NO QUIERO VER UNA MUJER LLORAR
Para Polimnia Sánchez, en Nueva York
y Julia Moura Lopes, en Porto
Por impostura o condena
aberración o inocencia
pobreza o abatimiento
no quiero ver una mujer llorar
Que se derrumben las catedrales
mausoleos y grandes torres
Que se calcinen los lechos
jardines profanados
cocinas ensangrentadas
aposentos y oficinas
donde se hayan hundido sus lágrimas
Por cobardía o jerarquía
dominación o violencia
abandono o traición
no quiero ver una mujer llorar
Que sus soledades sean fuego crispado
y su risa suave y pura me acompañe
Que nada la sustraiga de su magia
y su ser bendito como el fruto ávido
para que las lluvias la bañen
el mar y el rio con sus murmullos
hagan de su ser una casa libre
Por abuso o confrontación
deshonra o desobediencia
presión de trabajo o interés de patrimonio
no quiero ver una mujer llorar
Que no se conviertan en polvo de la tierra ni olvido
los vejámenes del crimen
las cobardías de salvajes ni
maniáticas tempestades del orgullo y los celos
Que no se sustraiga jamás del corazón de
una mujer feliz
de la amada más amada
su lumbre su resplandor
sus pétalos vivos
su temblor
Apunto mis armas hacia donde
hayan muerto sus sueños
Dejo caer mis navajas sobre
los labios que la maldicen
y mi mano que escribe la abraza
en el silencio puro de sus silencios
Apunto mis armas hacia
el puñal criminal que la doblegue
con feroz lascivia de cazador nocturno
Dejo caer mis cuchillos sobre
las venas venenosas que la mutilan
y mando a las hogueras del infierno los prostíbulos
también las religiones de cultivar pecados
con pieles de mujeres mancilladas
En el fondo de su alma
hay luz y agua
manantiales luciérnagas destellos de amor
En el fondo de sus ojos
hay vuelos rosas cristales de luz
y capullos de ternura que aún no estalla
Por el vaso roto y el espejo
la cicatriz del brazo y su limpio muslo
Por su tez morada y esos golpes
no quiero ver una mujer llorar
Dondequiera que vaya
Dondequiera que venga
por mar por tierra por aire
—definitivamente donde sea—
no quiero ver una mujer llorar
Pariaguán, 30 de octubre de 2021
NÃO QUERO VER UMA MULHER CHORAR
Para Polímnia Sánchez, em Nova York
e Júlia Moura Lopes, no Porto.
Por impostura ou sentença
aberração ou inocência
pobreza ou abatimento
não quero ver uma mulher chorar
Que se derrubem as catedrais
mausoléus e grandes torres
Que se calcinem os leitos
jardins profanados
cozinhas ensanguentadas
aposentos e oficinas
onde se hajam fundido suas lágrimas
Por covardia ou hierarquia
dominação ou violência
abandono ou traição
não quero ver uma mulher chorar
Que suas solidões sejam fogo crispado
e seu riso suave e puro me acompanhe
Que nada a subtraia a sua magia
e seu ser bendito como o fruto ávido
para que as chuvas a banhem
o mar e o rio com seus murmúrios
façam de seu ser uma casa livre
Por abuso ou confrontação
desonra ou desobediência
pressão de trabalho ou interesse de patrimônio
não quero ver uma mulher chora
Não se convertam em pó da terra ou esquecimento
os vexames do crime
as covardias de selvagens nem
maníacas tempestades do orgulho e dos ciúmes
Que nunca se subtraia ao coração de
uma mulher feliz
da amada mais amada
o lume o resplendor
suas pétalas vivas
seu tremor
Aponto minhas armas para onde
tenham morto seus sonhos
Deixo cair minhas navalhas sobre
os lábios que a maldizem
e minha mão que escreve a abraça
no silêncio puro de seus silêncios
Aponto minhas armas para
o punhal criminoso que a subjugue
com feroz lascivia de caçador noturno
Deixo cair minhas facas sobre
as veias venenosas que a mutilam
e mando às fogueiras do inferno os prostíbulos
também as religiões de cultivar pecados
com peles de mulheres maculadas
No fundo de sua alma
há luz e água
mananciais vagalumes cintilações de amor
No fundo de seus olhos
há voos rosas cristais de luz
e casulos de ternura que ainda não estalam
Por esse vaso quebrado e pelo espelho
a cicatriz do braço e o limpo músculo
Por sua tez roxeada e por tais golpes
não quero ver uma mulher chorar
Aonde quer que vá
e donde quer que venha
por mar ou terra ou ar
—definitivamente onde for—
não quero ver uma mulher chorar
Pariaguã, 30 de outubro de 2021
Por José Pérez (Venezuela)
Traducción: Anderson Braga Horta
♦♦♦
José (del Carmen) Pérez nasceu em El Tigre, estado Anzoátegui, Venezuela, em 1966. Reside em Pariaguán, Planalto de Guanipa. Licenciado em Letras. Doutor em Filologia Hispânica pela Universidade de Oviedo, Espanha (2011). Professor Associado Jubilado da Universidade de Oriente, Núcleo de Nueva Esparta, na área de Linguística. Pertence a Redè Nacional de Escritores da Venezuela. Poeta, narrador, ensaísta, promotor cultural. Obra diversa obra publicada.
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