sta. Sigrada).
São Leodegarius fora preso, tiraram-lhe os olhos e a língua, depois assassinado; e seu irmão São Warin (Garnier I, conde de Poitiers e de Paris, Bispo de Autun – Borgonha) apedrejado aos pés do esporão rochoso em Vergy em 681, próximo á localidade de Arras, também em solidariedade à família. Há carta remanescente de São Leodegarius à sua mãe testemunhando o drama da família que documenta sua biografia.
Leodgarius e Warin por parte materna eram tidos como dos Garnier da Borgonha – a origem mais antiga da linha wido (dos Garnier, Guerin, Gerwin, Guérin, Warin, Warinus, Warmnus). A mãe de ambos Sigrada foi enclausurada , depois Sta Sigrada de Sainte-Marie de Soissons, e o pai indicado por fontes genealógicas antigas como Bodilon de Trier – nobre franco que sofrera punição física ao tentar reagir pelas liberdades da Neustria contra Childerico II.
Observado nas várias biografias por nós cuidadosamente levantadas que os principais ascendentes da família dos condes de Hesbaye eram, portanto, originariamente da Borgonha e da Bavária – família da elite franca que se desenvolvera em difícil contexto político, conflitos entre prefeitos de palácios e reis merovíngios e carolíngios ainda divididos entre neustrasianos e austrasianos – todos sob o perigo de invasões muçulmanas e de vários outras etnias ainda não convetidas ao cristianismo pelas vizinhanças – frísios, alamani, ávaros, magiares, normandos, wikings, saxões – considerados bárbaros. (As fontes básicas para a feitura deste contexto histórico da família wido foram os nossos trabalhos anteriores: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi” e “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec. VIII”, “A descida de Carlos Magno” – Estes trabalhos por nós realizados no ano de 2017, o primeiro editado pela revista InComunidade.com do Porto número 57, junho de 2017, o segundo e terceiro no blog htp://rosasampaiotorres.blogspot.com/, trabalhos que comprovam o fato dos descendentes desta dinastia de Hesbaye terem chegado ao norte da Itália no sec.VIII – abordagem primeira e necessária para o aprofundamento das origens da famílias italianas Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti. Trabalho ainda mais completo sobre o dinastia wido será oportunamente apresentado e com todas as fontes citadas.
(13) Esta lista dos condes de Hesbaye ja foi apresentada em nosso trabalho “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi” do ano de 2017, citado na nota 1 – e sconstitui quadro genealógico auxiliar para conhecimento sobre a dinastia dos condes de Hesbaye – quadro que repetimos nesta nota, mas que pretendemos em outro trabalho específico apresentar ampliado, com maiores detalhes e aprofundamento – com todas as fontes e informações biográficas pertinentes. Vejamos:
* São Warin, Warin I de Poitiers, (Warin, Guerin, Gerinus, Varinus) tido de origem de franco-borgonhesa, conde de Poitiers e de Paris. Nascido cerca de 612 na Austrasia – falecido entre 677/87. Conde de Palácio (Contagem de Poitiers e Trier). Em 677 Warinus teria sido apedrejado até a morte perto da cidade de Arras, hoje fronteira belga, por causa de uma briga entre seu irmão Leodegarius (depois s. Leodgarius ) e Ebroin, o prefeito franco do palácio da Nêustria inimigo politico de sua família. Foi tornado mais tarde São Warinus, mártir franco.
* St Lambert, Landebertus de Maastrich, Lampertt I – já referido em genealogia como de Herbaye, n. 636 – f. 705, filho do acima santificado Warin I (Guerin, ou Guerino) com Gunga de Metz. Lambert foi Bispo de Maastricht- Liège (Tongeren) do ano próximo de 670 até sua morte. Cristianizador da região de Maastrich (Flandres, Bélgica) educado por seu tio Theodobertus de Maastricht, St. Theodard, membro da dinastia bávara agilofing assassinado em cerca de 669. O próprio Lambert de Maastrich também pivô no enfrentamento entre merovíngios e carolíngios, assassinado e depois tornado santo.
