O fingimento de Pessoa «O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente.» Com esta frase, começou a conversa de uma pessoa que deu entrada no serviço de urgência de psiquiatria. Não deu, na verdade. Mas podia bem ter dado. Acontece que essa pessoa imaginária vinha com esta frase no seu pensamento, totalmente descontextualizada, desconhecendo o passado do poeta que a escreveu, as suas circunstâncias sociais e psicológicas. Não é motivo para vergonha. Todo o pensador se confronta com o problema da descontextualização. É dela que emana o seu pensamento paranóide, totalmente desenfreado, pronto para satisfazer os mais profundos desejos do narcisismo. Continuar a ler “O FINGIMENTO DE PESSOA – por João Esteves”
QUANDO A MADRUGADA JÁ NÃO EXISTE: SOBRE A PÓS-VERDADE por João Esteves
Ruído incomodativo às 3h30 da manhã: um vizinho põe a música num volume acima do permitido. Por enquanto, eu sei! Nas assembleias das democracias, sobre as quais me dizem ser o lugar cada vez mais antiquado, face aos desígnios do mundo de hoje – afinal as leis provêm de maiorias que nem sempre defendem o interesse da maior parte dos cidadãos – tem-se vindo a discutir, face ao aumento do turismo, a possibilidade de se alterarem as horas a partir das quais não se pode fazer ruído excessivo. Por outras palavras, tem-se vindo a discutir a possibilidade de “não haver horas para dormir”, favorecendo a ideia do mundo globalizado: a noite é todo o dia, faz Sol todo o ano. Continuar a ler “QUANDO A MADRUGADA JÁ NÃO EXISTE: SOBRE A PÓS-VERDADE por João Esteves”
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