“Com toda a lama, com
toda a trama, afinal, a gente vai levando essa chama”.
Chico Buarque
Neste Maio único e tardio, Francisco Buarque de Hollanda, poeta-músico tão nosso, cronista dramaturgo da “Ópera do Malandro”, romancista e ainda actor, homem lindo, que tão bem exterioriza o eu feminino, foi distinguido com o Prémio Camões”, o maior troféu literário da nossa língua.
Está reacendida a questão iniciada com o Nobel a Bob Dylan, sobre o conceito canónico de Poesia. Como se pode pretender que a poesia escrita seja superior à cantada, quando sabemos que a mesma teve inicio exactamente na tradição trovadoresca?
*Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno
Além desta polémica, o Prémio Camões 2019 vê-se no epicentro de outra polémica bem mais feia. Os simpatizantes de Bolsonaro acusam a escolha de Chico Buarque, denunciando ver nela uma mensagem implícita de conotação política. Continuar a ler “EDITORIAL POR JÚLIA MOURA LOPES – “Afastem de mim esse cálice””
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