* St Liutwin ou Leudwinus, Bispo ou Arcebispo de Trier e Bispo de Laon – tido também como filho de São Warin I (Guerin, Gerwin) de Poitiers acima referido e de Gunza (Poitiers) van Metz. Nascido cerca de 660 em Mettlach, Alemanha – falecido 717 em Reims, França. Casado com uma agilolfings, filha do dux Teodoro II, duque da Bavaria. Por sua própria santidade e de sua família adquiriu grande relevância religiosa em sua época. Tem já sua vida já bem estudada e balizada. Teria sido avô de:
*Lampert II (Lamperthus, Lamperto) Conde de Hasbaye em 706, Contagem na Neustria. Indicado como abade de Mettlach, bispo de Metz. Referido como Primaz da Galia e Germânia, primeiro abade de Lorsch. Como data cotejadas para seu nascimento indicamos c. 670 – f. 742. Filho de Doda de Poitiers e Crodobertus II (650) conforme as fontes genealógicas genealogiequebec. info/ e Geni) – neste caso neto de São Lambert I (n. 636- f. 705) Pai de :
* Robert de Hesbaye I (falecido 764) Tido como filho de Lampert II, Conde de Hesbaye e Chrotlind, filha de Teodorico III da Nêustria e São Amalaberga. Robert Conde Palatino sob Childerico III. Em parte Robert I já bem documentado. Chegou a ser dux em Hesbaye no ano de 732 e conde do Alto Reno (Oberrheingau) e Wormsgau em 750. Entretanto, logo em 751 quando Childerico III ultimo rei merovíngio tem mesmo seus cabelos tosados, pouco depois em 757 Robert é enviado como “Missi Dominici” (“régio patroa”) à Itália (emissário diplomático). A aldeia de Seckenheim onde ainda hoje se encontra uma antiga igreja de Saint Gilles (Santo Egídio ou Giglio) aparece mencionada no código de Lorsch em 766, dois anos depois de sua morte. Comentários no texto.
* Warin II de Aldorf e Hesbaye – viveu em Narbonne na frente muçulmana, estrategicamente casado na família do líder lombardo Hyldebrando que acompanhou a descida de Carlos Magno – seus filhos lutaram na frentes francas de Barcelona, Córsega, Veneto e Friul, já na península italiana.
A linhagem em sequência oportunamente será apresentada.
(14) Sobre o bispo Milo ver texto e nota acima 3.
(15) Carolus… rex Francorum et Langobardorum” issued judgment in favour of Kloster Mettlach by charter dated to [782] which records privileges granted to “Karolus quondam maiorem domus Miloni” and by King Pepin to “Miloni”, names “Leudonius quondam episcopus genitor Miloni et Widoni”, specifying that Milo succeeded Leudonius as bishop, and details the dispute between “Wicberto misso et filios Lantberti, Widoni et Hrodoldo vel Warnariom”);
(16) Na fonte Geni, este filho de Lampert aparece como Werner de Hesbaye (732-814) assassinado (?), casado com Hildsnot (doc.), pai de Gunterland de Hesbaye – dados que nos parecem, entretanto, parcilamente equívocados – parte das informações talvez correspondendo ao seu neto abaixo, Werner II de Hornbach. [The Royal Frankish Annals record that Wido was installed as prefect of the march of Brittany “comes ac praefectus Britanni limites” in 799 by Charles I King of the Franks, subdued the Bretons in 799 and brought the Breton chief’s weapons, engraved with his name, to the king at Worms [278]. The Annales Laurissenses Continuatio records that “Wido comes” was appointed to “marca Brittaniæ” in 799 [279]. Imperial missus in 802[280]. “Wido comite” is referred to in an 814 document of Kloster Redon [281]. m —. The name of Wido’s wife is not known. Wido & his wife had two children:] tradução Os Royal Frankish Annals registram que Wido foi instalado como prefeito da marcha da Bretanha “em 1999 por Charles I, rei dos francos,” vem ao praefectus Britanni limites “, subjugou os bretões em 799 e trouxe as armas do chefe bretão, gravadas com seu nome , ao rei em Worms [278]. O Annales Laurissenses Continuatio registra que “Wido comes” foi nomeado para “marca Brittaniæ” em 799 [279]. Misso imperial em 802 [280]. “Wido comite” é mencionado em um documento 814 do Redon Monastery [281]. m —. O nome da esposa de Wido não é conhecido. Wido e sua esposa tiveram dois filhos:]
(17) A fonte Medievalands refere Wido de Vannes: “WIDO (- killed in battle 834). The primary source which confirms the parentage of Wido has not yet been identified. Comte de Vannes. “Wido” supported Emperor Louis I during the rebellion of the latter’s sons and in 834 was sent to Brittany to drive out “Mathfrid, Lambert [presumably Wido’s brother, although this is not specified] and all the others of Lothar’s party” but was killed [282]. The Annales Xantenses record that “Mahtfrdum atque Landbertum, principes Lotharii consules” were captured and killed in 834 [283], “Landbertum” presumably being an error for “Widonem” as Wido’s brother Lambert was killed in Italy. The Chronica Rainaldi records that “Odo comes Aureli anensium, Willelmus frater eius comes Blesensium, Guido comes Cenomanensium” died in battle fighting “Lambertum” in 835 [284]. Também WARNER (-before 834). Emperor Louis I confirmed the donation to “Duserensi monasterio” made by “Warnarius quondam comes… villam Masteces… in pago Tricastinensi… cum uxore Hildisnota defuncta” by charter dated 834[297]. m HILDISNOT, daughter of — (-before 834). Emperor Louis I confirmed the donation to “Duserensi monasterio” made by
“Warnarius quondam comes… villam Masteces in pago Tricastinensi cum uxore Hildisnota defuncta” by charter dated 834[298].” http://fmg.ac/Projects/MedLands/FRANKISH%20NOBILITY.htm#LambertIdied836A.
