Tempo de tigre
No início da manhã, um tigre espreita meu quintal.
Ignoro sua intenção, embora o olhar carente
insinue que está à caça de amizade.
Acontece que não converso com animais selvagens.
Atrás da janela cerrada, contemplo o balé do felino
que, andando de lá pra cá, pisoteia meu gramado.
No meio da tarde, insiste em passear por ali o animal.
Imagino que já devorou tudo que encontrou pela frente.
Não posso assegurar que essa seja a verdade,
mas, sem dúvida, antes minhas crenças do que miragens.
Todos sabem: não se brinca com bicho de instinto assassino.
Entregar-se à toa à morte seria pecado.
No fim da noite, além de um vulto, nenhum outro sinal
da fera que ao meu redor se fez presente.
Não tive medo, posso afirmar despido de vaidade.
E, apesar do tigre, despontam intactas as paisagens
que adornam a província. Chegou a hora de entoar o hino,
fortificar o muro, reforçar a porta e o cadeado.
♦♦♦ Continuar a ler ““TEMPO DE TIGRE” E OUTROS POEMAS – por Felipe Duarte de Paula”
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