POEMAS DE Valda Fogaça

GESTOS DE CONSCIÊNCIA

Julgas que sou par de asas
Impedidas,  cortadas…
Sem bandeiras nem casas,
Fragatas ancoradas?

Sedutora, carente,
Sensual, feminina,
Paixão fogo ardente,
Eis a mulher felina!

Nos mares vejo adentrar
Saltitando nas ondas
Grande barco  afundar,
A explosão estronda.

Lua, sol vestes do tempo.
Como quem troca às vestes
Num penoso lamento,
Dia, noite, astros celestes.

Despindo do sol, da lua
Envelhece o tempo,
Dia a dia, a angustia sua
É a canção do vento.

As vidas se repetem
Trocando de existências
Peitos arfam, padecem,
Gestos de consciências.

♣♣♣

ALAMEDAS TRISTONHAS

Ah essas RUAS! Outrora entupidas de gente, O ar que por elas, hoje, circula beneficia: Baratas e pombos somente… Um tal COVID espalha terror, e ninguém está a salvo, Estão todos, trancafiados em seus lares, padecentes. Lembras-te oh Alamedas risonhas… E, hoje as vejo solitárias tristonhas. Olha! Vejo uma ratazana, fugindo do horror do COVID! Ela sumiu, como toda gente. Fique aí, Contemplando seus fantasmas, enquanto Esperas por uma dose milagrosa! Eu? Ah! Fico aqui te olhando da janela…

♣♣♣

A ARTE O FIO QUE LIGA OS CINCO CONTINENTES

A POESIA é o fio de ouro que liga de um poeta
Ao outro e de um continente ao outro e esta ligação
Tem atravessado o tempo numa perspectiva de
Eternidade se não por algo parecido.

O que me agrada é esta certeza de que estamos entrelaçados
Por esse fio que é do metal mais nobre e não por um
Insignificante fio de náilon. Olho para os cinco continentes e vejo
Esperança no olhar de uns e de outros derramar-se em pranto.

E a paz na casa de uns tantos? Ah! É como meus versos
Despidos de métricas e rimas. E se não fosse a arte
Esse fio de ouro que liga de um continente ao outro?
O que disseram os Profetas e ou os Reis de outras datas
Que estenderam seu olhar aos cinco continentes?

Aos seus ouvidos chegavam clamores  de uns tantos
E júbilos de uns poucos. Ainda bem que a Poesia liga
Um poeta ao outro e um continente ao outro!

Levantes oh pequeno caído e digas  quem és tu!
Afaga-lhe o peito a ufania do nada e quem a ti traz a Salvação?
És tu que estás chorando oh continentes infelizes!
Mas o poeta também chora ao olhar a tua desgraça.

Vi meus avós meus pais falarem sobre:
Tempos bons virão! A paz reina nos sonhos de todos.
Acabou que não vi o tempo passar nem os cinco
Continentes viram. Entretanto as luas são incontáveis.

Aqui estou viva. E minha alegria não se descreve
Com a alegria das borboletas da minha idade.
É essa ligação entre os poetas dos cinco continentes
Que tem atravessado o tempo numa perspectiva de eternidade…

É consoladora  apesar dos conflitos esta certeza de que
Estamos entrelaçados…
É porque nos versos do poeta leia-se a liberdade
A do bater de asas da borboleta recém-saída do casulo.

Nos dias atuais o que reina é o imediatismo frenético.
Raros os que a tentam-se ao mundo em sua volta
Não é de se admirar que sejam muitos os que vivem a olhar
Em direção aos próprios pés com um olhar febril
Para o deslumbre da efemeridade das imagens.

Eu como poeta que sou procuro olhar além do papel
Sobre a minha escrivaninha por essa razão ouso
Atravessar fronteiras para levar o meu pensamento
Que de certo modo é coletivo.

Quando ouso atravessar fronteiras deixo de ser apenas
Um poeta assumo o papel de uma nação que através da
Poesia leva aonde for a sua cultura  certa de que serei
Recepcionada com festividade e que trarei na bagagem
Outras tantas lições culturais para agregarem à minha.

♦♦♦

Valda Fogaça é Poeta, trovadora, cordelista, cronista, romancista e compositora. Estudou Filosofia, Letras e História. Vive em Brasília/DF Brasil.  É colunista do Site Internacional O Segredo e da Revista Sttato. Escreve para três portais: UOL Pensador, Recanto das letras, LinkedIn e para três bloggers. É membro da Associação Nacional de Escritores (ANE). É membro do movimento internacional de Poetas Del Mundo, membro correspondente da Academia Capixaba de Letras e Arte de Poetas e Trovadores, ACLPTCTC.   Instagram: valdafogacaescritora.