Rua da Liberdade
Na Rua da Liberdade
Cabe o Mundo inteiro.
Bicicletas pedalando sonhos
Na noite quente de Abril.
Cravos beijando armas,
Justiça, Igualdade e Paz.
O respeito da diferença
Na mesma forma de ser feliz.
E querem com ela acabar.
Deitar-lhe alcatrão por cima.
Na ditadura das palavras
Matá-la, lentamente, por asfixia.
Mas, a memória nunca permitirá.
Sem amarras, retornaremos a ela,
Juntos, de mãos dadas, Sophia e Ary,
Ali já ali ao virar da esquina!
O regresso nem sempre é uma vinda
O regresso nem sempre é uma vinda
Que torna ao lar que o abraça.
Há saudades de amor que o tempo lassa
E que permanecem ainda e ainda.
A ida para uma fuga que nos prende
Faz-nos ficar tristes e sorumbáticos
Como se o vento, nos seus coices acrobáticos,
Nos ciciasse que a compra também se vende.
E a solidão alastra e aborrece
Porque sabe que não é voluntária.
Mas, o coração é teimoso e pária
E nas recordações lembra o que viesse.
O regresso nem sempre é uma vinda
E um escape não soluciona a solução
Que está nas mãos de uma só mão
Que é tão simples como uma chuva linda.
Jogado a um canto como um farrapo
Está o sentimento que é enorme
– Tolo de tolices disforme
Que te ama e que agora destapo.
Abertura
Na abrupta imediatez
De um sentimento vago,
A peso de ouro pago,
Desnudo minha pacatez.
Mostro o seráfico lago
Onde afundo a minha embriaguez,
E, de quando em vez,
Transformo a magia na mágica do mago.
E canto! Freneticamente.
Afinal, a mim me pertenço.
Luto, perco, desacredito e venço
Em cambalhotas de giratório sentido absorvente.
Meus olhos são o que penso:
Desalinhado traço irreverente,
Do espaço próprio, inconsciente.
Sou Eu: coração envolto num lenço.
♦♦♦
Bruno de Sousa, Advogado, natural de Viseu, licenciado em Direito pela FDUC da Universidade de Coimbra onde publicou, com o apoio desta Instituição, o livro de Poesia “Pélago Sereno”. Foi fundador e co-participante do espetáculo de Poesia “Antologia Coimbrã”. Em Janeiro de 2018, publicou o livro de Poesia “Eclusa das Palavras” com a chancela da Editora Idioteque e em 2019 o livro de poesia “Speculum” com a chancela das Edições Hórus publicando, ainda, alguns poemas por revistas de poesia lusófonas dispersas.
You must be logged in to post a comment.