©Luís Guerra e Paz
Amanhece
Timidamente o sol mostra sua face
O primeiro de muitos cigarros é acesso
Há muito deixei de orar
Deus a esta hora ainda deve estar dormindo
O toque da água fria me traz desperta para a realidade da vida
Sempre tento fugir dela mas poucos conseguem
A noite permanece silenciosa
Ouço uma canção dentro de mim
O vento bate a minha porta
O que ele quer de mim?
♣♣♣
Andava ele
Cabisbaixo, envelhecido
Sem rumo, sem destino
A sombra do passado lhe acompanhava
Atormentava
Sua consciência o torturava
Todos os dias
Era tomado por dores e agonia
Atordoado não queria, mas tinha que partir
E a contragosto, pensamento fixo
Ele seguia
Nada mais chamava sua atenção
Nada mais para ele tinha valor
Talvez a vida tenha perdido o sabor
Abreviá-la?
Quem sabe
Ninguém entende sua dor
Não faltando quem o julgue
Sobrará para ele uma oração?
♣♣♣
Todas as noites
Ele dormia cedo
Bem mais cedo que o de costume
Não assistia telejornal
Nem mesmo um bom livro o agradava
Tomava um antitérmico qualquer
Agradecia aos céus
E se acomodava em posição fetal
Essa era a maneira
Uma fórmula que encontrou
De terminar logo seu dia
Não sonhava
Apenas gemia e se contorcia
Balbuciando palavras desconexas
Enquanto os raios de sol
Anunciavam o despertar
De um novo dia.
♣♣♣
Sento-me a beira do caminho
Recolhido no silêncio
Ouço o conselho das folhas
Se do amor
E do abismo
E não sei nada ao mesmo tempo.
♦♦♦
Leandro Angonese – Metalúrgico, poeta.
Membro da Academia Caxiense de Letras, da qual foi presidente por dois anos consecutivos.
Hoje é militante do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul
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