ESCRITA EM PAPEL E LÁGRIMAS – por Fellipe Cosme

Fotografia ©GoodFon.com

escrita em papel e lágrima
num pedaço de amor
jogado no lixo

tanto faz o lixo
que desatina
dói e agoniza

sim e não
a porta aberta
e ninguém entrou

uma escada flutuante
do avesso de um poema
que se rasga dentro de si.

beijo sonoro de um eu
funda o esvaziamento retorcido

centro da cicatriz
que o corpo carrega do século
caixa quadrado sem voz

relação disforme e a explosão
de luz e som e o sentir
em roma, atenas e moscou

lidos rios fracassam verde
frio o verso parafraseando
a inquietude de uma face. Continuar a ler “ESCRITA EM PAPEL E LÁGRIMAS – por Fellipe Cosme”

AO LONGE UM BARCO COM UMA FLOR – “AMÉLIA” – por Fellipe Cosme

Voz: Júlia Moura Lopes

Amélia

(A Amélia Pinto Pais*)

um novo livro olha para trás
para chamar o outro livro do passado
a viver com novas metáforas
desimportantes Continuar a ler “AO LONGE UM BARCO COM UMA FLOR – “AMÉLIA” – por Fellipe Cosme”

ESPELHOS de Fellipe Lee

“A Reprodução Proibida” ou “O Retrato de Edward James” – 1937, de René Magritte
Ao piano




ela pôs o vestido vermelho, enquanto
ele finge não ver.

vê o jornal, as notícias, as mesmas.

ela tenta sentir a nota musical, 
que teme tocar
pela janela alguém os vê ausentes, 
iriam sair para uma longa janta, 
mas estão ali, 
sem se olhar.

a luz acesa ainda, 
não desligaram.

para deixar a casa, 
a noite gelada lá fora os espera, 
mas eles ficam imóveis, na casa.

ela senta ao piano, 
mas a nota não ecoa.

nada pode atrapalhar 
o silêncio que reina 
entre dois ausentes.

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