EDITORIAL – O Conhecimento Digital – por Angela Pieruccini

Vive-se um novo renascimento. A explosão da consciência, a mudança da cognição, que abre caminho para o fim da gestão piramidal. Tudo explode, e sai-se de um raciocínio linear, que parte de um ponto para chegar a outro, para a rede.

Novas atitudes e novos conceitos estão presentes e intrínsecos como padrões normais em uma vida corriqueira e repleta de informações. A Internet mudou a vida das pessoas. Novas terminologias foram incorporadas ao vocabulário. Houve uma revolução na comunicação e uma grande transformação na informação, alterando radicalmente os paradigmas do conhecimento.

Contudo, toda revolução tem suas consequências. A era digital trouxe como principal consequência para a humanidade o dinamismo, a agilidade e a rapidez na propagação da informação. Tal era digital difundiu uma nova forma de comunicar-se, de levar conhecimento a inúmeros pontos antes nunca mensurados ou conhecidos. Representa a agilidade em transmitir uma informação em tempo real a qualquer instante em qualquer ponto do globo terrestre. E estar sintonizado, é saber filtrar essa informação e utilizá-la de forma coerente nos mais variados âmbitos da vida diária e corporativa. Em qualquer ponto da rede é possível absorver algum conteúdo. Mas todo cuidado é pouco. A filtragem tornou-se importante ferramenta para o conhecimento real.

Assim, busca-se a comunicação mais interativa, mais global, de acesso a mais informação e, sobretudo, uma comunicação direta entre as pessoas em nível mundial. Tudo isso em meio à complexidade de realidades distintas, dentro mesmo de cada nação, em suas divisões regionais, estaduais municipais e distritais, entre outras.

Logo, o conhecimento e a informação passam a ser produtos, cuja validade é breve e incerta, pois fogem dos parâmetros e previsões capazes de definir com precisão sua durabilidade e, com isso, passam a depender das novas necessidades, das novas descobertas científicas e tecnológicas da sociedade em que se encontram.

Na era digital há um diálogo entre informação e conhecimento, um ir e vir, um trânsito que passa pelo simples dado bruto – representação de fatos, textos, gráficos, sinais, etc. – e que se transforma em informação, quando processado para utilização.

Somente depois de analisada e avaliada em sua relevância e confiabilidade, a informação é, ou não, apropriada pela experiência do sujeito ou grupo, momento em que se pode falar de conhecimento. Ocorre o aprendizado quando o conhecimento se modifica a partir da interação com o ambiente digital. E aí acontece o surgimento de um novo tipo de sociedade: a Sociedade em Redes, também chamada Sociedade Digital. Essa sociedade tem seu significado atrelado à velocidade, à simultaneidade, ao tempo e ao espaço.

O ciberespaço possibilita a constituição da noosfera, um locus virtual de convergência das ideias, da percepção e da memória. São então construídas as bibliotecas sem parede para os livros sem páginas onde o conhecimento fica alojado.

O ciberespaço abre campos de conhecimentos totalmente novos, novas formas de acesso à informação por meio da livre navegação e da livre associação.

Conforme Nonaka, em uma economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva. A velocidade digital permite o surgimento de empresas “’criadoras de conhecimentos”, cujo negócio exclusivo é a inovação. Nelas, o principal meio de produção e troca, ou seja, de relação econômico social, é o conhecimento, a criatividade e o talento intelectuais. E assim, as informações e os conhecimentos passam a constar entre os bens econômicos primordiais. Logo, o saber, como tal, aparece como valor e bem econômico, determinando a hierarquia e a forma das organizações e das instituições da sociedade. Em outras palavras, o saber e a informação passam a ser a moeda forte, o “capital primeiro”.

O conhecimento digital implica em “aprender o tempo todo”, aprender a ensinar e ensinar a aprender. Trata-se das habilidades que envolvem o pesquisar, o criar, o transmitir conhecimentos. E isso em uma velocidade espantosa.

Ângela Pieruccini