EDITORIAL – No Tempo do Faz de Conta – por Júlia Moura Lopes

“Dans le monde réellement renversé, le vrai est un moment du faux” Guy Debord.

Estamos no Carnaval e o leitor de Athena perguntará onde fica e onde cabe a cultura, durante esta época?

Pois direi que é no reino e no tempo do faz de conta, que se cruzam todas as alegorias. Desde a sátira política e social, aos rituais que culminam na inversão dos papéis sociais, com origens na época em que o escravo se transformava em rei, e por sua vez, o rei se transformava em escravo, oferecendo esse sacrifício aos deuses.

Hoje, no Carnaval, os homens e as mulheres “trocam de sexo”, alguns por simples brincadeira, outros para cumprir algum secreto sonho. Na busca contínua da felicidade, nunca o lugar-comum mudou algo.

Porém, o risco e a ousadia criativa de alguns homens mudaram o mundo, agitaram consciências, abriram caminhos.

Parece que nenhum tempo passou, mas neste frio mês de Fevereiro, o Mundo celebra o centenário da morte de Gustav Klimt, pintor austríaco, que escandalizou o império conservador austro-húngaro. Gustav Klimt assina a obra que encima o orgulhoso e rico cortejo de Athena. A obra de Klimt que escolhemos para homenagear o seu génio, foi “O friso de Beethoven”, que ocupa três paredes. Nelas, desenhou os silêncios, representados por espaços em branco – sabendo que sem eles, a música não existiria – e que são tão valiosos, como as folhas de ouro dos seus desenhos. Marcou ritmos, criou e sublinhou a harmonia, na história das suas quatro cenas, até ao clímax final do Hino à Alegria. Lá, onde ficam os sonhos. Klimt fez uso dos conhecimentos que tinha da história da arte, misturando presente e passado. Criou uma obra inovadora, que contém todo o simbolismo, da Doença, da Loucura, da Morte, do Sexo e de todos os excessos.

Destacamos a Primeira de uma Série de Cinco Partes, de mais um magnífico ensaio da nossa conselheira Marilene Cahon, intitulado “EÇA DE QUEIRÓS E LEOPOLD SZONDI”.

Aceitaram o repto da Direcção para abordarem nos seus artigos o universo / imaginário carnavalesco, os autores Angela Pieruccini, Cláudio B. Carlos, Danyel Guerra, Francisco Castelo Branco e Jaime Vaz Brasil. Na barra lateral direita, podem encontrar facilmente cada autor/matéria, em “Índice de Autores” ou na lupa, procurando por palavra-chave.

O cortejo de artigos que desfilam nesta Edição nº3 é vasto e de qualidade. Vários contos, poesia em português e castelhano, prosa poética, colagens, artigos de opinião, ensaios.

A ilustrar tudo isto, as belas fotos de José Boldt, Luís Guerra e Paz e Paulo Burnay.

A todos a nossa profunda gratidão.

Entretanto, em Maio, Athena completará um ano, desde que nasceu como Edição Zero. Assinalaremos este facto, com a sua apresentação física na Casa da Escrita, Coimbra, em data a combinar.

Athena existe sem subsídios e é totalmente independente. As velas brilham e o ar está puro.

PS – Nesta cidade, o Fantasporto/2018 celebra Klimt, no Teatro Municipal Rivoli-Porto, no dia 25 domingo, pelas 17 h deste Fevereiro que escoa rápido, com a apresentação do livro “Excitações Klimtorianas”, cujo autor é Danyel Guerra, igualmente Director desta Revista. Este é um evento de acesso e entrada livres.

Júlia Moura Lopes
Directora

3 comentários em “EDITORIAL – No Tempo do Faz de Conta – por Júlia Moura Lopes”

  1. Obrigado, mais uma vez. É sempre uma honra publicar na Athena. Parabéns pelo editorial.

  2. Muito obrigada, Libânia!

  3. Libania Monteiro diz:

    Parabéns Julia pelo editorial.

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