(18) Lista já apresentada na nota 18 do nosso artigo “A descida de Carlos Magno”. publicado em nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(19) Guido III – foi conde de Camerino (876) e dux de Spoleto de 883 -891 com o título de Guido III. Em 885 derrotou os sarracenos em Garigliano e depois, em 889, a Berengario da marca de Friuli . Segundo a fonte med/Italy GUIDO I foi eleito em 12 Fev. 889 em Pavia Rei da Itália, em oposição ao mesmo Berengario di Friul. Governou até 894 – sétimo Imperador do Santo Império Romano entre 891-892. É possível que tenha influído na queda do rei da França, o carolíngeo Carlos, o Gordo em 888. Seu filho Lamperto também foi feito Imperador – mas sem herdeiros, logo faleceu em 898 de uma queda de cavalo. A fonte med/Italy resume com fonte indicadas: “GUIDO di Spoleto, filho de GUIDO II Duque e Conde de Spoleto e sua esposa Ita de Benevento (855 – Rio Taro 12 de dezembro de 894, bur Catedral de Parma). Ele se tornou Duque de Camerino em 876, e sucedeu seu sobrinho em [882/83] como GUIDO III, Duque de Spoleto [674]. Foi chamado para a França por nobres opostos ao imperador Carlos III “o Gordo “, consagrado rei de França em Langres pelo Bispo Gilon em [Jan / Fev] 888. Ele retornou à Itália após a eleição de Eudes como rei da França, 29 Fev 888. Foi eleito GUIDO I, Rei da Itália em Pavia 12 Feb 889, em oposição ao Berengario, Marchese di Friulia. Durante este tempo transferiu o ducado de Spoleto para seu sobrinho, o duque Guido IV. Coroado Imperador em Roma, 21 de fevereiro 891 pelo Papa Estevão V [675]”. Morreu depois de uma hemorragia (ver para mais detalhes Jörg Jarnut, Storia dei Longobardi, Torino, Einaudi, 2002.)
(20) Reforçando a informação da med/Italy acima: “ Guido III foi conde de Camerino (876) e dux de Spoleto de 883 – 891, com o título de Guido III. Em 885 derrotou os sarracenos em Garigliano e depois em 889 a Berengario, da marca de Friuli”.
(21) Guido IV era filho de Guido II de Spoleto – duque de Spoleto da dinastia Guidoni. Guido IV foi Duque de Spoleto e marquês de Camerino nas ausências de seu tio Guido III. Possivelmente assumiu Spoleto em 889. Guerreiro competente tomou aos bizantinos Benevento. Também Príncipe de Benevento em 895 – em ambos os casos, até sua morte. Foi assassinado em 897 em Roma ao acompanhar seu parente, o Imperador Lambert e apoiá-lo em sua luta contra o papado, ainda receber a reconfirmação de seu título imperial – questionado pelo Papa Formoso pela nomeação do imperador Arnulfo de Caríntia em fevereiro do ano anterior.
(22) Notícias recentes na mídia endossadas pela atual família Malavolti, sobre uma união de Hruoland com Giselle (757-810) – depois abadessa de Chelles – irmã de Carlos Magno, resultando um filho também de nome Rolando. Estas informaçes não são confirmadas pelo biógrafo Einhardt que a afirma desde a infância dedicada à vida religiosa. Poderia ter havido alguma razão para ocultamento desta relação? Sabido que Giselle recusou dois outros casamentos. Deixamos em aberto estas informações.
♦♦♦
Rosa Maria Sampaio Torres – pesquisadora em História (PUC-Rio), é também graduada em Estudos Sociais e pós-graduada em Ciências Políticas. Aluna do filósofo brasileiro Carlos Henrique Escobar acabou por desenvolver, também, seus dotes artísticos – especialmente como poeta, autora do livro “Bendita Palavra”. Já reconhecida como ensaísta, é autora de inúmeros artigos históricos sobre a família Cavalcanti, da qual descende, e agora sobre o poeta Guido Cavalcanti.
You must be logged in to post a comment.