VINTE ANOS DA NONA GERAÇÃO NO BRASIL- Prólogo e Tradução de Floriano Martins

Prólogo e Tradução de Floriano Martins NOTAS DE ACCESO (uma galeria marginal de tipos) Quantos personagens pontuam nossa existência com a lucidez fantasiosa de suas influências? Quantas vezes nos sentimos como protagonistas da mais absurda ficção?  Creio que mais nos identificamos com a irrealidade suposta do ficcional do que propriamente nos reconhecemos em um ou …

EDITORIAL- por Floriano Martins

Este é o número 6 de Athena e com ele a revista encerra um ano de conquistas em sua agenda editorial, surgida em maio de 2017 com uma edição zero. Desde então trimestralmente vem cumprindo com valioso propósito, de trazer para a mesa virtual de leitura conhecimento e criatividade. Em seu primeiro editorial lemos que …

DOSSIÊ A CARGO DE FLORIANO MARTINS – “Surrealismo a palavra mágica do século XX”

Surrealismo é a palavra mágica do século. César Moro Ao começar a preparar este dossiê me veio à tona uma indagação que não quero deixar por menos: como seguir uma ortodoxia que postula a liberdade total? Em conversa com Zuca Sardan, ele me diz: A liberdade total é não tentares impor tuas ideias na cabeça …

3 POEMAS por Floriano Martins & Beatriz Bajo

HOMENAGEM AO ABISMO Quando abrimos a caixa esquecida atrás do sofá havia uma deriva dentro dela. Um termo sem fim que há muito não se ouvia. Um clima seco que evitava nossos corpos.

A PALAVRA EM SEU DESERTO – por Tito Leite

Seis poemas do livro A PALAVRA EM SEU DESERTO O OUTRO Eu canto a ovelha e o lobo, a serpente que engole a própria cauda e o fim sábio do poeta tolo. Eu canto o limo e o mar aberto, a madrugada dos poetas e o tiro seco dos filósofos.

POEMAS – de Tito Leite

FRESTA Moro num deserto situado na palavra. São tantos nomes no remanso de uma tarde e eu vi uma borboleta na sombra de uma granada. Grafei que o significante de uma nuvem é o seu presságio e depois da chuva um poema fecunda a sangria dos sábios. Bati nos ombros de uma montanha e acenei: …

TRÊS POEMAS DE Tito Leite

URGÊNCIA Procuro uma palavra sobre a matéria pueril dessas tardes. Uma palavra escondida em alguma boca seca de detalhes. Falta mãos para colher as flores de março e o mormaço dos dias atuais espanta todas as borboletas.

TEXTOS POÉTICOS DE Claudia Vila Molina

  ©Júlia Moura Lopes- rio de mel Memorias de luz 1 Ilumino el tiempo parten trenes hacia el país del ensueño 2 Rostros avanzan por la muralla tanta similitud en nuestros roces que estallamos en un minuto y agonizamos

Jannowitzbrücke – por Viviane Santana Paulo

começo com este nada de hoje vibrando mediocridade  latente e late pulsando o sangue gelado e cinza   das coisas cansativas que me cingem        quase dípteros reverberantes   as folhas das árvores nas calçadas estão manchadas de fungo passo indiferente como sempre faço a indiferença é uma estratégia   escudo e arma   às vezes asfixia  pode-se matar ou …

Editorial por David Paiva Fernandes

Na viragem do séc. XIX, o grande polímato francês Henri Poincaré inventou a topologia algébrica. Este ramo da matemática adiciona aos, à época estabelecidos, conceitos de compacidade, conexidade e separabilidade da topologia geral os de homotopia e homologia, matéria que apresentou no seu livro de 1895 “Analysis Situs” [1] que se pode traduzir como análise …

VALENTINE PENROSE – FRANÇA (1898-1978)

Valentine Penrose (1898-1978) alcançou imenso reconhecimento graças a uma narrativa impactante dedicada à vida de Elizabeth Bathory, a condessa húngara do século XVI que se mantivera sempre jovem graças a seus banhos com sangue de virgens capturadas e mantidas no calabouço de seu castelo. A narrativa, saudada por Georges Bataille, inspirou vários filmes. Valentine escreveu …

KANSUKE YAMAMOTO – JAPÃO – (1914-1987)

Para melhor situar a presença do Surrealismo no Japão cabe referir a chamada era Taisho, que ocupa o período 1912-1926, logo após uma repressiva era Meiji que lhe antecede.  Taisho abre espaço para uma expansão experimental tanto na política quanto nas artes. Um de seus resultados mais expressivos é o surgimento do Surrealismo no Japão.

MAYA DEREN – UCRÂNIA – (1917-1961)

Maya Deren (1917-1961) não publicou livros de poesia. Seus poemas se encontram em algumas edições póstumas e no arquivo aberto em seu nome no Howard Gotlieb Archival – Centro de Pesquisa da Universidade de Boston, Estados Unidos. O acervo se encontra inconcluso, desde a morte do curador Robert Steele.

CRUZEIRO SEIXAS – PORTUGAL – (1920)

O português Cruzeiro Seixas (1920) criou uma obra que transita com mágica afinidade entre a poesia e a plástica. Identificado desde a juventude com os postulados do Surrealismo, em 1949 participa da Primeira Exposição dos Surrealistas, em Lisboa, grupo recém-formado e que integra juntamente com António Maria Lisboa, Mário Cesariny, Mário-Henrique Leiria, dentre outros. Logo …

LUDWIG ZELLER – CHILE – (1927)

Nascido em pleno deserto do Atacama, o chileno Ludwig Zeller (1927) atravessa o continente com extraordinário vigor existencial a deixar traços fundamentais por onde passa. Ainda no Chile, funda a Casa de la Luna, lugar de encontro e produção artística; no Canadá cria a Oasis Publications, destacada casa editorial com seu expressivo catálogo surrealista; no …

ISABEL MEYRELLES – PORTUGAL – (1929)

Logo na adolescência Isabel Meyrelles (1929) conhece em Lisboa os poetas Mário Cesariny (1923-2006) e Cruzeiro Seixas (1920), e presencia a formação de dois momentos cruciais do Surrealismo em Portugal, primeiramente o Grupo Surrealista Português, logo desfeito substituído por outro grupo, os Surrealistas. O ambiente político em Portugal acabou levando Isabel a se mudar para …